Você trocaria sexo por um smartphone?
Pesquisa apontou que 48% das americanas preferem ficar sem transar do que sem o celular
Uma pesquisa apontou que 48% das americanas preferem ficar sem transar do que sem o aparelho celular. E 39% usam o telefone no banheiro, se é que você me entende.
Manhattan, segunda-feira, 3 da tarde, estação de metrô da Columbus Circle lotada. Abre-se a porta do vagão, uns passageiros saem, outros entram. Exceto uma mulher que fica empacada na porta, parada, atrasando a vida de quem está atrás dela (como eu). Descubro: a bela estava enviando torpedos, sim, na entrada do vagão do metrô. Ela é o símbolo do contingente dos seres humanos que perderam qualquer noção de tempo, espaço e etiqueta por causa de um simples telefone. O torpedo, minha gente, está virando um tormento.
Uma pesquisa aqui nos Estados Unidos, comissionada pelo portal Huffington Post e conduzida em outubro passado, revelou que 48% das 3.583 americanas entrevistadas preferem ficar sem sexo do que sem seus smartphones. Mais: 47% delas deixam o celular ao lado da cama para usá-lo no segundo em que abrem os olhos de manhã. E ainda 39% delas falaram que usam o telefone no banheiro, se é que você me entende. Eu acredito em todos esses extremos. Mas por favor: não fiquem paradas na porta de um vagão de metrô. Também não cheguem num restaurante e tasquem o telefone em cima da mesa, porque outra pesquisa mostra que, quando as pessoas fazem isso, desaparecem as chances de o interlocutor (ou seja, o pobre ser humano de carne e osso à sua frente) começar qualquer conversa séria. O papo vai ficar no superficial, porque a iminência de ser interrompido a qualquer segundo intimida.
Ao vivo é melhor
Tudo isso fica ainda mais inconveniente quando o telefone começa a matar. Outro dia, vi uma babá com duas crianças de menos de 5 anos prestes a atravessar a rua. Ela no torpedo, as crianças saltitando sozinhas no meio-fio. Os acidentes de carro são tantos que o governo americano tem um site chamado distraction.gov para estimular iniciativas de educação entre a população. As campanhas contra o text and driving também não param de crescer na televisão, incluindo uma mãe cujo filho morreu num acidente de carro: era ela quem estava ao volante escrevendo no celular. Hoje ela pergunta: “Aquela mensagem era mesmo importante?”. Faça essa pergunta a si mesma, cada vez que você ignorar alguém ao seu lado ou um sinal de trânsito. A sua história é mais bacana ao vivo, acredite.
Tania Menai é jornalista, mora em Manhattan há 17 anos e é autora do livro Nova York do Oiapoque ao Chuí, do blog Só em Nova York, aqui no site da Tpm, e também do site www.taniamenai.com