Nunca fui santa

Artista francesa cria imagens de santas bem longe do convencional e questiona idolatria

por Juliana Menz em

A arte da francesa Soasig Chamaillard, 34 anos, dá uma repaginada na santa esquecida na estante e questiona a idolatria exagerada de nossos tempos

 

Barbie, super-heroína, astronauta, mulher grávida e gay friendly. Essas são algumas das representações da Virgem Maria feitas pela artista plástica francesa Soasig Chamaillard. Há cinco anos ela faz releituras ousadas de pequenas estátuas da figura considerada sagrada, na tentativa de definir a mulher de seu tempo. “Por meio da imagem da Virgem falo principalmente das mulheres da sociedade contemporânea”, explica a artista, que tem recebido críticas da comunidade católica francesa. Mas, longe de querer fazer um manifesto contra a Igreja, Soasig garante que respeita as imagens com que trabalha. “Sou um produto e uma observadora da sociedade cristã ocidental. Não quero ofender ou chocar os crentes”, justifica-se. As santas transformadas pela artista são peças únicas – de, em média, 42 centímetros – e estão em exposição na Galerie Albane, em Nantes, na França. Sacrilégio para uns, bênção para outros.

Por que a escolha da Virgem Maria para representar a mulher contemporânea?
O que eu faço é tentar aproximar a Maria, um ícone feminino, da mulher de hoje. A maioria das imagens dessa santa está muito empoeirada para essa nova geração de mulheres. Precisamos de uma nova representação para nos inspirar.

Como você define a sua arte?
Uma reflexão feminina sobre a espiritualidade no tempo presente. Meu foco está na cultura que faz ídolos de tudo, desde brinquedos infantis até religiões. Simples assim.

Você acha que a mulher, mesmo que inconscientemente, tem um vínculo maior com a religião?
A mulher deveria enxergar quem ela é de verdade. Acredito que ela ainda se reprima muito em função da culpa cristã.

 

 

 

Vai Lá: www.galerie-albane.com

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