O humano mais bacana da cidade

Fotógrafo americano retrata os tipos mais variados da cidade - e vira ídolo na internet

por Tania Menai em

Em uma cidade onde é quase um crime olhar no olho de alguém, seja na rua ou no metrô, há um ser humano fazendo com que os nova-iorquinos olhem mais uns para os outros. Trata-se de Brandon Stanton, um fotógrafo autodidata nascido em Atlanta que prova o que o escritor E.B. White já registrou em 1948: os melhores nova-iorquinos sempre são aqueles que vieram de outro lugar para se alojar nesta babel. Em 2010, Brandon trouxe para cá seu olhar curioso, depois de trabalhar com mercado de ações (bocejo!) em Chicago. Hoje, ele tem o trabalho que todo mundo (ou quase) queria ter quando crescer: registrar a diversidade dos seres vivos que habitam a cidade. O resultado é o site Humans of New York, projeto que já inspirou desdobramentos em lugares como Paris e Amsterdã.

A cada dia, Brandon posta no Tumblr, no Facebook e no seu site quatro fotos, com as legendas mais incríveis, de pessoas com quem ele esbarra pelas calçadas daqui. Papo de todas as rodas, em outubro passado Brandon publicou um livro com 500 dessas imagens, que começou a ser vendido antes da data de lançamento pela internet. Fisguei o meu no ato. Seus quase 2 milhões de seguidores no Facebook compartilham as imagens numa progressão geométrica sem paralelo, considerando que os fotografados são ilustres anônimos.

Brandon capta os humanos com respeito e democracia: é gente de cabelo azul, rosa, verde. Tem o pai que anda ao lado da filha, lendo um livro pra ela. O namorado a caminho de casa, segurando flores, dizendo que“ninguém pode ser tão feliz quanto ele numa simples terça-feira”. O mendigo barbudo afirmando que seria um ótimo modelo publicitário. O trabalhador civil sentado na escadaria do Grand Central Terminal contando a história de sua mãe, que ficou viúva cedo. O imigrante que diz estar “um pouco” separado de sua esposa.

Quando Brandon capta uma criança vestida de uma forma inusitada (coisa que não falta em Nova York) ele inclui na categoria “Microfashion”. Uma das fotos, aliás, foi de duas brasileiras, nascidas aqui, de 10 e 8 anos: Helena e Julia, irmãs, de vestidos floridos, que ele avistou no Central Park. A legenda dizia: “Ela me conforta quando não me sinto bem”. A foto, publicada em 6 de setembro passado, foi curtida por mais de 34 mil pessoas e compartilhada por 1.153. Brandon não revela nada sobre os personagens além da legenda do que eles falam – sobre Helena e Julia eu sei porque elas foram damas do meu casamento. Foi um orgulho vê-las nesse projeto. Se você é humano e tem algo interessante a dizer, talvez um dia seja a sua vez.

Vai lá: www.humansofnewyork.com

Tania Menai é jornalista, mora em Manhattan há 17 anos e é autora do livro Nova York do Oiapoque ao Chuí, do blog Só em Nova York, no site da Tpm, e também do site www.taniamenai.com

Crédito: Divulgação
Crédito: Brandon Stanton/Humans of New York
Crédito: Brandon Stanton/Humans of New York
Crédito: Brandon Stanton/Humans of New York
Crédito: Brandon Stanton/Humans of New York
Crédito: Brandon Stanton/Humans of New York
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