Turma dos fundos

por Tania Menai em

Sábado passado aconteceu algo raro, raríssimo: fui a um show da Broadway acompanhada por amigos que moram aqui. Éramos nove. Pelos meus cálculos, esta foi a primeira vez que isso aconteceu. Normalmente, só mesmo o pessoal que vem de fora para nos arrastar. Mas desta vez foi diferente. Pra começar, o show que escolhemos, Avenue Q, é simplesmente... um show. Talvez uma das melhores e mais inteligentes comédias já criadas por aqui. O cidadão aí da foto, por exemplo, é um monstro que só investe em aplicações seguras e sempre rentáveis: pornografia on-line.

Mas quem mora aqui e paga conta aqui não tem a ambição de sentar na cara do palco, para ver a obturação dos artistas. A dura realidade nos leva para o mezanino, mais precisamente para o rear mezzanine, láááá atrás. Binóculos a tiracolo, esta é a maneira de podermos assistir a diversos shows sem ter que vender a alma. Afinal, um ingresso na platéia ultrapassa os cem dólares. E terceiro: todo mundo é independente – ninguém aluga ninguém pedindo para comprar ingresso (sim, dá pra comprar por Internet sem perturbar ninguém). Cada um compra o seu, marca na porta e é isso aí. Simples assim. Essa é a vida de quem mora na versão real da Avenue Q.
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