Wanessa Camargo

Da rivalidade com Sandy à luta para ficar pop: quem é, afinal, a filha de Zezé e neta de Francisco?

por Carol Sganzerla em

Ela é filha de Zezé, neta de Francisco e integrante de uma família que o Brasil aprendeu a admirar. Wanessa cresceu sob os olhos do público, rivalizou com Sandy, viu a vida seguida por paparazzi e casou com o homem que se tornou seu empresário. Hoje, completa dez anos de carreira migrando do pop rock adolescente para a black music – atrás do público adulto. Quem, afinal, é essa garota que, muitas vezes, parece sem identidade?

Parece que Wanessa está completando muito mais do que dez anos de carreira. A mulher que hoje soma 27 anos já foi a menina de 9 que viu o pai, Zezé Di Camargo, e o tio Luciano estourarem com a declaração “É o Amor”, cantada aos quatro ventos pelo Brasil. Que cresceu sob os olhos do público e o sucesso da dupla sertaneja, e viu a trajetória da família encenada em Dois Filhos de Francisco (2005), longa que narra a saga dos Camargo, de Goiânia a São Paulo. Que lançou discos e fez fãs a partir dos 18 anos, quando se lançou cantora, sendo encarada como um contraponto de sua “rival” Sandy – apesar de Wanessa garantir que nunca houve essa rivalidade. Que foi exaustivamente exposta na mídia, mudou a cor do cabelo um sem-número de vezes, trocou de namorado tantas outras em escalação que foi de Erik Marmo a Dado Dolabella.

A menina cresceu

Apesar de toda a exposição que Wanessa enfrentou nesses dez anos, nunca ficou muito claro para nós, aqui do lado de fora, quem realmente é essa garota. O que seus 50 quilos distribuídos em 1,59 de altura querem vender ao mundo? Em quatro horas de entrevista à Tpm, ela lembrou das vezes em que teve que calar suas próprias vontades e opiniões e obedecer as decisões dos executivos da gravadora, dos empresários, dos diretores artísticos. Falou sobre pagar jabá para tocar no rádio – “algumas vezes, oferecemos [dinheiro] para tocar e nem assim tinha jeito. Podia dar R$ 100 mil, R$ 200 mil, R$ 1 milhão que não tocavam”. Falou também sobre sexo, drogas e música. E tentou explicar a que veio, ao mesmo tempo em que tentava se entender.

A conversa com a cantora aconteceu em um camarote do clube Royal, do capixaba Marcus Buaiz, 30 anos, seu marido. Sócio da agência de comunicação e eventos RIP (Real Important Person), é ele quem assina a direção artística do CD mais recente da mulher e quem a empresaria hoje (antes, quem conduzia a carreira de Wanessa era a mãe dela, Zilú Camargo). No campo profissional, a parceria já rendeu um álbum, Meu Momento, lançado no ano passado, e o redirecionamento artístico da cantora, que migrou do seu costumeiro pop rock teen para uma black music à la Beyoncé. Mirando o público adulto, incluiu aí um dueto com o rapper norte-americano Ja Roule, cantado em inglês. É um amadurecimento à sua moda, tentando lembrar que “a menina cresceu”. Tudo ideia de Buaiz. “Fico na parte de criação da música, da imagem, de moda, enquanto o marketing e a estratégia são mérito dele. Eu não entendo bulhufas.” Entenda, então, a Wanessa.
Tpm. Uma cantora pop costuma ser 50% música e 50% comportamento. Você é uma cantora pop. Sabe dizer que tipo de atitude você vende?
Wanessa Camargo. Não.

Será que muita gente compra sua música por causa da sua roupa, do seu cabelo, das coisas que diz? Ou porque não faz o gênero “a boazinha”?
Não sei até que ponto isso influi na venda de uma música. É difícil dizer que comportamento vendo porque não sou uma coisa só. Sou muitas. Estaria me rotulando, né? É. Mas tem consciência do que transmite? Não. Sou eu. É mais fácil falar de fora. Sei, por exemplo, o que compro da Lady Gaga, da Madonna.

O que compra delas?
Da Lady Gaga é a ousadia. Da Madonna é a inteligência. E o espírito de guerreira. Dizer o que passo para o outro é muito mais difícil.

Dá pra dizer que você foi vendida como o contraponto da Sandy, que representa a menina certinha. Faz sentido?
Tem esse contraponto, mas não é só isso. Ainda me acho um enigma, busco a evolução o tempo inteiro.

As comparações com Sandy te complicaram a vida?
Não. É mais um assunto, não que tenha me prejudicado. É chato você ver os fãs brigando.

É um assunto de que não aguenta mais falar?
Não. É um assunto que não existe. Existe a rivalidade para as pessoas. Para mim não existe.

Vocês não são amigas?
A gente não é amiga nem inimiga. Éramos boas concorrentes. Hoje o foco dela musicalmente é outro.

É o tal do contraponto.
É. Ela é muito diferente de mim. As pessoas não precisam escolher quem é melhor. Tem gosto para todo mundo. Tem gente que acha que a Sandy canta mil vezes melhor. E OK! Não precisa colocar uma como primeira.

De todo modo, é importante para sua carreira que isso exista?
No começo, me irritava. Queria provar que era diferente. Com 18 anos, você não quer que pensem que está tentando imitar ninguém. Mas não me incomodo mais se há rivalidade ou não. Desde que cada uma respeite o trabalho da outra.

A beleza também faz parte dessa imagem que se compra e se vende. Se você fosse uma menina feia faria o mesmo sucesso?
Não me acho uma menina bonita, me acho uma menina normal.

Mas, se fosse feia, acha que seria tudo igual?
Depende. Tem cantoras que estão estouradésimas e funcionam com aquela imagem meio freak. Não precisa ser linda nem ter o corpo da Beyoncé. Você pode ser sensual, ter outras formas de mostrar sua beleza.

Você se acha sensual?
Quando quero ser, acho que consigo. Mas sou muito moleca às vezes, então quando quero ser sexy tenho que vestir um personagem.

A sensualidade é importante no canto?
É. Mas o mais importante é quando você sente que está cantando. Não é só a sensualidade, mas a entrega em cada palavra. Muitas vezes eu cantava, mas, às vezes, você está pensando no frango que comeu ontem.

Já aconteceu isso com você?
Já. Era normal. Hoje vejo como um erro gravíssimo. Você está fazendo o show há dez dias e não existe mais a entrega. E aprendi que é isso. Quando você está cantando, essa sensualidade, essa entrega, é essencial. E a resposta do público é outra. É impressionante como muda.

Quando descobriu que estava cantando no piloto automático?
Eu não entendia a responsabilidade que tinha no palco. Isso veio de três anos pra cá, principalmente quando tive que tirar o balé do palco. A gente resolveu fazer um show de banda, dar mais destaque para a música ao vivo para mostrar que eu estava cantando ali. Porque o balé, a coisa ensaiada, se torna uma bengala.

Muleta?
É. Porque você não precisa ficar chamando o público para cantar junto. Na hora em que o balé acabou eu não sabia o que fazer. Então fui descobrindo novas formas de interpretar e vi como era gostosa essa entrega.

Nesses dez anos de carreira, fez muita coisa sem estar entregue?
Sim. Era muito nova. Quanto mais você vai se entregando, mais toma seu trabalho para si. Então, de um tempo pra cá é que realmente a minha carreira é parte de mim.

De quanto tempo?
Cinco anos. Claro que tem muita coisa desses anos que me fez melhorar como artista. Mas, ao mesmo tempo, é tudo muito novo. Ainda mais neste momento em que estou tentando seguir um outro caminho. É um recomeço.

Agora sabe o que quer fazer?
Nunca deixei de estar feliz com meu trabalho. Mas queria fazer outras coisas e estava sendo tolhida disso. Não que tenha me encontrado, mas encontrei a liberdade que não tinha.

Quem te tolhia?
A gravadora? Não. O mercado todo. As rádios pop não tinham interesse em me ouvir.

Achavam você popular demais?
É. Foi muito difícil quebrar essa barreira. A gravadora [ex-BMG, agora Sony] que está comigo há oito anos foi vendo minha evolução, mas também não tinha certeza se devia acreditar nas minhas escolhas. Tive que ser muito enfática para mostrar que queria fazer esse trabalho independentemente do resultado. Preciso ter tesão naquilo que estou cantando. E não estava mais sentindo isso. Como ia continuar com esse trabalho?

Por que o tesão foi sumindo?
Quando tinha 18 anos, fazia sentido cantar “O Amor não Deixa”, “Apaixonada por Você”. Mas, com o tempo, não tinha como continuar naquele caminho. Mas ninguém acreditava no que dizia.

Então, conta: o que a Wanessa Camargo gosta de cantar?
É difícil explicar. Sou muito mutante. É essa variação da vida que me interessa. Isso reflete no cabelo, na roupa, nos amigos de diferentes tribos. E na música. Busco fazer as coisas que tenham a ver comigo naquele momento, sem querer agradar um geral. Minha identidade é esta: ter tesão naquilo que canto. Independentemente de estilo musical.

Isso cria a impressão, para quem vê de fora, de uma falta de identidade musical.
Não vejo isso como um problema. Por que as pessoas acham que tenho que seguir uma coisa até o fim? Não sou assim. Quero ser o que esteja vivendo no momento. Não sou do tipo de não fazer porque não é a minha linha. A intenção é fazer uma música mais livre.

Essas mudanças têm a ver com o casamento e o fato de o seu marido ter se tornado seu empresário? Não. Tem a ver com o fato de que o Marcus [Buaiz] é uma pessoa que me ajudou a enxergar como eu poderia fazer esse trabalho acontecer. Quando a gente se conheceu, eu já estava precisando fazer coisas novas. Eu não tinha mais espaço, pois a administração [da carreira] e o marketing me emperravam.

Como era isso para você?
Frustrante. As rádios populares sempre me deram apoio, mas chegou um momento em que minha música não tinha mais identificação com elas. Então, para que continuasse tocando, tive que tirar um pouco da minha personalidade. Isso te poda. Eu queria fazer uma coisa que tivesse a ver comigo. E ele [o marido] falou para eu fazer a parte criativa que ele delinearia um caminho para mostrar essa música.

Você faz sucesso popular, mas a crítica sempre torceu o nariz. Como lida com isso?
A primeira porrada que tomei veio em 2001 no prêmio Multishow, depois de seis messes de carreira. Quando ganhei revelação, só tinha eu de pop contra concorrentes de MPB, Nando Reis, Max de Castro, Pedro Camargo Mariano e não me lembro o outro... [o cantor de pagode Belo]. Achei que não ia levar aquele prêmio nunca. Mas estava estourada com a música “O Amor não Deixa”. Levei o prêmio escolhido pelo público e recebi uma vaia no Theatro Municipal.

Como reagiu?
Foi um baque. Mas eu não via a vaia. Quem vaiou não mostrou a cara. Então, de um lado tinha o Capital [Inicial] aplaudindo, minha mãe e o pessoal que eu já conhecia do meio vibrando. Não fiquei com raiva, só assustada. No microfone, disse: “Não merecia este prêmio, tenho que crescer muito para receber um prêmio desses. Mas só de estar aqui...”. Porque via Marisa [Monte], Djavan, por quem sou louca, Rita Lee, estava mais empolgada de estar ali com meus ídolos do que pensando no prêmio em si. Com o tempo enxerguei a maldade disso.

O que quer dizer com maldade?
A maldade de não respeitar. Você pode não gostar, mas foi um prêmio verdadeiro e quem elegeu foi o público. Você não precisa desrespeitar o trabalho de alguém vaiando. É pesado. É para deixar claro: “Você é uma merda”.

A autoestima ficou abalada?
Não. Não vou ficar triste porque 15 pessoas vaiaram se 20 mil votaram. Desde que comecei, sabia que viria uma avalanche de gente criticando, até pela falta de experiência. Então sempre dei a cara a bater sem saber mesmo. Eu poderia ter tido a sabedoria de ouvir o que valia a pena. E não ouvir quem critica porque se incomoda comigo de alguma forma. Mas, no começo, aquilo te pega. Algumas frases pesadas ficam no subconsciente.

Quais?
Coisas que misturam um pouco o “ela só quer copiar não sei quem” com o “só está aí porque é filha do Zezé, não tem talento”. Um jeito agressivo de falar. Eu sei quando desafinei, quando mandei mal, sei que não me entreguei [à música] em certos momentos. Se não gosta, troca de canal, de rádio. Não precisa ficar torcendo para eu cair.

Recorria a alguém quando uma crítica te fazia mal?
Não. Sempre fui muito solitária. Tinha as pessoas que trabalhavam comigo, mas não adianta ninguém te falar nada. É uma solução aqui dentro.

Você é solitária?
Gosto de momentos de solidão total. De não ouvir ninguém e de ficar conversando comigo mesma. Esse exercício de autoanálise é muito importante.

Desde pequena?
Desde pequena. A minha religião sempre foi solitária. Sempre gostei de manifestar a minha fé sozinha. Não sou de ir a cultos.

Você não tem religião?
Ainda sou uma pessoa em questionamento de muita coisa. Só sei de algumas certezas.

Que certezas?
Da fé.

Dentro disso, você já descartou alguma coisa?
As visões limitadas que algumas religiões impõem, do que é certo e errado. O mais aberto para mim é sempre o melhor. Ainda não achei uma religião que me convença 100%. Tem um pouco do espiritismo, da religião católica.

Em que momento mais precisou se agarrar a essa fé?

Quando perdi uma cartilagem e não tinha mais movimento do pé esquerdo. Não poderia mais dançar. Já não andava direito, mancava. Não tinha operação que salvaria. Aí fiz uma cirurgia espiritual e me apeguei muito na fé. Me curei. Ou melhor, me curaram, né?

E como é essa cirurgia?
É uma mãe de santo que, de alguma forma, faz essa operação espiritual.

Não corta?
Não. Ela passa uma faca, mas é uma coisa mais de oração. Fiquei um mês com o pé enfaixado, fiz o exame e estava perfeito. Foi surreal. Acredito muito porque tive uma prova concreta de um milagre. Tinha 15 anos.

Com que idade começou a dançar para precisar operar o pé aos 15?

Minha primeira aula de dança foi aos 11. Queria ser atriz de musical. Tinha a ideia de estar no palco. Não pensava em lançar um CD e ser cantora. Era louca por O Mágico de Oz, depois por Grease. Então, fui fazer teatro aos 12, aula de piano, de canto e teatro na Flórida. E, quando estava começando o ensino médio, veio a proposta da gravadora. Foi quando senti que tinha que voltar para o Brasil.

Você e sua família foram morar nos Estados Unidos depois que seu tio foi sequestrado (Wellington José de Camargo, 39, paraplégico, passou 94 dias em cativeiro entre 1998 e 99. Os sequestradores cortaram parte de sua orelha para pressionar as negociações). No que isso te abalou em questão de segurança?

Você nunca mais fica relaxada no seu país. Até hoje fico no retrovisor, tensa. Se vejo um carro atrás de mim por mais de 5 minutos, já observo. Muda, porque você vê o mal escancarado. E depois descobri pelo Jornal Nacional que o plano era para ser comigo. Fiquei em pânico.

Ainda anda com seguranças?
Desde o sequestro. Não tem como. O que vi acontecer com o meu tio é muito surreal, sabe? Então tenho muito pavor de acontecer comigo.

"É isso que estou buscando, que as pessoas me enxerguem como a Wanessa Godoi Camargo Buaiz, que tem sua própria história."

Em algum momento da vida pensou: “Putz, que peso esse Camargo na minha vida”?
Não. As pessoas põem um peso maior. Impuseram barreiras, ou não, pelo nome. Eu tenho muito orgulho. Da família do meu pai, do meu nome. Mas entendo que é necessário, às vezes, as pessoas me enxergarem como Wanessa. E é isso que estou buscando, que as pessoas me enxerguem como a Wanessa Godoi Camargo Buaiz, que tem sua própria história.

Quantos anos tinha quando seu pai estourou?

Quando “É o Amor” estourou, tinha 9. Fazia quatro anos que tinha vindo de Goiânia para São Paulo. Lembro do lugar que a gente morava, do colégio, de como nossa vida transformou rápido. Em questão financeira, principalmente. De não ter carro.

Onde moravam?
Num apartamento que tinha dois colchões. Aí fomos morar na Vila Prudente. Depois de cinco meses que “É o Amor” estourou, mudamos para a Mooca, que foi nosso primeiro apartamento. E, dali, para Alphaville e estamos lá até hoje [Wanessa continuou morando no residencial depois de casada, em uma casa diferente]. Foi quase como um conto de fadas. Quer dizer, nem tanto. Porque meu pai passou o pão que o diabo amassou para conseguir.

Essa coisa de não ter grana e depois ter muita dá uma pirada. O que aconteceu contigo?
Eu sempre fui muito feliz, então não via como um problema o não ter. Mas imagina uma criança que está morando na Disney. Era isso todos os dias.

O que chegou pra você?
Eu podia ir para o colégio de carro. Aquilo parecia uma coisa descomunal. Ter o tênis novo da Barbie. Mas dinheiro nunca me subiu à cabeça. E naquele momento não era nem o dinheiro. Como meu pai virou famoso, foi mais complicado de entender as amizades. Me irritava minhas amigas querendo ver meu pai o tempo inteiro. Com o tempo, como vem o dinheiro, vêm as falsidades.

Você teve que criar uma personagem para fugir disso tudo?
Devo ter criado sem saber. Fui aprendendo a falar menos e ouvir mais. É a melhor forma de defesa que posso ter criado. Mas só criei isso agora. Na época era muito sincera, quando sentia que estava sendo enganada já ia brigar. Batia a cara até encontrar gente que era bacana. Foi assim até que resolvi ficar no silêncio. Hoje conheço as pessoas primeiro observando e depois me aproximo.

No que o Marcus te atraiu?
Ele é muito sincero, fala tudo na lata. Gosto disso. Pensando fisicamente, foi a boca que me chamou a atenção.

Onde estavam?

Na balada. A gente conversou um pouco e já gostei dele. Não é que foi o amor da vida, teve um desenrolar pra gente se conhecer. Mas o primeiro clique foi forte, foi sem falar um “a”.

Vocês estão casados há três anos. Casar era como imaginava?

É complicado. Porque não sou uma pessoa de rotina. Durmo errado, durmo de um jeito, ele de outro. Tem 1 milhão de coisas que você tem que ajustar, principalmente no primeiro ano. Então é ideal que você tenha um espaço só seu em casa.

Para dormir?
Não para dormir. É gostoso dormir junto.

O que é “dormir errado”, então?

Gosto de dormir com barulho, com uma televisão ligada, não gosto do escuro total. Já ele gosta. São coisas bobas. Gosto de comer deitada em sofás, em camas, lendo revista. E ele sempre comeu à mesa com a família. Tive que aprender a dizer: “Amor, vou comer e depois sento e te acompanho”.

O que espera do casamento?

Tem que ter uma individualidade. Acho que as pessoas têm que estar juntas porque têm paixão uma pela outra. O desejo de corpo também tem que continuar existindo, senão ferrou. Admiração você tem que ter o tempo inteiro, e quando se está num relacionamento de anos, em que você vê os erros, a admiração fica arranhada. Não acho o casamento fácil, até porque a nossa geração de mulheres está muito diferente. A mulher só fica se ela quer. E vejo muitos homens que não sabem lidar com essa mulher mais livre. Acredito no casamento com essa liberdade. Claro que com respeito. E acredito em fidelidade sim. Acho que não funciona um casamento aberto.

"Não acho o casamento fácil... E vejo muitos homens que não sabem lidar com essa mulher mais livre."

Para você não funciona?
Não, não saberia como lidar com o Marcus sabendo que ele está ficando com uma ali, outra aqui. Acredito na fidelidade se os dois estão a fim. O casamento parte do princípio de que você está junto porque quer. E, principalmente, de um respeitar o outro.

O que é respeitar?
Respeitar que um casamento não precisa ser uma imagem, do tipo usar uma aliança o tempo inteiro porque estamos casados. Não uso porque gosto de trocar de anel. Por exemplo, este anel [uma caveira], que gosto pra caramba, não combina com uma aliança dourada. E não vou cobrar isso dele. Não vou proibir o Marcus de viajar com os amigos. Não existe ele ter que chegar em casa tal horário.

O boato de que vocês estão se separando foi por causa da aliança?
Foi. É que não uso aliança todas as vezes. E no show da Beyoncé não usei e pegaram. As pessoas não aceitam. As pessoas não entendem que é diferente daquilo que elas vivem, então é difícil você aceitar um casamento que tenha a postura diferente do seu. Para mim é inadmissível um casamento que parece que o casal é grudado.

O Marcus também pensa assim?
A gente tem essa ideia. Desde o começo sabia que ele ia trabalhar com noite. É muito mais complicado entender o lado dele do que o meu. Porque fico muito fechada no show, né? Os fãs têm muito respeito. No dele tem o assédio mais próximo.

Como lida com isso?
Tranquilamente. Meu ciúme é um ciúme normal. Não gosto de me sentir guiada então não vou fazer isso com ninguém. A gente dá certo porque ele me dá essa liberdade de estar com as minhas amigas, de passar a manhã em casa, no estúdio. Cobrança é um saco. Acredito que os casamentos vão funcionar assim. O meu pelo menos vai funcionar se tiver esse respeito mútuo pela individualidade.

O sexo mudou depois de três anos de casamento?
Claro que a rotina com que você faz não é a mesma, mas fica melhor. Acho a intimidade muito boa. Depois do primeiro ano, a gente não tem mais vergonha de nada.

Sexo é importante?
É. Mas não só o sexo. O abraço, a pele, o toque, você se arrepiar, olhar para a pessoa e querer beijar. A mulher não tem isso só de sexo. Às vezes quer ficar beijando na boca e não quer passar dali. Adoro beijo.

Você gosta de sexo?
Gosto, se for bem-feito. Não gosto de sexo por sexo.

O que é sexo por sexo?
Aquela coisa de ir, fazer e gozar. Eu gosto da relação que o sexo traz, de entrega ao outro.

Quais são as partes do corpo masculino que te atraem?
O olhar, a boca e aquela entradinha [o oblíquo]... Acho que toda mulher gosta. Isso é muito bonito.

Onde sente mais prazer?
No pescoço. Adoro pescoço.

A gente falou de sexo e de música. Se perguntasse se já experimentou maconha, falaria a verdade? Já teve contato com drogas?
Não sei se diria se tivesse experimentado. Então fica a dúvida no ar. Não acho uma coisa bacana, acho uma fuga. Uma bebida de vez em quando é legal, não em excesso. Estava lendo uma matéria outro dia sobre o crack e isso me assusta. Mas não sei até que ponto tal droga vai fazer você chegar a outra... Tem gente que é viciada em remédio para dormir. O vício é uma coisa muito séria porque é um distúrbio, é alguma coisa que não está equilibrada em você.

Já teve algum vício?
Meu problema, quando mais nova, foi com comida. Era tudo afogado na comida.

Compulsão?
É, compulsão. Engordei 10 quilos nos Estados Unidos porque era compulsiva. Depois quis fazer regime, exagerei, fiquei quase sem comer.

Anoréxica?
Não, não cheguei. Mas tive que me cuidar.

Percebeu sozinha ou alguém falou: “Wanessa, você está exagerando”?
Não, porque sou esportista, né? Adoro correr. Mas um dia estava na esteira e vi estrelas. Aí falei: “Pô, preciso comer”.

O que te tira do sério?

Muita coisa. A indiferença com o outro me tira do sério. A mentira não, porque às vezes a mentira é necessária. E a covardia do homem contra a mulher, que é, sim, mais frágil fisicamente. Acho um absurdo homem bater em mulher.

Você falou de mentiras necessárias. Que mentiras necessárias você já contou?
Ah, mentirinhas. Tem coisas que são necessárias, que não dá para você contar...

Quantas mentiras você contou nesta entrevista?
Putz...

Perdeu a conta?
Não. Aqui não foi necessário. Minhas mentiras são coisas que todo mundo fala para tentar viver mais em harmonia. Não são mentiras que vão comprometer o meu caráter. Muito menos vão impedir alguém de entender quem sou.

 

ESTILO DRICA CRUZ (ABÁ MGT) MAQUIAGEM CAROL DE ALMEIDA ASSISTENTE JOSUEL FERREIRA PRODUÇÃO ANA LUIZA TOSCANO ASSISTENTE DE FOTO FÁBIO DELAI WANESSA VESTE REGATA E CALÇA MULHER ELÁSTICA TÊNIS NIKE

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