Nadia Megonn

Uma das únicas capitãs de
veleiro oceânico do mundo,
ela está sempre esperando
a próxima travessia

Por: Milly Lacombe
Imagens: Autumn Sonnichsen/ Trip
Aos 18 anos, ao deixar São
Paulo para trás para viver
em Ilhabela, ela não sabia
que seria para sempre, muito
menos que viveria pelo mundo
de porto em porto
Mais de três décadas depois,
Nadia Megonn é uma das únicas
capitãs de veleiro oceânico
do mundo. “Sou uma skipper”,
diz. Na tradução, a mais
alta patente de um barco
Nos primeiros anos vivendo na
ilha, aprendeu tudo a respeito
da arte de velejar e começou a
competir ferozmente – foi duas
vezes vice-campeã paulista
e venceu dezenas de regatas
Quando decidiu voltar
a São Paulo para retomar os
estudos, soube de um velejador
que estava procurando jovens
que topassem ir a Salvador
com ele. Queria companhia
para os filhos
foi um aprendizado.
No começo da década
de 80, navegar era
roots”, conta.

“Não havia GPS,
era cálculo. Tínhamos
que jogar um pesinho
no mar para medir a
distância da costa” 
Voltou de Salvador com a
certeza do que queria da vida.
Se formou em educação física
e partiu para Ilhabela viver
entre a praia e o alto mar
1995
Depois de dar luz à sua filha,
Ananda, começou a trabalhar
na BL3, a escola de vela de
Paulo Rodrigues, o Pera,
um grande amigo
Seguiram-se viagens pelos
mares para competir em
regatas: Fernando de Noronha,
Rio de Janeiro, Nordeste, além
das aulas que começou a dar de
wind e de veleiros pequenos
1996
Logo depois de entrar para
a BL3, comprou um veleiro de
28 pés com Pera, que foi o
primeiro veleiro de oceano
a ser usado para aulas no
Brasil. “Pera foi meu
grande mestre”, diz
Com o crescimento econômico
no Brasil, veleiros maiores
aportaram no Iate Clube de
Ilhabela e Nadia passou a
ser solicitada para levar
e buscar barcos pelo mundo.
Pintava um novo ramo
Era alguém que
precisava que o barco
fosse levado ao Caribe
para as férias, outro
cujo barco havia ficado
pronto na França e
precisava ser trazido
para a ilha..., diz
1999
A primeira travessia foi
a mais complicada. Com dois
marinheiros, Nadia teve que
levar um catamarã de 54 pés
(207 metros quadrados só de
velas) para Portugal
Foram 40 dias
molhados e gelados,
sem ver o céu. Aprendi
a respeitar o meio,
encostar e esperar
passar, conta
Logo, teve que optar entre
as aulas na BL3 e as
travessias. Escolheu as
navegações mais longas
É uma enorme
responsabilidade
trazer um barco da
Europa para cá que
pode chegar a custar
3 milhões de euros.

Tem que chegar
intacto na mão do proprietário, diz
Tendo sido skipper do maior
veleiro da América do Sul,
a Atrevida, de 110 pés (33
metros), tem experiência
de sobra, inclusive mecânica.
“No meio do oceano, quebrou,
tenho que arrumar”
Mulheres skippers
ela só conhece
duas, além dela.


Não tenho essa coisa
do macho de se provar
para outros machos.
Aprendi que a linha
entre a coragem e a
irresponsabilidade
é muito fina, diz
Renomada no Brasil
e no exterior, Nadia está
sempre entre a terra e o mar,
esperando a próxima travessia

é outra
conversa.

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