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Poeme-se

Mesmo escrevendo “bem pouco”, a carioca Alice Sant’Anna, 24 anos, lança este mês o seu segundo livro, Rabo de baleia – o primeiro, Dobradura (2008), foi eleito o livro do ano pelo Jornal do Brasil. Ela também edita a revista Serrote, é colunista do jornal O Globo e faz mestrado em letras. Entre os compromissos, guarda os sentimentos em cadernos. “A poesia é uma forma de não deixar as coisas passarem”, diz. E também de escapar sem sair do lugar: “O rabo de baleia é abertura para uma viagem e também algo raro de se ver, sugere um animal gigante ali, escondido”.

Um enorme rabo de baleia

cruzaria a sala neste momento / sem barulho algum o bicho / afundaria nas tábuas corridas / e sumiria sem que percebêssemos / no sofá a falta de assunto / o que eu queria mas não te conto / era abraçar a baleia mergulhar com ela / sinto um tédio pavoroso desses dias / de água parada acumulando mosquito / apesar da agitação dos dias / da exaustão dos dias / o corpo que chega exausto em casa / com a mão esticada em busca / de um copo d’água / a urgência de seguir para uma terça / ou quarta boia, e a vontade / é de abraçar um enorme /rabo de baleia seguir com ela

Vai lá: Rabo de baleia, ed. Cosac Naify, R$ 28

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