Lu Haddad, médica e triatleta: muito esporte pode fazer mal?

Cirurgiã Luciana Haddad fala dos perigos do exercício em excesso, médicos influenciadores, banho de gelo e mais

por Redação em

A médica pós-doutora e livre-docente da Universidade de São Paulo (USP), Luciana Haddad, tem consolidado sua presença nas redes sociais desde que começou a compartilhar sua rotina na linha de frente do combate à Covid-19, em 2020. Segundo ela, essa posição desempenha um papel de grande importância. "Aqueles que são referência devem ocupar esse espaço. Se eu deixar de abordar temas como transplante de fígado, alguém sem acesso a informações de qualidade pode ocupar meu lugar."

Em seu perfil no Instagram e no canal FalaLu!, no YouTube, ela compartilha conhecimentos sobre saúde e esportes. Essa expertise não provém apenas de sua dedicação aos estudos, mas também de sua experiência como triatleta ao completar mais de 10 provas de Ironman, evento que combina natação, ciclismo e corrida.

Em uma conversa com o Trip FM, a Dr.ᵃ Lu abordou os riscos associados ao treinamento excessivo, a tendência dos banhos de gelo, a disseminação de médicos influenciadores e outros tópicos relevantes. A entrevista está disponível aqui no site da Trip e no Spotify.

Luciana Haddad - Crédito: Arquivo pessoal

Trip. A atividade física é sempre benéfica? Existem estudos que apontam problemas no exercício exagerado. 

No extremo, a atividade física deixa de ser benéfica. Quando a gente pensa em saúde e atividade física, a quantidade de exercício deve ser muito menor do que a de um treino de Ironman, ou de atletas profissionais, por exemplo. Meus conselhos seriam: atividade física é sempre melhor do que nada, e atividade em excesso precisa de orientação e acompanhamento de um profissional. E para qualquer um que vai começar, é preciso fazer no mínimo uma avaliação médica antes. Feita essa etapa, o que é saudável, segundo mostram alguns estudos, são cerca de cinco, sete horas por semana. Isso já garante maior longevidade porque você consegue intercalar treino de força e aeróbico. Agora, 20 horas por semana precisa de um acompanhamento de perto.

E qual a sua opinião sobre os médicos influenciadores?

Cada vez está mais a medicina está se disseminando, apesar de não ser ainda tão democrática. São muitas pessoas formadas para poucas vagas de residência. Toda essa massa precisa ganhar dinheiro com opções limitadas, muitas vezes trabalhando em estruturas precárias. Então ela vê a oportunidade de entrar nas redes. É um caminho tentador.  Você vê nas mídias sociais hoje, por exemplo, muitos fazendo propaganda de soroterapia, algo que não tem justificativa. São pessoas mal formadas, sem oportunidade. Talvez nós que somos uma referência tenhamos que ocupar esse espaço. Se eu não falar sobre transplante de fígado, pode ser que alguém que não tenha informação de qualidade ocupe esse lugar.

 

Créditos

Imagem principal: Arquivo pessoal

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