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Pedro Oliva

O “louco da cachoeira” Pedro Oliva não tem medo de saltar quedas-d’água gigantes a bordo de um caiaque – e encara as lentes da Tpm sem pensar duas vezes.

O atleta de caiaque extremo Pedro Oliva é aquele cara gente fina, típico menino do interior que deixa todo mundo à sua volta confortável. De Havaianas e bermuda, o kayaker nascido e criado em São José dos Campos recebe a Tpm em Extrema, fronteira de Minas com São Paulo, no sítio onde ele se hospeda para treinar na região. Mal descemos do carro e ele já entrega um sorrisão e uma flor para cada uma das três meninas da equipe. Também não demora em empolgar todo mundo, homens inclusive, com a notícia de que havia planejado um piquenique com queijos, frutas, sucos e vinho na beira do rio onde mais tarde faríamos as fotos. Pronto. Entre uma brincadeira e outra, já estamos todos à vontade. Embora menos à vontade do que o próprio Pedro, que de cara responde à sugestão da stylist para experimentar as peças: “Pode ser aqui mesmo?”.

Com desenvoltura de dar inveja a qualquer participante de reality-show, em poucos segundos ele prende uma toalha branca em volta da cintura, tira a camiseta e troca o short por uma sunga preta na área da churrasqueira. Mostra, sem crise, o corpo salpicado pelas tantas horas sob o sol e definido pelas quase duas décadas de esportes radicais. Aos 30 anos, Pedro Oliva é hoje um dos maiores canoístas do planeta, que vive percorrendo para saltar quedas-d’água. Sua modalidade, consiste em remar a bordo de um caiaque de 2,40 metros por correntezas que desembocam em uma cachoeira e “surfar” nessa cachoeira até mergulhar no poço.

Em 2009, Pedro conquistou o recorde mundial (superado em 2010 por Tyler Bradt) de sua categoria ao encarar a queda de Salto Belo, no Mato Grosso, com quase 40 metros de altura.

Na ocasião, Pedro ficou conhecido como o “louco da cachoeira” entre os colegas – afinal, para quem olha de fora, encarar uma queda-d’água desse tamanho em um caiaque só pode ser coisa de doido. Mas ele defende que, de loucura, a prática não tem nada. “Explorar um rio envolve uma série de estudos. É tudo bem pensado e calculado. Se passa do nível de risco, a gente deixa de saltar a cachoeira e vai para a próxima.”

O canoísta americano Ben Stookesberry é um dos grandes companheiros de expedição de Pedro e se lembra bem do dia em que o amigo conquistou o recorde. “Depois da queda, ele ficou mais ou menos 1 minuto desaparecido. Quando já ia entrar na água para tentar ajudar, ele apareceu de volta, sem nenhum arranhão. Só entendemos a dimensão daquilo meses depois”, conta. Ao lado do também esportista Chris Korbulic, Ben grava com Pedro o programa Kaiak, que vai ao ar pelo canal pago Off. As aventuras do trio também passam no quadro “Planeta extremo”, do Fantástico, e no “Senhores das águas”, dentro do Esporte espetacular.

Em terra firme
O caiaque ocupa um espaço grande na vida de Pedro. O maior deles. “Fico mais ou menos 220 dias por ano fora de casa. Nas viagens, é muito difícil passar mais de duas noites em um mesmo lugar. A única rotina é preparar o carro à noite para partir de manhã”, diz. No tempo restante, o esportista corre para São José dos Campos, onde vive com a esposa, Kemeli Mamud, 30 anos, a filha recém-nascida, Petra, e o primogênito, Kaike, 10, do primeiro casamento do esportista.

Petra nasceu no dia seguinte à produção das fotos que estão nestas páginas. Havia o risco de o bebê vir ao mundo no instante em que ele posava – mas nem isso abalou a calma do rapaz. “A Kemeli é tranquila. Ela sabe que, se acontecer, pode me ligar que eu volto correndo para São José [a 135 quilômetros de Extrema].” A própria Kemeli confirma, por telefone, ainda da maternidade: “É supersimples, ele estava a uma hora daqui… Se acontecesse alguma coisa, eu poderia contar com ele”.

A paternidade, a propósito, não o fez repensar o es­porte e a vida na estrada. Pelo contrário: “Tive mais garra depois dos filhos, mais disciplina. Por mais que eu fique muito tempo fora, quando volto posso agregar muito mais à vida deles. Eles me trouxeram um balanço, que é a força pra seguir”.

“Fico mais ou menos 220 dias por ano fora de casa”

Kemeli encara a distância numa boa. Ao contrário do marido, que conheceu na época do ginásio, não viaja a maior parte do ano, mas fica tranquila em terra firme. “A gente confia muito um no outro. As viagens fazem o Pedro ser como ele é, gosto dele assim. E ele volta cada vez melhor, o reencontro é uma delícia”, conta.

O relacionamento deles, por sinal, começou justamente em um reencontro na África do Sul em 2010; ele em expedição, ela em missão da Secretaria Municipal de Educação. “O Pedro era o menino mais bonito do colégio”, relembra Kemeli. “O mais marrentinho, uma gracinha. Não passava batido de jeito nenhum.” E ainda não passa.

Pedro veste Bermuda Blue Man Sunga Mar Rio John Billabong Relógio Red Nose Equipamentos acervo pessoal Assistente de foto Fernando Fuchigami Estilo Anna Kanji

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