Uma gelada
Outro problema é o fuso de três horas de diferença daqui com o Brasil. Às sete da manhã em Nova York já são dez em São Paulo. Para quem trabalha com o Brasil isso é um leve pesadelo: não importa o quão cedo você acorde, você já tá atrasado. Sofrem meus colegas que trabalham em televisão e entram ao vivo em programas matutinos. Sofrem também os amigos do mercado financeiro (mas esses pelo menos ganham pra isso!). Eu aqui já tive de entrar ao vivo na rádio às oito da manhã do Brasil – cinco daqui. Sem contar aqueles telefonemas, às seis da manhã, dos simpáticos amigos esquecidos que ligam animadérrimos para contar que arrumaram uma nova empregada, que o dia tá lindo, e... que ainda perguntam a clássica dos sem-assunto: “e aí, tá frio?”.
Aí vem a operação casaco. Tirá-los do armário – onde hibernaram durante o verão – é um triste ritual de passagem. Pode até ser charmoso em filmes e fotos, mas se vestir em camadas para ir até a esquina comprar uma garrafa d’água ou um band-aid não chega a ser emocionante. Sim, a cidade já está iluminada, as árvores da minha rua – todas – estão nuas, cobertas por lâmpadas; e assim ficarão até março. Sim, a cidade está deliciosamente romântica e cheia de turistas. E, sim, meninas elegantes como a Sofia (da foto) já estão colorindo as ruas com seus chapéus de pompom. Essa é a parte boa. Mas o frio... ah, o frio. Bom, deixa pra lá. Quando você ler este texto, estarei em Miami. De Havaianas e sem saudades das minhas meias. Fui.