Um rap para Nara
Lurdez da Luz conta como mesclou (e bem) sua arte à de Nara Leão em Cantoras do Brasil
A rapper Lurdez da Luz precisou encarar novos ritmos para gravar a série
Cantoras do Brasil. Aqui, ela conta como mesclou (e bem) sua arte à de Nara Leão
"Tudo começou quando recebi um telefonema de uma pessoa especial não só pra mim, mas para a cena musical brasileira: Mauricio Tagliari, do “templo criativo” YB. Foi ele quem me explicou o projeto do Cantoras do Brasil. De cara, junto com um brilho automático nos olhos, veio o frio na barriga. Morro de medo de melodias concebidas por outra cabeça que não a minha. O fato é: costumo cantar músicas dos outros só no chuveiro.
Topei e logo veio outra dificuldade: achar minha homenageada. Quem tem a ver comigo, afinal? Minha cantora predileta é a Jovelina Pérola Negra, mas não rola, não seguro a onda, nem cantando num tom abaixo. Enfim, a Elza [Soares], além de viva, é a mesma fita: tem que cantar cantando, né?
Daí o Mauricio disse: “E a Nara Leão, hein?”. “Taí, boa!”, respondi. Fui para a internet e ouvi toda a discografia no site dela. Foi uma delícia descobrir o seu canto claro, sem afetação. Meu camarada Brechó (que é um HD de informações organizado pelas emoções) me falou: “Cê tem que gravar um Zé Kéti. ‘Opinião’ [música de Kéti gravada por Nara] é tema de rap...”. “Certeza!”, pensei. E quis escrever minha parte para essa música.
Esse era o melhor jeito de interpretar Nara: colocando minha opinião sobre um problema seriíssimo ainda hoje no Brasil [Opinião fala sobre a desocupação forçada de favelas do Rio de Janeiro e diz: “Podem me prender/ Podem me bater/ Podem até deixar-me sem comer/ Que eu não mudo de opinião”. Na série do Canal Brasil, Lurdez costura a música com rap]. Me emocionei demais escrevendo a minha parte da letra.
Sinto que a Nara sofisticava um samba de morro ao gravá-lo, e eu, apesar de não vir de família endinheirada, acho que, esteticamente, faço o mesmo com meu rap."
Vai lá: Cantoras do Brasil - Canal Brasil - episódio de Lurdez da Luz, hoje, 1/11, às 18h45