Ver, viver e comer
O que Matheus Nachtergaele tem em comum com um médico de índios e uma chef que faz doces
Matheus trabalhou com>>>
O filme mais impactante que Matheus Nachtergaele, 39, já viu foi a imagem de sua mãe se movimentando e sorrindo. Ele tinha 10 anos quando assistiu ao vídeo caseiro. Até então, só conhecia por foto a mulher que se suicidou quando ele era bebê. Três décadas depois, Matheus é um dos principais atores do cinema brasileiro. Estourou com o filme O Auto da Compadecida, em 2001, e, em breve, lança o primeiro longa que dirigiu: A Festa da Menina Morta, apresentado em Cannes e premiado em Gramado. Quando vê que a conversa com a Tpm vai longe, Matheus interrompe para buscar cigarro. “É a primeira coisa que faço ao acordar. Se fico culpado, pego, mas não acendo”, conta. Apesar de paulistano, ele vive no Rio de Janeiro e, com 22 filmes, 12 peças e 12 participações na TV, se dá ao luxo de passar um dia inteiro sem compromisso. Aproveita para se jogar no chão com os quatro cachorros e assistir à TV. “Sou mais alegre hoje do que há 20 anos”, conclui.
>>>Nilton, que é amigo do>>>
O paulistano Nilton Bicudo, 42, é ator, mas tem pinta de funcionário público. Ele fez um plano de carreira, quando estudava no Teatro Escola Célia Helena, em 1990. O método era aceitar qualquer trabalho no teatro, da técnica ao palco. “Queria me acostumar a trabalhar das 6 às 11 da noite e entender tudo, mas sabia que era ator”, conta. Nilton começou como indicador de lugares na platéia, operou som e luz, foi contra-regra, atuou, dirigiu e fez assistência para diretores consagrados como Fauzi Arap. Acumulou 47 peças e alguns trabalhos na TV (por exemplo, em A Diarista, da Globo). Contracenou com Matheus na peça Woyzeck, o Brasileiro, em 2003. Nilton recebeu a Tpm no apartamento da mãe, em São Paulo, onde mora com ela, a irmã e a sobrinha. Canceriano e descendente de libaneses, ele explica que a família é fundamental na sua vida. Este ano, concorre ao Prêmio Shell de melhor ator pela peça O Natimorto. Fruto do plano de carreira.
>>>Fábio, que é compadre da>>>
Para acompanhar Fábio Atui, 38, é preciso pensar rápido. Gêmeos com Gêmeos, segundo o mapa astral feito pelo tio – o diretor de teatro Fauzi Arap –, esse médico-fotógrafo-aventureiro paulistano interage com pessoas e realidades diversas tudo-aomesmo-tempo-agora. Cirurgião do aparelho digestivo e proctologista (especialista em intestino grosso, reto e ânus), ele é o doutor do Nilton Bicudo e voluntário do Hospital das Clínicas (SP) e dos Expedicionários da Saúde, que operam índios na Amazônia. “É a forma pura da medicina: o médico faz o que sabe, e o paciente recebe o que precisa, mas não pode pagar. ”Fábio antecipa o fim das frases da repórter e sugere o que ela deve colocar neste perfil. Em meia hora, fala também do hobby de fotografar a capital paulista, do longa sobre a Amazônia que está produzindo e do primeiro filho, que chega em janeiro. Com a mulher, Clara, se despede da Tpm para jantar com a amiga Carole, da próxima página.
>>>Carole>>>
Carole Crema, 35, é dona da La Vie en Douce, uma miniatura da Fantástica Fábrica de Chocolate nos Jardins, São Paulo. Mãe de Luiza, 2, e Bia, 3, a chef paulistana é casada com Sergio, amigo do Fábio Atui, que batizou a filha mais velha do casal. Ela aprendeu a fazer doces, que mais parecem enfeites, investigando rótulos de chocolate, fuçando revistas e errando muito. Antes de perceber o talento, estudou jornalismo, ciências sociais, música e trabalhou com turismo. Em 1996, foi para a França e, aleatoriamente, escolheu estudar gastronomia. “Ainda não se falava disso no Brasil”, lembra. Dois anos depois, de volta, deu aula em faculdades e na Escola Wilma Kövesi de Cozinha, onde está até hoje. Carole é responsável por cardápios como o do restaurante Wraps e, há seis anos, abriu a La Vie en Douce. Enquanto contava isso à Tpm, era interrompida pela filha que clamava por brigadeiro, pela cliente que tomava café... Não tem mais dúvida: esse é seu lugar.