O retorno das plataformas perdidas
Socorro, os anos 90 voltaram!
Você coloca um vestido estilo camisola e vai ao cinema com seu namorado, que usa uma camisa de flanela. Lá, encontram uma amiga que acabou de pintar o cabelo de rosa. Vocês saem do cinema cantarolando “Não tinha medo o tal João de Santo Cristo era o que todos diziam...”.
A cena acima provavelmente acabou de acontecer. Mas poderia ter acontecido nos anos 90, a década queridinha do mundo dos revivals (aquele que dita tendências de moda, as roupas que vamos usar e, finalmente, as décadas que serão revisitadas).
“Os anos 90 voltaram com tudo”, dizem as revistas de moda. E por isso já estamos preparadas (usando e vendo) coisas como:
Cabelo pintado. Não é novidade, desculpe. Mas você que pintou o cabelo de rosa (nada contra, pelo contrário) está fazendo uma coisa que quem tem 40 anos já fez. Na época, pintávamos o cabelo de todas as cores ridículas imagináveis. Uma coisa grunge, clubber e popularizada pelas Spice Girls. OK, a gente fingia que não imitava as Spices, mas imitava.
Plataforma. As mesmas Spice Girls eram divulgadoras das plataformas de plástico, uma coisa desconfortável e que fez muita gente quebrar o pé. Quanto mais enorme, melhor. Sim, a plataforma era o sneaker dos anos 90. Sim, o tênis de 20 anos atrás.
O vestido camisola. Agora ele aparece mais chique nas passarelas e é chamado de lingerie dress. Nos anos 90, a gente comprava uma camisola mesmo na loja DE CAMISOLA e saía com ela de noite, como se fosse um vestido sofisticado. Camisolas de avós eram disputadas com afinco e irmãs já brigaram de morte por conta delas.
Meia rasgada. Usada com short jeans também rasgado. E, claro, você fingia que o rasgo era natural, apesar de ter sido feito com uma boa tesoura.
Legião Urbana. A banda surgiu nos anos 80, mas os discos que mais venderam eram do fim da década, início dos anos 90. Se está rolando um revival de Legião? Não, imagina. “Não tinha medo o tal João de Santo Cristo era o que todos diziam quando ele se perdeu.”
A vida é um mico
Eu já fui uma cafona dos anos 90
Cabelo com presilha pintado de várias cores, bastão de flúor guardado na geladeira. Amigos da revista contam o que fizeram de ridículo durante a década. O quê? Jura que você nunca usou uma camiseta baby look com um desenho infantil ou fez uma tatuagem tribal?
“Eu era fã das Spice Girls e, como se não bastasse, tinha a sandália das Spices. Mas não era clubber, o último clube que frequentei foi o Senhora Kravitz.” JULIA PETIT, EDITORA DO SITE PETISCOS E APRESENTADORA DE TV, DIZ QUE NÃO ERA CLUBBER, MAS CITA UM CLUBE SUPERCLUBBER DE SÃO PAULO
“Eu morava em Nova York e a moda era dançar jungle. Para isso, eu usava uma calça larga, que era como se fosse a ‘calça de dançar jungle’. Você não tem ideia do quanto isso era ridículo. Era a calça mais feia do mundo.” ADRIANO CINTRA, CANTOR E COMPOSITOR, TAMBÉM TEM UMA TATUAGEM TRIBAL
“Usava camiseta da Hello Kitty rosa-shocking, meia até o joelho e para completar o visual uma bolsinha pequena com a bandeira da Inglaterra. A gente meio que imitava as Spice Girls, mas negava porque elas eram muito pop.” FLAVIA DURANTE, EDITORA DO SITE DA TPM
“Eu tinha o cabelo pintado de rosa, depois de vermelho. Usava presilha. E tudo combinando com uma camisola (mesmo) roxa, usada com meia até o joelho e plataforma. Fui com esse modelo ao VMB, no ano em que o Chico Science estava concorrendo. Achei que abalei.” NINA LEMOS, EDITORA DESTA SEÇÃO, TAMBÉM TINHA UM JOGO DE TAÇAS DA HELLO KITTY
“Anos 90 me lembram lama: Collorgate [a campanha que levou Collor ao impeachment], a do caos do mangue beat, a das festas e das ressacas em SP. Não consigo me lembrar como as mulheres se vestiam em tempo nenhum, até porque a maioria das mulheres que tive comprava em brechó e me confundia ainda mais os anos e a memória.” XICO SÁ, JORNALISTA E ESCRITOR, NÃO SABE QUE USAR ROUPAS DE BRECHÓ É SUPER ANOS 90!