Um homem entre as parteiras

por Redação em

Luis Rodrigues “A.S.M.A”, videomaker da TV Trip, passou uma semana sendo benzido “várias vezes ao dia” por cerca de 100 parteiras. Além da videorreportagem, ele conta aqui como a experiência o fez entender dos problemas respiratórios na infância às brigas com a mãe

Por Luis Rodrigues “A.S.M.A”

Quando me convidaram para entrar nesta matéria, minha ignorância não me permitia enxergar muita diferença entre o parto natural e uma cesariana, pensamento comum numa cidade como São Paulo, em que não nos preocupamos nem com a alimentação, imagine com nossas origens.    

A primeira etapa da matéria foi no Amapá, Norte do Brasil. Aos poucos, fui entrando nesse universo. Quando encontramos a primeira parteira, uma mulher de presença forte, olhar firme e conhecimento prático, comecei a entender a profundidade do tema. Depois um encontro internacional de parteiras, onde fiquei uma semana convivendo com mais de 100 sábias senhoras, sendo benzido cada vez que nos cruzávamos e dormindo no mesmo quarto que quatro parteiros homens, foi esclarecedor. Naturalmente, com uma conversa ali e uma história lá, comecei a entender também minha própria origem. O que aconteceu comigo, partindo do meu parto. Até então, sabia que havia nascido por cesariana, mas não entendia que a experiência poderia ter sido a principal responsável pelos problemas respiratórios que tive durante a infância. Descobri também que vários conflitos com a minha mãe podem ser explicados pelo fato de eu não ter sido amamentado no peito, o que não permitiu que a gente criasse aquele primeiro contato.



Para mim, não há mais dúvida de que a maneira que somos paridos define muito de quem somos, nossos medos, doenças, qualidades. Comecei a perceber o quanto o mercantilismo das grandes cidades mata a naturalidade da vida, que é tão simples e completa. Descobri que o motivo de eu não conhecer o parto natural é a indústria da medicina, que questiona como uma mulher que muitas vezes não sabe nem ler seja capaz de realizar um parto com segurança. Mas, vendo essas mulheres de perto e ouvindo a segurança com que discorrem sobre o assunto – inclusive quando garantem que sempre encaminham partos de risco para o hospital – é difícil duvidar.

O parto humanizado é muito importante para a vida, procure descobrir mais sobre esse magnífico universo.

Leia a reportagem sobre as parteiras aqui.
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