O livro 'Cinquenta tons de cinza'
Este mês resolvemos não entrevistar um livro
Este mês resolvemos não entrevistar um livro. Esta é a primeira vez que isso acontece nesta revista. Mas temos motivos. O não entrevistado é o best-seller Cinquenta tons de cinza, que virou capa e matéria em inúmeras revistas. Sua autora, E. L. James, virou celebridade ao lançar essa “trilogia para adultos”, uma espécie de Crepúsculo pornô soft.
Nada contra a pornografia soft. Tudo contra os clichês que tornam esse livro intragável. Explicamos para vocês não acharem que somos umas ranzinzas chatas (apesar de a gente ser, às vezes). O primeiro volume (não, não vamos ler os outros) conta a história de uma estudante virgem que se apaixona por um homem bilionário, potente, lindo, um príncipe encantado.
Esse papo de que mulher gosta de príncipe já seria o suficiente para não entrevistar um livro. Mas tem mais. O tal príncipe é, também, superbom de cama, e tudo descamba para um machismo chocante. Ele exige que suas mulheres estejam limpas, depiladas e frequentem a academia quatro vezes por semana. Oi? As cenas de sexo lembram as da revista Sabrina. Ele é cheio de fetiches sadomasoquistas, mas também sabe olhar nos olhos e gosta de ambientes luxuosos. Tipo um don juán com toques de Casa Cor.
Cada um lê o que quer. Mas não vamos entrevistar esse livro porque achamos que o povo está pirando ao achar que essa bobagem é revolucionária. Nada contra a pornografia. Tudo contra “romance açucarado para dar tesão em mulher idiota que acredita em homem rico lindo que pode salvá-la”. Os tempos mudaram. Merecemos mais. Você não vai ler nenhuma entrevista com a autora desse livro “supersexy” por aqui. Jurado e sacramentado.