Vida de artista

A artista plástica Márcia Xavier é a editora convidada e fala de envelhecimento e arte

por Bruna Bopp em

Márcia Xavier descobriu a fotografia dentro de casa. Depois do jantar, seu pai, piloto de avião, passava para a família vídeos que ele gravava em Super 8. Era uma mania sua. Os temas variavam de aterrissagens ao zoológico de São Paulo. “Quando fui fazer o livro Et eu tu, que é cheio de fotos, percebi que meu repertório eram aquelas imagens”, explica a artista plástica.

Hoje, Márcia mistura fotos próprias e de outras pessoas (tem preferência pelas aéreas e pelas de décadas passadas) em seus trabalhos, além de construir, a seu modo, objetos óticos, como binóculos e lunetas de diversos formatos. Ela também dá aulas sobre o tema no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, e toca com a mãe o Maria Eugenia Showroom, que representa diversas marcas de moda brasileiras e internacionais.

Passageiro
Não à toa, a artista plástica fez da sua casa um ateliê. No meio do jardim, algumas obras se misturam às jabuticabeiras e amoreiras, como a O Olho d’água, uma de suas instalações mais famosas. Pelos cômodos, trabalhos seus e de amigos artistas decoram as paredes. O amor pela casa, quase um oásis na caótica metrópole paulista, a inspirou a montar uma sala de aula lá mesmo. “Agora estou reformando a edícula. Quero dar cursos aqui. É um espaço tão agradável, não dá vontade de sair”, explica.

Inquieta, ela também tem sua parcela nos trabalhos do músico Arnaldo Antunes, com quem tem um relacionamento há oito anos. É dela a parte gráfica de vários álbuns dele, além de outras parcerias, como o livro Et eu tu e algumas músicas. “É fácil me envolver. Temos muitas afinidades e trabalhamos bem e rápido”, conta.

Aos 45 anos, a mineira radicada em São Paulo se identificou assim que soube o tema desta edição. “Ao envelhecer, a gente descobre como lidar com a vida de maneira mais tranquila. Ter domínio sobre a ansiedade é o grande ouro que a idade traz”, afirma. A idade e a ioga, sem a qual não vive.

Ela também não perde exposições importantes, por isso indicou lugares para ver e pensar sobre arte, na página 38, no Bazar. Na página 31, sugeriu a artista Lenora de Barros para mostrar seus objetos favoritos. E, na página 36, as 24 horas de Ana Cañas, uma “cantora de personalidade e versatilidade muito grande”. A facilidade para se envolver com a edição, ela busca em um verso de uma música de Arnaldo: “A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer”.

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