Só a massa desconhecida salva!
Uma multidão, de preferência num empurra-empurra dos bons, pode resolver a vida do casal!
Um dia é você que reclama: do horário de chegada pós-festinha – para a qual foi delicadamente desconvidada (só vai ter gente do trabalho, amor) –, do carro que quando chega na sua mão está sempre sem gasolina, das amiguinhas do Facebook... Bode. Este ser é sua cara-metade! Zzz...
No dia seguinte você está ótima. Saiu com as amigas, esquentou a orelha de umas cem pessoas, tomou dry martíni. Mas aí é ele quem reclama: do horário, do arranhão no para-choque, da foto que você colocou no Face... Você feliz, toda facinha, tendo que vestir a carapuça de chata.
E, assim, o desentendimento se alterna. Você acabou com a granola, podia ter deixado um pouco pra mim. Você trancou o banheiro na hora que eu preciso secar o cabelo pra sair. Você arrota na mesa. Você vai [quase] pelada para o trabalho...
Nessa hora, não adianta colocar no Telecine Action e dividir a pipoca. Com certeza um vai dizer que prefere ver o Fantástico. Tem uma hora, amigos, que só a massa desconhecida salva. Só uma multidão de seres nunca vistos, de preferência num empurra-empurra dos bons, resolve a vida do casal.
Show de pop star em estádio, rodada final do campeonato, festival na lama, rodoviária em véspera de Ano-novo, passeata. O importante é a massa volumosa mostrando quão pequenos nós somos. É onde sua cara-metade faz todo o sentido. O sabor de um leve risco, as mãos dadas, uma parceria protetora. Sim, é brega (graças a Deus)! É onde um mais um é igual... a nós.
Naquele mar de gente só o fulano que deixa o carro sem gasolina sabe como você gosta de trepar no sofá e que o leite deve ser semidesnatado. E ali, gata, na massa, você não é a chata, é a “minha”, é a única! (Pode arrepiar!) Por que precisamos de milhões de rostos anônimos para suspirar a dois? Boa pergunta. Mas uma coisa é certa: se estiver chovendo ou a massa for em um país de língua desconhecida, pode até marcar o casamento!
Para seguir: @euliatulias