Solta o som!
O que pensa, ouve e veste quem vai para a pista a trabalho
Marina Diniz, 31 anos, começou aos 16. Tocava nas festas dos amigos mas em casa ninguém levava a sério quando dizia que queria trabalhar com música. “Por um bom tempo aguentei muita gente enchendo o saco.” Mas ela riu por último. Marina estudou produção musical em Dublin, na Irlanda, e hoje toca disco e house em baladas por todo o país. Você também pode encontrá-la nos pickups em eventos de marcas de moda e até em festas de casamento. “Não é fácil virar noites sem dormir. Às vezes você simplesmente não está num dia legal. Nesses, eu visto uma máscara e vou.”
Grá Ferreira, 37 anos, começou como hostess da The Week, em São Paulo. Em 2006, assumiu como primeira DJ residente da casa: “Fiquei supernervosa na primeira vez”. No set list da Grá tem música eletrônica das vertentes tribal e progressiva. Hoje, ela roda as cabines do mundo. Mas o início foi mais duro: “Já rolou bastante preconceito com esse lance de ser mulher e DJ. Quando comecei, éramos poucas, o mercado era mais fechado”. Ela se entrega para as festas. Gosta de apostar em roupas e penteados diferentes e até em fantasias temáticas. “Esqueço todos os meus problemas na hora de tocar, não levo nada para a cabine.”
Babi Aline, 36 anos, é produtora cultural de festas de música brasileira no Armazém Cultural, em São Paulo. A primeira vez que colocou som na pista foi sem que ninguém a chamasse: achou que a festa estava chocha, deu o play e fez sucesso. Faz dois anos que começou e nunca mais largou a vida noturna. “Acabei me interessando pela cultura afro – a minha cultura – no rolê.” Babi parece gostar mesmo do que faz, e se arrisca a dar conselho: “Você pode fazer da sua vida uma festa independente da profissão”.
Giu Viscardi, 31 anos, tocou pela primeira vez em 2010. Ela promovia festas, mas nunca tinha se arriscado no som. Quem apostou no seu talento foi a amiga e hoje companheira de discotecagem Renata Chebel. Juntas, formam a dupla SRY (a abreviação de “sorry”) e apresentam seu set – o Soul Sry – com funk, soul e outras influências dos anos 70. De tanto tocar em eventos por aí, conta, a vida de DJ lhe “dá uma renda boa”, mas ainda não é profissão. Ela combina as noitadas com a agenda de publicitária. Conta que a noite está animada, mas nem todas as festas são uma maravilha para quem vai a trabalho. “Certa vez derrubaram mojito nos meus discos e fiquei semanas com eles melados, cheirando hortelã. Hoje levo tudo em pen drive.”
Marina Dias, 39 anos, estreou nas pistas em 2008 com o De Polainas, grupo de oito meninas que faziam aula de Jazz juntas e começaram a tocar para pagar o curso. O repertório passeava pelo rock trash dos anos 80. “A gente tinha saído de uma época de música eletrônica muito cabeçuda, então começamos a tocar músicas para dançar.” Seu ritmo preferido é o “deep house para menina”, inventa. “Gosto de um grave bem forte pra rebolar e um vocal bem bonito pra cantar junto.” Marina, que fotografou campanhas importantes como modelo, está lançando a Submarina 076 (vale seguir no Instagram), marca com peças únicas de tecido desconstruído. Para ela, “a vida de DJ nem sempre é uma festa; mas a vida de quem faz o que gosta é”.
Junior C, 28 anos, começou a tocar ainda moleque, mas já sabia que era trabalho. Aos 18, ganhou sua primeira residência, no então templo da música eletrônica em São Paulo, o clube Lov.E. Produtor e autor, aposta no techno, house e em batidas muito dançantes. Ele acaba de lançar o single Coming Over em parceria com o produtor Gui Boratto, o mais idolatrado entre os DJs brasileiros de música eletrônica e criador da DOC Records. Junior C toca cerca de quatro vezes por semana. E adora. “Durante a semana a vida de um DJ é zero balada, tem que planejar tudo. Mas de quinta a domingo é uma puta festa.”
Akin, 37 anos, toca desde os 18. Colecionador de vinil, foi MC antes de virar DJ. No início, tocava rap dos anos 90 e dub. Em 2009, começou a rádio Metanol FM (com programação dedicada à música eletrônica de vanguarda), que um ano depois virou o coletivo homônimo e já tinha em torno de si um público fiel. Há três anos a Metanol organiza festas de rua com uma proposta de ocupação do espaço urbano que, parte de um movimento espontâneo junto com outras festas, está alterando a cena da cidade. “É mais legal tocar na rua! É um lugar mais democrático. Claro que exige um esforço muito grande, mas é imediatamente recompensado.” Para conhecer, visite metanol.fm. Tem programa novo toda terça-feira.
Pedro Dubstrong, 39 anos, se juntava com os amigos para colocar um som no bairro quando tinha 15. Não foi fácil conseguir apoio da família para transformar a brincadeira em profissão. Seu pai era do meio – ele produziu um dos primeiros shows do Peter Tosh no Brasil –, conhecia as dificuldades de se viver de música. “Eu cresci em festa.” No começo dos anos 90, tinha bastante rap no set. Para conseguir emplacar como DJ, gravou uma mixtape e foi, na cara de pau, em uma matinê pedir para tocar. Pedro foi residente por 13 anos na festa black mais longeva (e animada) de São Paulo, a Chocolate, que rolava na Clash Club. “Ser DJ é trocar energia com a pista; você tem que dar o seu melhor ali.”
Lúcio Ribeiro, 50 anos, é jornalista e curador do Festival Popload. Toca desde 2003, mas confessa que não tem muita técnica e nem vontade de aprender. Seu lance é aproveitar o trabalho de blogueiro musical para testar as músicas com a plateia. “Tocar em pista é um exercício de ficar feliz. Não me considero um DJ, toco porque gosto de música.” Seu ritmo preferido é o rock eletrônico. Quando toca em eventos, avisa que não segue os pedidos para o set list. “Nada contra Beyoncé, mas não vou ter música dela nas minhas coisas.” Lúcio toca em festas pequenas no país inteiro e conta que os convites partem de “moleques engajados com a cena local e que acompanham o blog”.
Créditos
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