Mulher-aranha
A ex-modelo, apresentadora e stylist Chiara Gadaleta divide com a Tpm seu ritual de beleza
Conteúdo tem de sobra nos 38 anos de Chiara Gadaleta. Quando mais nova, aos 18, sua vontade era cursar artes plásticas. Mas, por insistência do pai, rendeu-se à comunicação social. Logo conseguiu um estágio na revista Casa Vogue e foi apresentada à carreira de modelo. “A Patrícia Carta [editora da Vogue] me olhava e eu morria de medo!”, lembra. “Um dia ela me mandou tirar umas fotos no estúdio do Bob Wolfenson. Resultado: em meses tinha um book enorme!” Dali para Paris foi um pulo. Dividiu casa com outras meninas, emagreceu 10 quilos em duas semanas, aprendeu a se maquiar e a diferenciar peças bem construídas das malfeitas.
Mas Chiara sempre soube o que queria. Tanto que nem aparecia nos castings de estilistas que achava cafonas. “Eu era um cabide, mas um cabide inquieto. Minha imagem sempre foi importante pra mim”, pontua. Bastaram dois anos e meio na capital francesa para Chiara não ver mais graça no mundinho. Seu namorado da época – com quem teve Gianluca, hoje com 13 anos – sugeriu que ela procurasse uma escola de moda. Descobriu o Studio Berçot, tradicionalíssima escola francesa – e com ele se encantou. “Me apaixonei”, conta. No Berçot, ela começou a transformar seu talento em expressão de moda. Voltou ao Brasil amadurecida, virou stylist, casou-se outra vez (com o fotógrafo Daniel Klajmic) e teve a segunda filha, Laila, 4 anos.
Em 2006, inaugurou sua loja-ateliê, a Tarântula. É lá que ela transforma seu conteúdo em peças que circulam mundo afora. Laila não perde um movimento de Chiara. E a mãe brinca: “Ela foi mordida pela Tarântula. Escolhe suas roupas, rolam uns genes ali”. A estilista, conhecida por não seguir tendências e ter opiniões fortes, vez ou outra intimida. E, embora sua Tarântula possa parecer assustadora, quem chega perto logo se encanta e percebe que o veneno passa longe dali.
De onde veio seu estilo tão próprio? Cresci vendo minha mãe, uma mulher linda e que adorava se arrumar. Ela fazia mil produções e tinha um estilo legítimo. Me deixou essa habilidade de misturar as coisas, de acreditar num estilo pessoal. Mas aprendi que o estilo tem que ser natural, só assim fica harmônico. Me visto em 5 segundos, nada é muito elaborado nem torturante.
Como foi a vida de modelo? Desaconselho qualquer uma a ser modelo. Ou a menina precisa ajudar a família ou não faz sentido. Não dá para jogar uma criança de 14 anos no mundo para enfrentar a rejeição instantânea. Resolvi um monte de coisas do meu ego ali, porque você é rejeitada tanto quanto é aceita. Em Paris fiz um regime maluco, beirei a bulimia. Fico sensibilizada com essas meninas que dizem comer de tudo. Mentira. É impossível ter 1,80 metro de altura e pesar 56 quilos.
Qual é seu segredo de beleza? A terapia. Faço análise freudiana há oito anos. O processo do autoconhecimento é fundamental para transformar a vida. Essa coisa do corpo são em mente sã caiu como uma luva para mim. Me sinto muito melhor hoje do que quando tinha 20 anos. A beleza a gente constrói todos os dias.