O Dia da Mulher (ou o que ele se tornou)

Este mês decidimos não entrevistar o Dia da Mulher

por Nina Lemos em

Este mês decidimos não entrevistar o Dia da Mulher. “Como assim?”, vocês perguntam. Essa é uma data importante, afinal, é o marco do dia em que mulheres morreram em uma fábrica em Nova York lutando por melhores condições de trabalho (há quem diga que não é bem isso, mas que o dia veio depois de uma série de manifestações na Europa e nos EUA). Em todo caso, a causa é válida e pagamos pau para todas essas mulheres. Vocês terão nossa admiração eterna! E, se vocês fossem vivas, faríamos de tudo para entrevistar vocês.

O que preferimos não entrevistar: o que VIROU o Dia da Mulher. Era para ser uma data em que pensaríamos sobre várias coisas (por que o aborto não é liberado, por que ainda ganhamos menos que os homens etc.). OK. Algumas feministas sérias, que também contam com a nossa admiração, estarão, de fato, fazendo isso. Mas o que veremos na maioria dos lugares: as firmas entregarão rosas para as mulheres (porque elas são frágeis, coitadas!). E salões de beleza e clínicas de estética darão de presente para as mulheres descontos em coloração de cabelo (porque não podemos ter cabelo branco), depilação (temos que ter os pelos da moda) e tratamentos antienvelhecimento (porque, claro, não podemos envelhecer). Pesquisamos sites que produzem lembrancinhas para o Dia da Mulher. E sabe o que elas são? Evas! Sim, aquela que VEIO DA COSTELA DE ADÃO.

Não, não vamos fazer nenhuma matéria sobre o Dia da Mulher, porque foi isto que ele se tornou: uma data machista e consumista. Pobres das operárias que morreram por essa causa!

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