Tiros no pé
Dono de uma mente rápida, humor apuradíssimo e inglês impecável, Denis tinha apenas 22 anos quando ganhou uma bolsa para participar de um programa de Direitos Humanos para jovens ativistas, na Columbia University. Hoje, aos 30, ele é figura respeitada nas Nações Unidas sempre que o assunto é desarmamento. Em junho, foi a estrela de um evento da Control Arms. E esta semana, ele participa do primeiro comitê da Assembléia Geral da ONU que defenderá a criação de um tratado internacional sobre o controle de comércio de armas.
Denis explica que há quatro anos, alguns vencedores de Prêmio Nobel da Paz se juntaram para defender essa iniciativa. Para se ter uma idéia: quando um país exporta carne, o produto passa por uma série de testes para que ninguém morra de doenças no exterior. Mas quando o assunto é exportação de armas, não há controle: uma pessoa morre por minuto no mundo vítima de "armas leves", ou seja, armas manipuladas por apenas uma pessoa. De um calibre 38 a uma metralhadora. Enquanto isso, a humanidade morre de medo de febre aftosa. E a ONU, de armamento nuclear.
Os governos de sete países - Inglaterra, Austrália, Costa Rica, Quênia, Japão, Finlândia e Argentina - apóiam a criação do tratado, que controlaria a entrada e a saída de armas no país. Isso colocaria critérios para exportação, proibindo, por exemplo, a venda de armas para países em conflito ou que apresentam violações aos direitos humanos, como genocídio.
Cadê o Brasil nessa lista de sete países? Vergonhosamente, nosso querido governo brasileiro não se manifestou. O país ganha rios de dinheiro como o maior produtor de armas da América Latina. Só que as armas saem do Brasil, legalmente, e voltam ilegalmente, matando seus cidadãos. Um tiro no próprio pé. Denis está aqui fazendo com que os 192 países que participam da Assembléia Geral aprovem a criação do tratado. O cara é meu ídolo. Já pedi autógrafo.