Traumas de carnaval. Você tem o seu?
Amigos da redação da Tpm contam suas histórias de horror de Carnaval da infância e da adolescência
Tatá Aeroplano desmaiou no colo do médico, Nana Rizinni pagou peitinho e a cantora Cibelle descobriu os malefícios da indústria de massa. Carnaval do passado pode ser traumático
Sabe o que é pegar uma criança e jogar em um bloco cheio de gente? Talvez você faça isso com o seu filho. E ainda o fantasie de Black Block. Se essa é sua ideia de diversão, cuidado. Abaixo, amigos da redação da Tpm contam suas histórias de horror de Carnaval da infância e da adolescência. Alguns superaram. Outros ficaram traumatizados para sempre.
“Quando eu tinha uns 7 anos, minha mãe me obrigou a sair em um bloco de Carnaval (ela era uma das organizadoras) vestida com uma fantasia vintage – de uma amiga – chamada Ave do Paraíso, superquente. Como parte do adereço, eu tinha que carregar uma galinha viva (o amigo gay dela teve a ideia). A galinha se mexeu, eu saí correndo gritando e nunca mais segurei uma galinha na vida. Mas espera, alguém segura galinha viva?” Nina Lemos, editora desta seção, virou vegetariana e foge de blocos como o diabo da cruz.
“Quando eu tinha uns 7 anos, fui toda criativa e inventei uma fantasia chamada Mulher Ouro. Era algo abstrato, toda de glitter. Tinha um concurso no baile em Praia Grande e eu perdi para uma menina com uma roupa de Mulher Maravilha comprada em loja. Até ali, na infância, o pop pré-fabricado já estava pisoteando qualquer impulso criativo, como acontece até hoje.” Cibelle Cavalli, musicista, cantora e artista, ficou “cheia de questionamentos sobre a indústria de massa” aos 7 anos. Ela ainda fabrica suas próprias fantasias.
“Quando eu era adolescente, tive que começar a tomar remédio. No Carnaval, não resisti e parei. Imagina passar um Carnaval totalmente sóbrio. Um dia tomamos todas em um boteco e fomos pular no clube da cidade. Cheirei lança e deu um apagão. Caí e, quando recobrei os sentidos, meu médico estava me segurando. O mesmo que tinha receitado o remédio. ‘Quarta-feira eu quero você no meu consultório às 17 horas.’ Foi uma bad trip momentânea.” Tatá Aeroplano é músico, cidadão de Bragança Paulista e não parou de beber nem de pular Carnaval.
“Eu estava me achando, pulando Carnaval em um trio de Bertioga do lado do menino por quem eu era apaixonada. Uma hora ele chegou para mim e disse que meu peito estava para fora. Todo mundo tinha visto meu peito na cidade. Imagina isso para uma adolescente. Foi uó.” Nana Rizinni é cantora, musicista e ainda dança de biquíni.
“Quando eu era pré-adolescente, passava Carnaval em Petrópolis e odiava (mas fingia que achava legal). Enquanto minha irmã e minha prima já eram descoladas e arrumavam pretês, eu era obrigada a ficar dando voltas em um trenzinho, quase com labirintite de tanto rodar. Há poucos anos descobri que um primo, que também odiava Carnaval, dava perdido e ficava vagando pelo clube. Como é que eu nunca tive essa ideia?” Jô Hallack, jornalista, roteirista e colaboradora da Tpm, foge para as montanhas todo Carnaval.