Poder de equilíbrio
Maya Gabeira: a surfista brasileira de ondas grandes é a editora convidada da Tpm #126
A surfista Maya Gabeira domina ondas de 25 metros, coleciona troféus e afirma: sua maior conquista é fazer o que ama
Maya Gabeira não podia dizer em alto e bom som, ao embarcar para a Califórnia pela primeira vez, aos 17 anos, o que sua família já suspeitava: aquela viagem não ia durar só um ano. Nem terminaria com Maya voltando ao Rio de Janeiro para fazer faculdade, como havia prometido aos pais, a estilista Yamê Reis e o ex-deputado federal e escritor Fernando Gabeira. Uma vez nos Estados Unidos, ela passou a receber uma mesada do pai e arredondava as contas trabalhando como garçonete. Em todo o resto do tempo, se atirava ao mar.
Apaixonada por surf desde os 14 anos, a carioca decidiu sair de casa atrás de boas ondas. Já no primeiro ano, descobriu, assistindo a um torneio em Waimea, no Havaí, que não queria apenas surfar. Queria surfar ondas gigantes. Mas, de novo, não pôde alardear a decisão. A mãe achava o esporte muito perigoso – por causa do tamanho das ondas, os atletas podem ficar submersos por um período longo, e o risco de afogamento é real. O corpo de Maya também não estava pronto, e ainda havia um agravante: “Sou asmática e cresci com o medo de ficar sem respirar”, conta. Apesar de tudo isso, o desafio a fascinava.
Los Angeles, África do Sul
“Quando você vê que sobreviveu e está lá, curtindo aquela energia única, é maravilhoso.” A primeira vez em que ficou de pé sobre uma onda gigante foi aos 18 anos, na mesma Waimea Beach. “Foi uma sensação de conquista muito grande. Para estar ali, você precisa ser um dos melhores do mundo, estar no lugar certo, no dia certo, no momento em que as maiores tempestades do planeta se formam”, diz. “Quando aconteceu pela primeira vez, passei dez dias eufórica.”
Em 2007, Maya conquistou o primeiro lugar no torneio Billabong XXL, o óscar das ondas gigantes. Com ele, vieram os primeiros convites de patrocínio, e, a partir daí, ela pôde viver do esporte. Nos três anos seguintes, a surfista bateu de novo as adversárias e se consolidou como a melhor do mundo na categoria. Em 2012, levou o penta no campeonato.
Hoje, aos 25, Maya segue na Califórnia, mas viaja o mundo atrás de marés únicas. Todo mês de outubro, ela se muda de San Diego para Oahu, no Havaí, onde fica cinco meses antes de partir para África do Sul, Oceania e Brasil. “Posso estar no lugar que quiser que vou estar trabalhando.” Tanto é assim que está mudando a base de San Diego para Los Angeles, onde o aeroporto funciona melhor, e, há poucos meses, incluiu Chicago no roteiro. É que o namorado, o ator australiano Jesse Spencer, é um dos protagonistas da nova série americana Chicago fire, sobre o departamento de bombeiros da cidade. Spencer se tornou conhecido – e cobiçado – na pele do Dr. Robert Chase, de House. Para esta edição, Maya fez uma lista das cinco melhores praias do mundo para descansar, paquerar e surfar, além de indicar a amiga Carol Solberg para a seção 24 Horas.