Vida privada argentina
Um post antropológico sobre detalhezinhos do que passa entre 4 paredes com os hermanos
Faz tempo que eu penso em escrever algumas coisas sobre a vida privada na Argentina mas sempre acabo esquecendo. Por isso resolvi digitar logo este post antropológico antes que eu me esqueça de novo.
Vamos lá:
A grande maioria dos prédios não tem porteiro. Por sua vez, a grande maioria dos prédios não tem porteiro eletrônico. Isto faz com que o dono da casa tenha sempre que descer para a abrir a porta principal do edifício para os convidados. Em dia de festa no apê é um sobe e desce danado que eu nem te conto.
Justamente por isso, aqui é super normal que os namorados/as e os amigo/as tenham a chave do apartamento do outro, já que é um saco ter que descer toda vez que chega visita em casa. Ou seja: se você está namorando um argentino/a e ele/a te deu a chave de casa, não vá pensando que o pedido de casamento vai vir em seguida. Aqui isso é super comum, e meu amigo Jose explicou que funciona assim: se te deram a chave de baixo e a de cima, até que o negócio é mais sério. Agora, se te deram somente a chave da porta de baixo (a do prédio), é porque o cara ou a mina são folgados pra caramba e não querem se deslocar do conforto do sofá para abrir a porta pra você.
Porta leva a chave e eu não sei se é porque os prédios são antigos ou simplesmente porque aqui é diferente, mas as chaves são gigantes e pesadas. Vide as da foto acima. Sem falar que a gente sempre tem que carregar várias: é uma da porta do prédio e pelo menos duas da porta do apê. Tipo, ir pra balada com a chave no bolso da calça jeans não rola mesmo.
Falando ainda sobre porta, tem a questão da porta do banheiro... Também não sei se é porque os apartamentos são antigos e as chaves são perdidas no meio do caminho e dos anos, mas é raríssimo encontrar um banheiro que tenha chave na porta. É por isso também que as pessoas sempre deixam a porta do banheiro aberta quando não tem ninguém lá dentro: é o que vai definir se o mesmo está ocupado ou não. Diferente do Brasil, cujos banheiros quase sempre tem chave.
Vou te falar que é difícil se acostumar com essa coisa de entrar no banheiro e não poder trancá-lo...
E pra terminar, mais uma do banheiro: quase nunca tem cesto de lixo e o costume local é de jogar o papel higiênico no próprio vaso sanitário.
E se eu lembrar de mais alguma, depois eu conto!