Movimentos Cotidianos

Dança Desvio para o Vermelho leva aos palcos interação entre um casal e suas consequências

por Flora Paul em

"Na astrofísica, quando um corpo entra em alta velocidade, ele se torna vermelho, como se entrasse em combustão, essa velocidade o transforma" explica a bailarina e pesquisadora de dança contemporânea Carmen Gomide, sobre o nome do projeto Desvio para o Vermelho. "A gente está usando isso como uma metáfora dos estados do corpo. Uma metáfora do nosso cotidiano, de uma relação e de todas as coisas pelas quais passamos, que vão gerando outros estados".

No espetáculo, Carmen e o bailarino Aguinaldo Bueno interagem tanto entre si quanto com projeções em vídeo dos dois. A ideia é perceber como cada movimento que fazem interfere na relação – "Como eu percebo o outro, como o outro me percebe e como esse jogo acontece", diz Carmen. O jogo entre os dois vária em cada apresentação, que é baseada em improviso. "O espetáculo varia, não tem necessariamente um tempo fixo ou as mesmas coisas. Ele pode ser mais longo, mais curto, depende de como esse jogo acontece e de como você reage as propostas que vão surgindo em cena. Até para você ter uma liberdade".

A vídeo-instalação do casal, feita durante os ensaios e em outras apresentações, ajuda a ampliar a percepção das cenas, e foi filmada pelo bailarino Osmar Zampieri, também em movimento. "É como se o vídeo já existisse antes de nós, ele na verdade vai dar para a gente, através da tecnologia, um olhar que o olho humano não conseguiria".

Todo o trabalho com movimentos do corpo faz parte do núcleo de pesquisa Eu et Tu, criado por Carmen. "É um núcleo que visa fomentar a discussão de como o corpo lida com o conhecimento e a informação do movimento, o que não é muito familiar ainda para as pessoas. O corpo ainda é visto como um virtuoso, na dança, você lembra sempre dos grandes bailarinos virtuosos, que repetem todo dia a mesma pirueta". Em Desvio para o Vermelho, o espetáculo quer abrir nosso olhar para movimentos cotidianos e como o sentimos, algo que não necessariamente consideraríamos espetacular.

 

Vai lá:
Desvio para o Vermelho na Galeria Olido
Av. São João, 473, Centro, São Paulo
Dia 3 de outubro às 20h
Quanto? Entrada franca
Tel.: (11) 3397-0171

Desvio para o Vermelho na Galeria Vermelho
R. Minas Gerais, 350, Consolação, São Paulo
Dia 6 de outubro às 21h
Quanto? Entrada franca
Tel.: (11) 3138-1520

Desvio para o Vermelho no Sesc Ipiranga
R. Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo
Dias 15 e 16 de outubro às 21h
Quanto? R$ 10 (tem meia-entrada e descontos para matriculados no Sesc)
Tel.: (11) 3340-2000

Desvio para o Vermelho para a Sala Crisantempo
R. Fidalga, 521, Vila Madalena, São Paulo
De 22 a 31 de outubro às 21h
Quanto? R$ 10 (tem meia-entrada)
Tel.: (11) 3819-2287

Classificação etária: 12 anos.

 

 

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