Ela está por toda parte. Em cafés, restaurantes, lojas e esquinas de Manhattan. Mas dispensa o cachecol, o gorro e a luva, acessórios vitais para o resto da moçada por aqui. Ela é a única que passa num doce balanço a caminho do mar, mesmo quando o raio do termômetro já despencou pro negativo. Ela, a Garota de Ipanema é a música que mais se escuta em todos os cantinhos da cidade. Unanimidade. Certa vez foi um saxofonista na estação da rua 79, na Broadway que conseguiu tirar o meu mau-humor. Entrei bufando na estação. O motivo eu já nem lembro – mas lembro do encanto que foi escutar a música ali, na frieza daquela plataforma - o mundo certamente sorriu e se encheu de graça, minutos antes de o trem passar varrendo o som do sax. Esta semana, quem me premiou foi um saxofonista na rua 57 perto do Carnegie Hall – não que eu estivesse de mau-humor, mas ele melhorou ainda mais o meu dia. Não há Starbucks ou loja de decoração que não toque a música e que nos remeta, nem que por alguns minutos, para o calçadão de Ipanema. De repente aquele caffe latte vira uma água-de-côco e aquela bota com duas meias, transforma-se num chinelo Havaiana. A música dá aquela levantada no astral e a gente deixa o Starbucks se sentindo “tall and tan, and young and lovely”, como diz a versão inglesa da canção. Quer dizer, com essa nevezinha aqui, “tan” fica difícil. E, no meu caso, “tall” também.
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