Por que nos apaixonamos?

Quando precisamos nos reinventar, é hora de dar alta para a alma ir além da razão

por Redação em

 
Por que reconhecemos alguém que nos desperta a vontade de autenticar o passado ou de zerar nossos passos na estrada? Adoro estar apaixonada, beijar na boca e ficar toda taquicárdica. Exercitar a inocência e o desejo que temos no organismo é natural, mas saímos por aí fingindo saber de tudo que temos que fazer.

E por enquanto ficamos assim... Acordamos de manhã para ir viver o mundo. Nessa hora, o mundo é tudo o que não é o sono... Somos insuspeitos dormindo e podemos abusar do amor. Ser natural é marcante na vida. Quando exigimos esse perfil de nós mesmos, a inversão de valores ocorre e perdemos a naturalidade.

Muitas vezes nos desapaixonamos e produzimos em conjunto um desconforto castigante. Quando vem a reação pelo cansaço, vamos matando o mal-estar até o estado de impercepção crônica. Pronto, conseguimos desprezar aquilo que era importante ou percebemos que era irrelevante! O excesso banaliza, tipo barulho de avenida com carros passando ininterruptamente. Chega uma hora em que o barulho vira um silencioso ruído.

Agora deixamos o longo “por enquanto” tornar-se um “viver apesar de”.Mesmo sabendo que temos substâncias suficientes para nos apaixonar, ainda perpetuamos o receio de sermos visitados por alguém que nos retire da constância cotidiana. Usamos disfarces para nos distrair e não precisar nos envolver no nosso próprio roteiro. Como assistir à novela na casa dos outros, parece que não assistimos a ela.

Para alguns, poucas coisas na vida são melhores que a sensação de comer um chocolate no momento da fissura por aquele gostinho. Outros, nem mesmo fazendo amor na Ilha de Santorini, se entregam à paixão. Neste texto, vale qualquer coisa que induza o entusiasmo a se sobrepor à razão. Tem que ser natural. E, para se apaixonar... é preciso se dar alta. E quando o amor se desintegra? Um dia é tudo que se sente e num outro dia foi desfeito. Quem faz isso? É o tempo. Ele manda e desmanda feitiços. Cartas velhas e acumuladas se esvaem de importância. Assim como os excessos, as faltas também perdem valor.

O tempo e o vento

Na madrugada, quando meu sono é interrompido, meus pensamentos ficam severos e meu mundo mental dicotomiza, oscilando entre certo e errado. Quando chega a manhã, sou agraciada por um misto de gentileza e vontade intensa, alterando a severidade para uma concepção de dia em que existem certos, errados e muitas outras coisas... Nesse momento fica claro que somos a principal razão da nossa paixão. Nos apaixonamos quando estamos precisando nos reinventar.
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