Noviça Rebelde
Bianca Comparato e Regina Braga encarnam Irmã Dulce em novo filme de Vicente Amorim
Quando era uma jovem noviça, ela contrariava as regras do convento e saía à noite para recolher os necessitados nas ruas de Salvador. Aos 21 anos, começou a atender a comunidade carente das palafitas de Alagados, criando um posto médico na região. Anos mais tarde, invadiu terrenos e ocupou um galinheiro, onde abrigou 70 doentes. Ali foi o embrião do que é hoje o maior complexo gratuito de saúde do Nordeste do país, que faz 4 milhões de atendimentos por ano. A trajetória de Irmã Dulce é contada no filme de Vicente Amorim, que estreia em novembro nos cinemas. Dividindo o papel de Dulce, as atrizes Bianca Comparato, 28 anos, e Regina Braga, 69, falaram à Tpm sobre a freira baiana
morta em 1992.
Bianca
Você conhecia a história da Irmã Dulce? Não, e confesso que de início pensei: “Poxa, fazer um filme de cunho religioso... será?”. Depois que li o roteiro, me senti péssima pelo preconceito. Hoje admiro muito a Dulce, uso até uma correntinha dela.
O que mais te impressionou? Ela era uma mulher proativa. Ia atrás do governante, do banqueiro, dos poderosos e pedia dinheiro para atender os necessitados. E fez coisas muito palpáveis: construiu hospital, creche, escola. Ela transcendia a religião, era transgressora e avant-garde.
Regina
Como você se preparou para o papel? O principal foi ir a Salvador, onde todo mundo tem uma história sobre a Irmã Dulce. São relatos pessoais e carregados de emoção. Ali entendi a importância dela e o privilégio que foi interpretá-la. Antes era algo distante, eu a confundia com a Madre Teresa de Calcutá.
Como foram as filmagens? Um dia a gente estava num lugar cheio de lama e mosquito, num calor insuportável. A figuração era de doentes e miseráveis. Eu ficava abatida, mas pensava: a Irmã Dulce viveu isso, só que o dela não era de mentira. Meu marido [o médico Drauzio Varella] visitou o hospital e disse: “Não entendo a burocracia da Igreja católica de esperar um milagre para considerá-la santa. A prova de que ela era santa é isto aqui”.
Vai lá: Irmã Dulce, estreia dia 27/11 nos cinemas