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Mordendo a maçã

Erika Mader dando um relax no Republic, em NY, restaurante em que se come rápido e bem

Erika Mader dando um relax no Republic, em NY, restaurante em que se come rápido e bem

 

Não sou o tipo de jovem que sonha em fugir para a Austrália ou para a Nova Zelândia em busca de liberdade e diversão. Sempre preferi a ideia de conhecer a América do Sul ou, quem sabe, viver um período na Itália, em Florença ou Roma. A verdade é que sou bem brasileirinha. Gosto da nossa música, da nossa cultura, da nossa comida e do nosso povo. Sou assumidamente provinciana.

 

Eis que a vida me convida pra me mudar para os Estados Unidos, país pelo qual nunca demonstrei menor afeição nem interesse. Pra falar a verdade, podendo evitar escalas em território norte-americano, melhor. Mas, de coração aberto e malas prontas, aceitei a proposta. Irrecusável, por sinal: trabalho, casa e dinheiro no fim do mês. Ô, maravilha! O trabalho, desde o começo, pareceu o mais atraente: entrevistar pessoas e lugares incomuns para o programa Lugar Incomum, do Multishow. Seria, no mínimo, engraçado. Era certo que eu iria me divertir. O destino é que me perturbava um pouco. Cidade grande. Metrópole. Prédios. Frio. Vida noturna. Cinza. Fashion. Business. Multidão. Trânsito. Eu estou falando de Nova York.

Já havia visitado a cidade algumas vezes. Sempre bem acompanhada pela família e pelos amigos. Nunca com uma motivação instigante. A cidade do cartão-postal era desinteressante para mim. Mas lá fui eu. De espírito livre. Com lenço e com documento. E com um bloco de notas cheio de dicas de amigos e amigos de amigos que já viveram na cidade.

ACHADOS E PERDIDOS
Cheguei turista. Com guia, mapa, orientação de metrô e endereço dos melhores restaurantes e museus. Estrangeira. Aos poucos fui me dando conta do quão bem eu estava inserida ali naquele contexto. Nova York não é Estados Unidos. É Terra. Planeta Terra. Há gente do mundo todo. É cidade cosmopolita, um grande caldeirão cultural. Tem de tudo e pra todos os gostos. Impossível se sentir um peixe fora d’água. Você gosta de hip hop? Tem. Você gosta de samba? Tem. Jazz? Aham. Eletro-punk-rock? Claro. Comida mexicana? Sim. Pouco apimentada? Tem. Japonesa? Também. Ayuvérdica? De sobra. Basta comprar a Time Out, revista indispensável, e procurar exatamente o que você quer. Em Nova York tem. E do melhor.

CINEMA, TURISTAS E ORGÂNICO
O ideal é sair a pé. Perder-se. É assim que encontro os lugares mais legais e escondidos. Em caso de preguiça aguda ou frio, apelo para o metrô. Ele leva de ponta a ponta, em poucos minutos, e ainda atravessa a ilha. Afinal, Nova York não se resume a Manhattan. As estações são seguras, dá pra andar inclusive à noite. Acostume-se com a mudança repentina na rota dos trens para per­der-se um pouco mais. Quando preciso de ar puro, vou ao parque. Há sempre um perto de você. Gosto muito do Madison Square.

Descanso ao lado da East Village Radio, rádio pública do bairro

É uma praça bem verde com árvores lindas, e ainda tem uma lanchonete, na própria praça, que vende sanduíches ótimos. Outra opção é a Union Square – reduto de jovens skatistas e músicos. Ao redor da praça tem boas opções de restaurantes e lojas. No Republic você come rápido e bem. A comida vem em tigelinhas. É meio asiático. Tem macarrão com frutos do mar, arroz com molho picante. A Forever 21 é uma loja superlegal e com preço justo. Vende roupa feminina e masculina. Você encontra de bijuterias a biquínis e roupas para sair à noite, por cerca de US$ 20. As bolsas de couro são bonitas e baratas.

Se vier pra ficar, estude. Aqui tem os melhores cursos em todas as áreas. As universidades NYU, New School e School of Visual Arts são excelentes pra fazer artes vi­suais, cinema e fotografia. O di­ferencial des­ses cursos é que você une a teo­ria com a prática e, em pouco tempo, já tem à dis­po­sição uma câmera filmadora para exercitar. Eu, por exemplo, estou fa­zen­­­do direção de fotografia e roteiro na NYU e direção de ci­ne­­ma e inglês na New School. Os ho­rários são bons para quem trabalha: fim da tarde, apenas um ou dois dias por semana.
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A noite no Lower East Side é uma boa pedida. Tem bares, boates e restaurantes que ficam abertos até tarde. Fora isso, gosto muito de passear pelo Soho. Os mais antenados dizem que o bairro já está “out” porque ficou muito famoso e foi invadido por turistas. Pra mim continua lindo. E, se os turistas invadiram, eu sou um deles. Lá está cheio de lojinhas de novos designers, bistrôs e muitos cantinhos charmosos. Segundo a galera mais cult, o lugar da vez é Williamsburg, no Brooklyn. É pra lá que os artistas estão se mudando. O bairro é realmente agradável. Só de sair da ilha você já respira um ar diferente. A arquitetura é de prédios mais baixos, você vê mais o céu. Fora isso, não precisa nem levar indicação porque tem um lugar mais charmoso que o outro. É apostar e entrar. Você não vai errar.

 

SEU LUGAR AO CINZA
Tem um bar que adoro. Fica em um po­rão. Chama-se Fat Cat. Perfeito pra jogar pin­gue-pongue, sinuca e xadrez. Rola mú­sica ao vi­­vo de alta qualidade e você ainda po­de pe­dir delivery de restaurantes próximos. Para um jantar de última hora, vá ao East Vil­­lage. Tem um restaurante do lado do ou­tro, todos deliciosos. No Meat­pa­cking, a­do­­­ro o Pastis. Reserve por­que é sem­pre che­­­io. Aproveite a onda natu­re­ba que invadiu a cidade e compre produtos or­gânicos no supermercado Whole Foods. Caro, mas orgânico. É o preço da saúde. Será?

­­­A única coisa que falta em Nova York são nova-iorquinos. Se você esbarrar com um, sorria. Eles são raros. Peça de museu. Aliás o que não falta em Nova York é museu. Uma dica é o PS1, o braço do MoMa no Queens. Vá de o­lhos bem abertos. Você pode acabar, literalmente, pisando em obra de arte. No mais, ponha para fora o seu espírito gringo e não hesite em visitar os pontos turísticos mais clássicos. Não é amor à primeira vista, nem amor platônico. É estar de coração aberto, porque diante da imensidão dos arranha-céus, você, que até então se sentia apenas mais uma pequena criatura sozinha no mundo, percebe que tem o seu espaço. Em Nova York todo mundo tem. Eu mordi a maçã. E gostei.

Carona no caminhão do Fedex

ONDE, QUANDO E COMO SE VIRAR EM NOVA YORK:

Quem leva
TAM e American Airlines, ida e volta, com ta­ri­fas entre R$ 2.119,63 e R$ 2.410,26.

Onde ficar
Library Hotel Cada quarto é decorado como uma biblioteca, com prateleiras cheias de livros. Mes­mo assim, um é di­ferente do outro. Não é barato, mas vale a pena. 299 Madison Avenue com 41 St, (212) 983-4500 e (212) 499-9099, www.­libra­ry­ho­tel.­com. Dica TPM: Click Hoteis Para conhecer mais 98 hotéis em Nova York – e mais de 16 mil espalhados pelo mundo ­– dê um pulo nes­te site especializado em reservas on-line: www.clickhoteis.com.br.

Para ir de dia
Madison Square Park Praça cheia de verde e sanduíches deliciosos. Madison Avenue com 5th Avenue entre East 23rd St e East 26th St, www.madisonsquarepark.org. Union Square Reduto de skatistas e músicos. Broadway com 4th Avenue, East 14th St e East 17th St.

Para ir à noite
Fat Cat 75 Christopher com 7th Avenue, (212) 675-6056, www.fatcatmusic.org. Nublu Ca­sa de show que apresenta bandas in­de­penden­tes e transforma muitas em hy­pe. Tocam grupos de todo o mun­do e mui­ta música brasileira. 62 Avenue C entre 4-5th St, East Village, www.­nublu.­net.

Onde comer
Pastis Restaurante de comida me­­­­xi­cana. Você não dá nada por fora, é bem simples. Mas os pratos são deli­­­cio­sos. 9 9th Avenue, (212) 929-4844, www.pastisny.com. La Esquina, 114 Kenmare St, (646) 613-7100, www.esquinanyc.com. Re­pu­blic, 37 Union Square West, (212) 627-7172, www.­think­noodles.com. Whole Foods Market Mercado de orgânicos. 250 7th Avenue, (212) 924-5969 e na 10 Co­lum­bus Circle, (212) 823-9600, www.holefoodsmarket.com.

O que visitar
P.S.1 Contemporary Art Center Braço do MoMa no Queens. 22-25 Jackson Avenue com 46th Avenue Long Island, (718) 784-2084, ps1.org. Whitney Museum Aqui sempre tem exposições de arte contempo­rânea. Madison Avenue com 75th St, (212) 570-3600, www.whitney.org.

Onde comprar
Forever 21, 50 W 34th St # 160, (212) 564-2346, 40 E 14th St e na 578 Broadway, (212) 941-5949, www.­forever­21­.com. Century 21 É uma loja de novos designers, com roupas menos comerciais e exclusivas. Sábado e domingo fica lotada, então é melhor ir durante a semana. 22 Cortlandt St # A, (212) 227-9092, www.­c21­stores.­com. Urban Out­fit­ters Loja enorme, tem em vários lugares da cidade. Você pode comprar desde mo­de­litos para festas até aqueles para o dia a dia, pagar por uma máquina fotográfica e um travesseiro. Não é barata, mas, se pro­curar bem nas liquidações, sempre tem algo com preço justo. 999 3rd Avenue, (212) 308-1518, 526 Avenue of the Americas, (646) 638-1646, www.urbanoutfitters.com. Strand Book Store Inc Essa livraria é grande, tem livros de assuntos variados e alguns usados. 828 Broadway, (212) 473-1452, e na 95 Fulton St. (212) 732-6070, www.strandbooks.com.

Onde estudar
NYU O bom dos cursos são as opções de horários. Fáceis de conciliar com traba­lho. www.­nyu.edu. The New School www.­new­school.edu. School of Visual Arts, www.­schoolofvisualarts.edu, 209 East 23 St, (212) 592-2000 e (212) 725-3587.

 

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