Xô, lamina!
Ativistas propõem um mês sem depilar as axilas para debater o empoderamento feminino
Ficar um mês inteiro sem depilar as axilas: desleixo, falta de higiene ou empoderamento? Foi para repensar essas questões que o coletivo Armpits4august [Axilas para agosto] se reuniu no ano passado e propôs justamente o que o nome sugere: passar agosto sem tirar os pelos dessa região do corpo. “Acreditamos que a vergonha que muitos sentem do corpo é consequência de uma sociedade que regula, controla e dita que corpos femininos devem se conformar com padrões de beleza inacreditavelmente estreitos que sustentam uma lógica binária de gêneros que atribui ao corpo com pelos uma imagem masculinizada”, afirma o grupo no site oficial. Para eles, tais padrões distorcem a ideia do que é natural, conceito por si só difícil de aplicar quando o assunto é a individualidade de cada corpo.
A intenção, defendem as meninas, não é obrigar ninguém a adotar o padrão de beleza ao natural no lugar do depilado. Pelo contrário: “Reconhecemos que as atitudes em relação ao corpo variam de cultura para cultura. Porém, realmente pensamos que experimentar deixar [os pelos] crescer um pouquinho pode ser divertido e uma decisão de empoderamento para muitas de nós.”
Além de provocar o debate a respeito da questão de gêneros, o Armpits4august tem outro objetivo claro: arrecadar fundos para um programa de assistência a mulheres que desenvolveram Síndrome dos ovários policísticos (que afeta, em média, 10% de nós), em Londres. Um dos sintomas mais comuns da disfunção é o crescimento excessivo de pelos no corpo, o que acaba gerando desconforto nas pacientes – deixar crescer os pelos, de acordo com o grupo, é uma maneira de “incentivar [as pacientes] a ter orgulho do próprio corpo, não vergonha”. O convite para debater a questão nas redes sociais está aberto, “menos para quem vier nos dizer que nós, pós-adolescentes com pelos (não importa quantos), somos nojentas, anti-higiênicas, ‘não naturais’ etc. Também não aceitaremos nenhuma forma de misoginia, sexismo, racismo, homofobia ou qualquer retórica anti-feminismo”.
Vai lá: www.armpits4august.org // www.facebook.com/armpits4august