Não, não temos saudades da Amelinha!

Nos anos 70 existia uma boneca em homenagem à Amélia

por Nina Lemos em

Nos anos 70 existia uma boneca em homenagem à personagem da música “Ai, que saudades da Amélia”. A boneca vinha com um espanador, uma tábua de passar e um rodo. Não estamos brincando ao falar que ela era um “brinquedo”

“Amélia não tinha a menor vaidade, Amélia que era mulher de verdade.” Sim, vocês conhecem essa música e agora ela é até engraçada etc. Mas recordar é viver. E quem escreve esta coluna tem mais de 40 anos e veio contar uma história para quem tem 30: nos anos 70 existia uma boneca chamada Amelinha. E isso é sério.

Era assim. Ela era uma dona de casa com uma roupa que parecia um uniforme (uma versão rosa ou azul dos uniformes usados pelas babás vestidas de branco, talvez o que no passado se chamasse de guarda-pó).

Assim como a Barbie, a Polly etc., ela também tinha acessórios. No caso: uma tábua de passar, um ferro, um rodo, uma vassoura, uma pá e um espanador. Não é brincadeira. É verdade.

Não sabemos quem foi o gênio que inventou tal boneca. Mas ela era, sim, um sucesso de vendas. E meninas passavam a tarde brincando de Amelinha, uma moça que era mulher de verdade porque não tinha a menor vaidade, passava fome ao lado do homem e quando o via contrariado dizia: “Meu filho, o que se há de fazer”.

A boneca era vendida como uma “dona de casa de verdade”. Na vida real, talvez aquele rodo servisse para ela apanhar, já que mulher de verdade também não reclamava se levava uns tabefes.

Ainda ficamos chocadas ao ver que na seção de brinquedos para meninas não existem carros (só um rosa da Barbie). E sobram TÁBUAS DE PASSAR ROUPA, ferros etc. Mas, já que vivemos dizendo que o mundo acabou, resolvemos dizer agora que ele, sim, MELHOROU. Mas, definitivamente, não temos a menor saudade da Amelinha.

P.S. Amelinha tinha o sorriso mais alegre e forçado do mundo estampado no rosto. Nosso diagnóstico: ela tomava Valium.

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