O fim de uma Barbie moderna
Dannielynn, filha da ex-coelhinha da playboy mais famosa da década, Anna Nicole Smith, já tem alguém para chamar de pai
Um dos dramas mais comentados durante o ano chegou ao fim (ou parte dele, pelo menos). Dannielynn, filha da ex-coelhinha da playboy mais famosa da década, Anna Nicole Smith, já tem alguém para chamar de pai. O felizardo é Larry Birkhead, fotógrafo que sustentou namoro com a modelo. A confirmação aconteceu na última semana, com o resultado do teste de paternidade. Na briga pela guarda, estavam alguns ex-casos de Anna Nicole. O principal, porém, era o advogado Howard K. Stern, último companheiro da modelo e pai no registro de Dannielynn. Birkhead pode herdar uma bolada, caso a filha ganhe na justiça a briga que começou dez anos atrás, com Smith. O prêmio? Metade da fortuna de J. Howard Marshall, magnata do petróleo e ex-marido da coelhinha, que deixou mais de 1,6 bilhão de dólares.
Leia abaixo trechos da matéria da última Tpm sobre a modelo.
Anna Nicole Smith viveu como uma personagem de filme trash e morreu num caso de sexo, drogas e escândalo. Tinha tudo para dar errado, mas virou blockbuster de uma sociedade completamente obcecada pela imagem
por Cynthia Garcia
A vida da bombshell Anna Nicole Smith, que morreu de overdose de remédios no dia 8 de fevereiro último, possui aspectos psicológicos reveladores da tragédia americana. Mas o fascínio da saga desta loura que imitava Marilyn Monroe também reside no fato de que se encontra dentro dos limites do politicamente correto da era Bush, incluindo até mesmo as aberrações da sua história, que não são poucas. O caso tem todos os detalhes escandalosos para durar meses nos tribunais, nos moldes do de O. J. Simpson, e inseri-la no rol dos ícones do Tio Sam. Anna Nicole viveu como personagem de um filme trash, com todos os ingredientes para ser fracasso, e vira um inesperado blockbuster. Perfeita loura "burra", ela nasceu no Texas de Bush, mas do lado errado da cerca: em um trailer. Seu julgamento, confuso como a vida que levou, se passa em três jurisdições, na Flórida, onde morreu (o juiz do tribunal é um nova-iorquino do Bronx, ex-motorista de táxi), na Califórnia, onde mantinha residência, e fora do país, nas Bahamas, onde teve a filha recém-nascida e enterrou, em setembro, o filho de 20 anos, morto de overdose.
Quem em Mexio (pronuncia-se merrii-iô), Texas, diria que Vickie Lynn Hogan viraria uma celebridade? O início de sua trajetória é igual ao de milhares de jovens. Aos 18 anos, grávida do namorado dois anos mais moço, morava num trailer e era garçonete no Jim's Krispy Fried Chicken, mas, em compensação, parecia uma pinup das ilustrações de Vargas para a Playboy. A mãe, uma loura obesa, evangélica, republicana, trabalhava na força policial local (o pai deu no pé quando a filha fez 2 anos). Em ambas, o mesmo sotaque texano de Bush.
Depois de um ano de casamento e porradas, a jovem Vickie Lynn parte, com seu bebê, para a conquista da cidade grande, Dallas. Sem sorte nos bicos, ao tentar um cabaré de quinta é escalada no turno menos privilegiado de striptease. Era o momento de diversão dos velhotes que fugiam de casa por umas horas para admirar as "dançarinas exóticas", nome de sua nova profissão. Um deles, quase centenário, em cadeira de rodas, vislumbrou na jovem a reencarnação de Marilyn Monroe e passou a oferecer gorjetas de 500 dólares que, logo, subiram para 5000 dólares a exibição. Nada mal para uma semi-analfabeta de 26 anos que não tinha onde cair morta. Ancião conhecido do bas-fond, Howard Marshall II era famoso por gostar de strippers, gastar com elas e ser um viúvo com o valor de 1,6 bilhão de dólares em poços de petróleo. Ele com 89 anos, 63 anos a mais que ela, juntaram-se em 1994. No dia seguinte do casório, não houve lua-de-mel. Ela foi para a Grécia, ele para casa. Marshall deu à jovem esposa 6 milhões de dólares em presentes durante os 14 meses de vida em comum e faleceu feliz da vida.
O terceiro tempo na vida de Anna Nicole iniciou com o entra-e-sai nos tribunais para garantir seu quinhão e lhe rendeu sua vertiginosa ascensão na mídia. Na briga pela herança com o filho único do ex, um sessentão, o Estado do Texas consentiu uma mesada de 50 mil dólares à madrasta. Não contente, ao final de 12 anos de batalhas jurídicas, ela entrou para o time das milionárias americanas ao receber 474 milhões de dólares. Não só isso, em maio de 2006, menos de um ano antes de ser encontrada morta, foi notificada que poderia recorrer à última instância, a Suprema Corte, em Washington, D.C., e lutar pelos 800 milhões de dólares que julgava serem seus por direito.
Fruto da cultura pop - e um totó viciado em Prozac
A exuberância de Anna Nicole e sua naturalidade diante das câmeras fizeram dela uma celebrity instantânea, exagerada nos gestos e no gosto, do jeito que o Tio Sam adora. A nova viúva milionária, de cara, foi convidada para ser a modelo de uma campanha dos jeans Guess (outra loura, a alemã Claudia Schiffer, também foi top de outra campanha da marca). Fotografada como uma Marilyn para as páginas da Vogue, firmou sua imagem sexy. Ao fechar o contrato de seis dígitos, o CEO da marca rebatizou-a Anna Nicole Smith, amenizando um pouco de seu ranço "white trash", de moça branca pobre. A campanha projetou-a de leste a oeste. Foi coelhinha da Playboy, playmate do ano, conquistou a middle-America, o povão americano. Mas Anna, boa de corpo, de copo e de cópula, se deslumbrou e se viciou em remédio para emagrecer e outros.
Com gastos cada vez maiores, sempre com o filho, Daniel, a tiracolo, uma entourage de cabeleireiros, amigos de ocasião e um totó peludo viciado em Prozac, a texana fincou seu nome no rol das celebridades da América. Assídua em centros de desintoxicação, eventos e campanhas de emagrecimento (sofria de oscilações de peso), ela, claro, foi convidada para "atuar" em três filmes, todos C. Nessa roleta-russa de muito pink e peitaria, foi premiada com um reality show com seu nome no E Entertainment, que batia a audiência do canal de fofocas. Foi no show, em 2000, que Anna, cortando a unha do pé ao vivo, apresentou um novo amigo, o advogado aproveitador Howard K. Stern. Seu segundo Howard, oposto do marido-avô, passa a gerenciar todos os minutos de sua vida, administrando suas contas e um coquetel lento, mas fatal, de sexo e drogas como metadona e cogumelos alucinógenos.
No último ano de sua vida, Anna engravidou de um fotógrafo de celebridades, Larry Birkhead, que se tornou seu fotógrafo oficial, e virou uma dona Flor, com Stern na liderança do trio. Habilidoso, ele a convenceu a mudar-se para as Bahamas por causa dos impostos. No dia 7 de setembro, ela dá à luz uma menina, registrada como filha dele. Três dias depois, o filho, Daniel, 20 anos, morre de overdose de um coquetel com metadona no hospital onde a mãe acabara de dar à luz. Anna tenta duas vezes o suicídio. Dia 8 de fevereiro último, ela morre em um hotel em Broward County, Flórida.
Mais um ícone para a América
Obcecada por Marilyn Monroe, Anna declarou querer ser enterrada junto a ela. Acabou morrendo como seu ídolo, num caso de sexo, drogas e escândalo. Na América, as louras ainda se divertem mais, mas o sorriso de Marilyn Monroe e o de Anna Nicole Smith não só escondem suas tragédias pessoais como são um indício da esquizofrenia que vem incluída no sonho americano. Atenção Paris Hilton, Britney Spears e Lindsay Lohan, celebridades louras da nova geração que andam pegando pesado: aprendam logo a lição.
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