Na linha do passe
Os rostos desses garotos costumavam figurar em ônibus lotados na hora do rush
Os rostos desses garotos costumavam figurar em ônibus lotados na hora do rush. Agora, estão na telona. João, José, Kaíque e Vinícius são as estrelas do filme Linha de Passe
1. João Baldasserini (Dênis, o motoboy)
João é um cara muito bonito e doce. O Waltinho identificou seu potencial debaixo da barba que usava no teste – que fez, na verdade, para o papel do irmão evangélico. Barba raspada, nariz grego e um charme inescapável, ganhou o personagem do Dênis. Para isso, mentiu saber andar de moto. Lembro do pânico que senti quando o vi indo treinar com o instrutor: ele tremia ao guidão. Mas lembro do orgulho que senti quando, meses depois, numa cena a quase 100 quilômetros por hora na avenida 23 de Maio, lotada, vi João tirar o celular do bolso, ler uma mensagem e guardá-lo. Pilotaço. Que determinação.
2. Vinícius de Oliveira (Dario, o jogador de futebol)
Lembro do teste do Vinícius para Central do Brasil. Fui dos privilegiados amigos do Waltinho para quem ele mostrou sua incrível descoberta. Convivi com Vinícius dez anos atrás, nas filmagens de O Primeiro Dia. Ele já era rato de set, o lugar onde parece estar mais à vontade, exceto na várzea, jogando uma bolinha… Sempre torci muito por ele e tenho orgulho da maneira como fez valer as oportunidades. É inteligente, espirituoso, determinado e talentoso. Quando o Waltinho o convidou para fazer o Linha, ele se matriculou na escolinha do Zico e treinou, treinou, para jogar o bolão que joga no filme.
3. José Geraldo (Dinho, o frentista evangélico)
Acredito que ele tenha sido o ator que mais se transformou com a experiência do filme. Me parece que é um traço da sua personalidade: viver tudo intensamente. Ele fez um mergulho profundo e sem preconceito no universo da igreja evangélica. Havia momentos em que tinha a impressão de que ele havia se convertido! Mas, quando me con- tavam o que ele aprontava nas festas, descobria que ainda era o mesmo. Conto que o que nos fascinou no seu teste foi um olhar de louco. Voltávamos sempre a ele. Zé disse que teve a intuição de que esse era o caminho para o “Dinho”. Ele estava certo.
4. Kaíque de Jesus Santos (Reginaldo, o caçula, e filho de Nalva)
Meu xodó. Xodó de toda a equipe. O cara mais marrento, charmoso, espirituoso e criativo que já conheci. Ele alterna entre nos ensinar sobre a vida – da qual parece conhecer todos os segredos – e não acreditar no que está acontecendo com a dele! Kaíque nunca havia pensado em ser ator. Queria ser jogador de futebol ou bombeiro, contou na entrevista do teste. Posso dizer que, além de ator extraordinário (a ponto de dormir profundamente cada vez que a cena assim exigia), foi um co-diretor nosso, dando toques a todos os seus companheiros de cena, propondo falas, marcas, intenções. Morro de saudade de conviver com essa delícia de pessoa todo dia.