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Depois de três anos como vereadora em São Paulo, Mara Gabrilli quer ser deputada federal

por Nina Lemos em

Três anos depois de atuar como vereadora na cidade de São Paulo, Mara Gabrilli se lança candidata a deputada federal: “As conquistas que fiz até aqui já foram grandes. Agora, acho importante poder legislar para o país”

 

A vereadora e colunista da Tpm Mara Gabrilli, 42 anos, nunca havia pensado em entrar na vida política. Até que sua mãe, com a insistência característica das genitoras, começou a dizer: “Mara, por que você não se candidata a vereadora?”. A ideia fazia sentido, já que a moça, após sofrer um acidente de carro que a deixou tetraplégica, já militava na ONG PPP (Projeto Próximo Passo), criada por ela (e que, dez anos depois, se transformou no Instituto Mara Gabrilli). Mara acabou seguindo o conselho da mãe e obteve votos para ser suplente. E, enquanto o chamado para assumir seu posto não vinha, montava a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED), em São Paulo. Em 2007, com a secretaria montada, foi convidada para ser vereadora. “Larguei a secretaria morrendo de pena. Mas tive que pensar que o trabalho lá já estava andando e que eu tinha o que fazer como vereadora.” Agora, Mara acha que tem ainda mais o que fazer, principalmente pelos deficientes, e concorre, na próxima eleição, ao cargo de deputada federal, pelo PSDB. Aqui, ela conta o que fez uma mulher que nunca tinha pensado em ingressar na carreira política entrar nessa.

Você está há quatro anos como vereadora. O que acha que conseguiu?
Algumas leis foram aprovadas. Mas isso não é mais importante do que eu ter introjetado a noção da acessibilidade dentro da Câmara. Quando entrei, os vereadores protocolavam em média um projeto de lei por mês para pessoas com deficiência. Hoje, todos fazem projetos para essa população. Eles passaram a ver as dificuldades que eu tinha. Tiveram que colocar um elevador para eu subir na tribuna. E até para votar agora tenho um dispositivo supertecnológico, que faz com que eu vote com os olhos, piscando.

Como você lida com o dia a dia da política? Não é chato?

A única parte chata é o plenário. A gente tem que ficar várias horas lá ouvindo coisas, num lugar fechado. É meio chato.

E por que ser deputada federal?
Eu poderia ser candidata a deputada estadual, que é do lado de casa. Imagina o que é para uma tetraplégica ir toda semana a Brasília. Aqui tem muita coisa para fazer, mas os vereadores já começaram a pensar na acessibilidade. A secretaria está pronta. Agora, vai ver como está a questão da acessibilidade no resto do Brasil. Acho importante poder legislar para o país, porque eu não posso atuar na questão da lei de cotas, por exemplo, que faz com que empresas tenham que contratar pessoas com deficiência. Porque isso é federal, assim como a questão do transporte. As conquistas que fiz em São Paulo foram grandes. Agora, temos o que fazer em nível nacional.

Você é a favor do casamento gay e da legalização do aborto?
Claro que sou a favor do casamento gay. Acho que todo mundo tem que ter os mesmos direitos. Milhares de meninos e meninas devem ter mais direitos para viver o amor deles. Agora, a questão do aborto, eu acho que talvez o Brasil não esteja preparado para legalizar. Mas um dia isso tem que acontecer. Porque, o que acontece hoje? As meninas fazem aborto de qualquer jeito. Como se fosse um açougue. E muitas morrem. Talvez ainda não tenhamos maturidade para legalizar. Mas a gente tem que começar a se preparar para isso já.

Você escreveu no Twitter “Você confiaria na Dilma [Rousseff] para ser babá dos seus filhos?”. Essa frase causou polêmica. Se arrepende de ter escrito?
Essa história... Estava conversando com uma amiga e disse que era difícil eu não gostar de alguém, mas que não ia com a cara da Dilma. Aí, ela disse: “Mas eu não confiaria nela nem para ser babá dos meus filhos”. Postei essa frase e falaram que era preconceito. Falaram que eu estava sendo mandada pelo partido, recebi um monte de tweets me xingando. Falaram que eu estava atacando a mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Eu não pensei em nada disso. Era só uma pergunta. Escrevi porque tinha curiosidade em saber como as pessoas viam a Dilma como ser humano.

E confiaria no Serra para ser babá dos seus filhos?
Ah, confiaria. Ele é afetuoso, todo mundo fala que ele é mal-humorado, mas ele é fofo. E acho o mesmo da Marina [Silva].

 

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