Peles vermelhas

por Tania Menai em

A rapaziada nova-iorquina que só anda de metrô nem percebeu. Mas foi na sexta-feira passada que chegou aqui uma trupe da Ferrari, com direito a tapete vermelho na Bolsa de Valores e participação na abertura do pregão. Eles celebraram o fim de uma viagem feita por 11 pessoas, em 84 dias e 32 mil quilômetros de estrada. Nove italianos, um francês e um brasileiro passaram por 16 países das três Américas – do sul ao norte – para lançar o novo modelo daquele carro que você nunca vai ter: a Ferrari 599 GTB. A viagem foi feita por duas delas, acompanhadas por sete carros de apoio.

O brasileiro da equipe é Marcos Tatijewski, um paulistano que mora em Assunção, no Paraguai, e que largou o trabalho como executivo de marketing, a esposa e o cachorro para se aventurar como gerente de suporte técnico (ele é engenheiro de formação) e porta-voz da equipe. Tomando um café latte, ele conta que esses Che Guevaras do capitalismo dirigiram em altitudes que vão de 5 mil metros (em Paso de Jama, entre Chile e Argentina) até abaixo do nível do mar (Nova Orleans).

Do Brasil ao Canadá as estradas foram muitas – e algumas não deixam saudades. Em Calama, no Chile, e Uyuni, na Bolívia, foram 15 horas (seis delas na penumbra) de off-road com precipícios de ambos os lados. Por outro lado, uma viagem de oito horas no meio do mundo, deu num vilarejo peruano perto de Trujillo e Huaraz. Ali, nada além de duas ruas, 300 pessoas e... um moleque de oito anos vestindo uma camiseta – falsa – da Ferrari.

Dos 64 hotéis por que passaram, Marcos lembra-se do melhor: Casa Santo Domingo, na bela Antígua, na Guatemala. Por coincidência, ele estava com a esposa que acompanhou a viagem por alguns dias. Sorte dele: “Trata-se do hotel mais romântico das Américas,” afirma. Verdade – já estive lá! “Navegamos por quatro culturas pré-colombianas: Incas, Maias, Astecas e Pele Vermelhas”, lembra. Curioso ouvi-lo contar isso a duas quadras da Columbus Circle, em Manhattan, praça que celebra Cristóvão Colombo – aquele que acabou com tudo isso tornando desta uma terra de caras pálidas; principalmente durante o outono.

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