Teatro para todos
Marília Toledo, dramaturga, fala de seu projeto de peças infantis e dá dicas de peças para adultos
"A gente só vai escrever se for pra montar, não quero escrever para deixar na gaveta!" Foi assim que Marília Toledo começou a escrever sua primeira peça, com o amigo dos tempos de colégio Rodrigo Castilho. Na época, em 1999, os dois ainda aspiravam estrear no teatro. Da parceria, surgiu Amídalas, peça que ganhou, no ano seguinte, o Prêmio de Melhor Espetáculo da Associação Paulista de Críticos de Arte, a APCA. Mesmo premiada, Marília ainda trabalhou mais alguns anos como jornalista, só resolvendo “viver de teatro” quando sua segunda peça, Marias do Brasil, começou uma temporada nos teatros cariocas.
No ano passado, com outras peças no currículo, como O Amor de Servidão, que ganhou o Prêmio Shell de Teatro de 2008, ela e o diretor Cléber Montanheiro começaram a pensar em abrir um espaço próprio para sua companhia, a Cia. Da Revista. "Ensaiávamos em um espaço que não era nosso, tínhamos muitas regras, não podíamos ensaiar depois das dez! O que é supercomplicado porque nosso elenco tem outros trabalhos, é difícil viver de teatro, então todos acabam tendo atividades paralelas", explica.
Frequentadores da Praça Roosevelt, lugar que reúne diversas companhias de teatro em São Paulo, a dupla encontrou uma pequena casa para alugar. Mas era bem pequena, míni. "A gente tinha condição de bancar o espaço, exatamente porque era míni. Não precisava de uma grande reforma, precisava estruturar como um teatro, mas não era impossível. As coisas foram se encaixando, os amigos começaram a colaborar e aconteceu." Em abril, a companhia inaugurou o Miniteatro.
No pequeno espaço, a companhia monta diversos textos, principalmente infantis, desde montagens da própria autora até o projeto Clássico para Menores. "A ideia é pegar clássicos da dramaturgia adulta e adaptar para crianças, para eles começarem a ter contato desde cedo. Também fazemos diversas oficinas, que aumentam muito o nível de compreensão delas em relação ao teatro." O projeto vai virar, também, uma série de livros.
Como a dramaturga está cuidando do interesse dos pequenos no Miniteatro, perguntamos para Marília três peças para levar os adultos ao teatro.
1. Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, com adaptação de Gabriel Villela - "O Gabriel Villela fez uma releitura, tomou diversas liberdades. Acho muito interessante pelo debate que isso gera".
Vestido de Noiva no Teatro Vivo.
Av. Chucri Zaidan, 860, Morumbi, São Paulo
Sextas às 21h30, domingos às 21h e domingos às 19h
Quanto? R$R$ 60 (sexas e domingos) e R$ 70 (sábados)
Classificação etária: 14 anos
Tel.: (11) 7420-1520.
2. A Alma Imoral, de Clarice Niskier - "É lindíssimo. É um monólogo que ela criou e adaptou, e ela interpreta com uma beleza que acho que quase nunca vi no palco. Ela ganhou o Prêmio Shell 2007 de Melhor Atriz Dramática por esse papel."
A Alma Imoral no Teatro Eva Hertz.
Av. Paulista, 2073, Bela Vista, São Paulo
Segundas e terças às 21h
Quanto? R$ 50
Classificação etária: 18 anos
Tel.: (11) 3170-4059.
3. As Centenárias, de Newton Moreno - "É genial. Acho que é uma das melhores coisas que eu já vi no teatro e a Marieta Severo e a Andréa Beltrão estão magníficas. O texto é muito bom, consegue ter beleza e humor no mesmo espaço, é triste, é belo, é engraçado, é tudo junto."
As Centenárias no Teatro Raul Cortez.
R. Doutor Plínio Barreto, 285, Bela Vista, São Paulo
Sextas às 21h30, sábados às 21h e domingos às 17h.
Quanto? R$ 80 (sextas e domingos) e R$ 90 (sábados)
Classificação etária: 14 anos
Tel: (11) 2198-7701.
Vai lá:
Miniteatro
Praça Franklin Roosevelt, 108, Centro, São Paulo
Tel.: (11) 2865-5955.
www.miniteatro.com.br