Mônica Bergamo
Há oito anos a jornalista comanda a disputada coluna social do jornal mais lido do Brasil
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Há oito anos no comando da disputada - e às vezes detestada - coluna social do jornal mais lido do Brasil, ela faz desde denúncias de corrupção a anúncios de separação. Mônica Bergamo carrega a fama de durona, repórter farejadora e workaholic. Por trás dos mitos, porém, está uma mãe "como todas as outras", uma mulher "vaidosa, mas não muito" e uma pessoa que chora "sempre". A seguir, a colunista muda de lado e abre a guarda para a Tpm
A manhã começa agitada na casa da principal colunista social do Brasil.
Mas não são telefonemas de Brasília nem um staff de assistentes que fazem barulho na casa de Mônica Bergamo, 41, responsável por uma das páginas de jornal mais lidas do Brasil: a E2, da Ilustrada da Folha de S.Paulo. O agito vem da cozinha, onde Ana Maria, a filha de Mônica, de 7 anos, e Marina, irmã da jornalista da mesma idade de Ana, tomam café-da-manhã. A refeição é servida pela babá - e, não, ela não está vestida de branco como tantas outras de Higienópolis, o bairro de elite onde Mônica mora sozinha com a filha. Apesar de ter chegado às quatro da manhã do jornal, Mônica já está na rua às nove e meia fazendo "coisinhas pelo bairro". A responsável por furos que vão desde despesas da primeira-dama até separações de famosos, como a de Caetano Veloso e Paula Lavigne, recebe a reportagem da Tpm em seu apartamento de dois quartos que não tem nada de sofisticado.Mesmo morando lá há sete anos, os quadros ainda não foram pendurados."Só dei uma melhorada na sala depois que a Danuza Leão veio aqui e disse que a minha casa era pior que a do Tarso de Castro", diz Mônica. Tarso, para quem não sabe, foi um dos fundadores do Pasquim, famoso pela vida boêmia. Depois da comparação, a jornalista comprou sofá e mesa novos.
Obcecada
Workaholic assumida, ela passa uma média de nove horas na redação pendurada no telefone. E tem fama de estressada, coisa que não nega: "Penso em trabalho o tempo todo", admite. Mônica, formada há 22 anos pela Cásper Líbero, em São Paulo, começou a carreira na editora Abril, onde trabalhou na Playboy e, mais tarde, na Veja. Foi repórter especial na própria Folha e também diretora da Band em Brasília, onde morou por cinco anos. Filha de classe média da Vila Madalena, ela não cresceu na alta sociedade. Só tomou intimidade com esse mundo em 2000, quando foi convidada para assumir o lugar de Joyce Pascowitch, na época marca registrada da Folha. A vida de colunista, garante Mônica, não mudou o pH do sangue de repórter de política que corre em suas veias. Mas alterou,"só um pouco", seu figurino: "Em Brasília só andava de terninho. Agora, tenho um longo e roupas mais modernas. Mas só para não destoar nos ambientes". A viciada em trabalho é também obcecada pela família. Tanto que, quando deu à luz Ana Maria, chegou a pensar em parar de trabalhar para assombro geral de pessoas próximas. "Minha irmã achava que um espírito tinha tomado conta de mim", brinca. A irmã em questão é a fotógrafa Marlene Bergamo, com quem morou por 28 anos. Mesmo sem nunca ter se casado, a vida familiar parece ser importante para Mônica, que já perdeu gente muito querida: a mãe, aos 19; um dos irmãos, em 2004; e o pai, em 2005. A seguir, o melhor da conversa que a Tpm teve com a jornalista poderosa que assume, entre outras coisas, ser uma chorona de mão-cheia.
Tpm. Como é um dia na sua vida?
Mônica. Acordo cedo todo dia, porque falo em uma rádio [a Band News FM] às oito da manhã ao vivo. Entro no jornal às dez. Fico de manhã com a Ana [sua filha] e nos dias em que ela entra mais cedo na escola eu a levo. Chego ao jornal e saio ligando para as pessoas. Tenho sempre uma listinha com o nome de pessoas quentes para os assuntos que estão no ar naquela época. Nos fins de semana, fico 100% com a minha filha, só faço programa de criança. Já vi todos os filmes infantis que vocês possam imaginar. Agora, aos que quero assistir. ainda não consegui ver nenhum.
Você precisa sair muito para jantares e badalações por causa da coluna? Gosta disso?
Hoje quase não saio quando não é por causa do trabalho. Quando é uma coisa que eu sei que vai render notícia, eu vou. E gosto, porque gosto do meu trabalho, de conseguir as informações, mas só.
O seu nome hoje é uma marca, o nome de uma coluna. Como você lida com essa exposição?
É normal. Faço o que eu fiz a minha vida toda como repórter. A diferença é que hoje tenho um espaço importante dentro de um jornal importante. E isso me permite entrar em todos os lugares. Posso fazer desde o bastidor do senado até o bastidor da novela das oito. Tudo isso cabe na coluna. Gosto dessa abertura. Antes eu era repórter de política em Brasília. Então, o que eu fazia? Ficava todos os dias no Congresso.
Trabalhar em Brasília foi uma escolha sua? Você gostava?
Gostava de política, trabalhava na Veja e achava que eu não seria uma repórter de política de verdade sem passar por essa experiência. Quis ir e fiquei lá por cinco anos. Aí você entende como as coisas funcionam de verdade. E é uma loucura, porque vem a bancada dos ruralistas, que pede não sei o que, a da igreja, tudo acontece por ali. Hoje, talvez achasse meio limitador, porque minha vida profissional é muito mais rica. Posso ir ao Rio entrevistar o Selton Mello ou a Cuba falar com o Fidel Castro, tudo cabe dentro daquele espaço.
Como você lida com a pressão de ter que ter notícia quente todos os dias?
A pressão sempre existe. Quando eu era repórter, me sentia agoniada às vezes por ficar um tempo sem publicar uma matéria. Hoje, minha pressão é ter que preencher aquele espaço todo dia. Nota superboa, daquelas que vão parar na primeira página, não é todo dia que eu tenho. Mas uma coluna razoável com informações quentes sei que sempre terei. E minha equipe é boa. Trabalho com três repórteres que correm atrás da notícia. E notícia boa não chega de graça, você tem que correr atrás. É por isso que trabalho bastante.
Você publica notas que devem chatear as pessoas, como separações, fulano que foi visto com sicrano. Alguém já ligou te xingando?
Milhões de pessoas já me ligaram reclamando, mas eu entendo. Acho totalmente legítimo. Ficar com raiva e reclamar é um direito da pessoa. Se estivesse no lugar daquela pessoa talvez eu reclamasse também. Mas temos uma segurança porque apuramos tudo direitinho. Nada ali é gratuito, muito menos pessoal.
Você tem fama de ser super-rigorosa com esses presentes e brindes que são dados para jornalistas. Já passou por alguma situação embaraçosa por isso?
Sim, passo por muita situação chata. As pessoas me mandam presentes e muitas vezes eu os devolvo, com flores, explicando que não posso aceitar. Uma vez um empresário me mandou uma caixa com 12 vinhos. Eu não sabia como devolver. Fiquei super sem graça e falei que não podia aceitar bebida. No outro dia me mandaram uma bolsa. Tive que falar com a diretoria do jornal e chegamos à conclusão de que devolver ia ficar muito grosseiro. Então doamos a bolsa para uma instituição de caridade.
A sua cabeça pára de pensar em jornalismo?
Não. É difícil desligar. No fim de semana, tento não pensar em notícia. No sábado, tento ler poucas coisas do jornal. E, no domingo, só vejo jornais e revistas se eu sei que tem alguma bomba. Me desligo totalmente uma vez por ano, quando viajo e fico sem ler o jornal.Mas,no dia-a-dia, não dá pra desligar.A cabeça de quem trabalha com jornalismo diário não pára mesmo, é uma coisa de louco.
Como é trabalhar com você? Existe um mito de que você é estressada demais.
Eu sou estressada, claro. Mas não me lembro de ter tido uma briga séria com ninguém da equipe. É um convívio intenso e acho que sou um pouco ansiosa e estressada, sim.Mas muitas pessoas que trabalham comigo tiveram convites para ir para outros lugares e não foram. Então, não deve ser tão ruim assim. Mas não é um trabalho fácil.
Esse estresse altera a sua saúde?
Acho que não. Acabei de fazer um checkup e está tudo bem. Eu estou acostumada com isso. Para mim é normal, faz parte da minha vida.
Quando você assumiu a coluna, em 2000, entrou no lugar da Joyce Pascowith, que estava lá havia 14 anos e era muito lida. Existe alguma rixa entre vocês?
De forma alguma. Eu já conhecia a Joyce, a gente conversava muito porque a minha irmã [a fotógrafa Marlene Bergamo] fotografava para a coluna dela. O que aconteceu foi que, no início, quando os leitores queriam me provocar, diziam que a coluna era pior que a da Joyce. E claro que isso me incomodava. Mas o problema não era com ela, que é uma pessoa muito gentil comigo e com a minha irmã. Quando passamos por alguma situação difícil, ela sempre se manifesta, telefona, se preocupa. Temos uma relação ótima. E a Joyce está em outro patamar, não existe competição.
Dizem que você não é muito querida pelos ricos do Brasil. Você já percebeu isso?
Tenho um amigo que faz assessoria para pessoas famosas. Outro dia ele me contou que fala para os clientes: "A Mônica nunca vai puxar seu saco. Mas você também nunca vai entrar em uma lista negra dela". É isso mesmo, um tratamento profissional. Se a notícia for incômoda, eu vou publicar. Mas, se for boa, vou publicar também. A Eliana Tranchesi [dona da Daslu], por exemplo. Se ela demite pessoas, eu noticio. Se ela passa por dificuldades, eu noticio. Agora, quando tem notícias boas, eu noticio também.Tanto que a gente almoça, se dá bem. Essa coisa de que os ricões me odeiam é lenda.
Você vem de uma família de classe média e nunca freqüentou a alta sociedade. Tinha preconceito com rico antes de começar a fazer a coluna?
Nada, gente, o meu avô foi rico. Eu tive a sorte de nascer em uma família que teve tantas histórias, pois assim eu consigo entender o lado das pessoas, como elas vivem. A minha avó era muito chique. Até hoje nós temos muitos imóveis que herdamos deles. Então eu não consigo olhar para alguém e falar: "Ah, ela é rica, então eu não gosto".
Como foi sua gravidez, no meio da correria de fazer uma coluna?
Foi tranqüila. Só tirei licença mais cedo do trabalho porque sou meio nervosa e o médico falou que era legal eu ficar um pouco em casa e ter um parto mais programado, sem correr o risco de entrar em trabalho de parto no meio do jornal.
E como foi para você, que sempre trabalhou feito uma louca, ficar quatro meses afastada da redação, cuidando de um bebê?
Todo mundo imaginava que eu voltaria a trabalhar no primeiro mês porque não conseguiria ficar em casa. E não foi nada disso! Uma pessoa obcecada não é só pelo trabalho, é por tudo. Então eu não queria voltar de jeito nenhum, quase pedi demissão. Achei que não ia dar certo, que tinha que ficar perto da minha filha, que sem mim ela não sobreviveria. Um dia cheguei à redação e falei para a minha secretária: "Preciso que você cuide da minha filha porque só você vai conseguir". Ela aceitou. Até que as pessoas me iluminaram e me fizeram perceber que eu perderia uma ótima secretária e ganharia uma péssima babá, porque ela não entendia nada de criança [risos]. Mas no fim, aos poucos, fui desligando e deu tudo certo.
Você já tinha vontade de ser mãe?
Ser mãe não era um plano certo. Mas engravidei e não tive dúvidas. Não estava casada, não pensava que ia rolar. Mas era a fim de ter uma casa como a que tenho hoje, com cachorro e criança. Criança acaba agregando muito. Eu acho isso muito legal e sempre tive essa vontade de ter a casa cheia. Mas essa projeção de ter um parceiro, a barriga, essa coisa feminina nunca tive.
As pessoas que estavam acostumadas a te ver, sempre workaholic, trabalhando, estranharam quando te viram mãe?
Meu pai foi quem ficou mais assustado. Tinha assumido a coluna havia três meses e ele falava: "Nossa, a Folha vai ficar muito decepcionada com você!". Eu nem dava bola.
Você teve filho sem estar casada? Como foi isso?
Nunca fui casada com o pai da minha filha. Hoje ele é um grande amigo e também o homem mais importante da minha vida depois do meu pai. Acho curioso como uma situação tranqüila e até comum hoje em dia ainda precise de uma qualificação. As pessoas não dizem "mãe casada", "mãe viúva", "mãe separada". Sou mãe, como todas as outras. Aliás, segundo a minha filha, muito melhor do que todas as outras.
Como foi a sua infância?
A minha família sempre foi de classe média, da Vila Madalena [bairro na zona oeste de São Paulo], normal. Minha mãe não trabalhava, mas devorava livros o dia todo e não era uma dona de casa prendada. Ela morreu quando eu tinha 19 anos e a minha irmã, Marlene, 20. Sempre fui muito ligada ao meu pai, um cara que trabalhava na empresa de móveis da família, a Bergamo, e produzia muitas peças de teatro. Ele se casou de novo e acabou que, por um tempo, ficamos sendo a Marlene e eu a família. Moramos juntas, só nós duas, por 28 anos. Isso aproximou muito a gente.
Foi muito difícil enfrentar a morte da sua mãe tão cedo?
Foi, claro. Ela teve um tumor no cérebro quando a Marlene e eu éramos crianças. E isso foi se prolongando durante a vida. Mas ela era uma pessoa normal, que conversava como nós estamos conversando aqui. Ela passou por duas cirurgias e ficou bem durante muitos anos. E a gente sempre soube o que estava acontecendo.
Durante toda a sua infância você sabia que corria o risco de perder a mãe?
Quando ela fez a primeira cirurgia eu tinha 1 ano. Então ela teve uma sobrevida enorme. Não era como é hoje, que existem mil diagnósticos e tratamentos. Não era uma coisa em que se falava muito. Mas lembro que um dia ela chamou a gente e disse: "Eu tenho uma coisa grave, que pode voltar". Quando eu tinha 12, 13 anos, ela teve que ser operada de novo. Aí o meu pai explicou tudo para a gente. Mas era vida normal. A gente não falava disso o tempo inteiro.
Quando chegamos na sua casa, sua filha estava tomando café-da-manhã com uma menina da mesma idade que é tia dela?
O meu pai casou cinco vezes. Tenho oito irmãos das mais variadas idades. E a mulher dele engravidou na mesma época que eu. Isso foi muito legal. As duas são muito amigas e, só agora, estão percebendo que não é muito comum uma ser tia da outra com a mesma idade. Depois que o meu pai faleceu [em 2005, em decorrência de um câncer], minha irmãzinha foi morar com a mãe em Camboriú [Santa Catarina]. Agora, a Ana Maria e a Marina passam as férias juntas, um pouco aqui em casa, um pouco lá em Camboriú.
Você perdeu um de seus irmãos [que caiu do vão do Masp em 2004, aos 20 e poucos anos] e, em seguida, seu pai. Ter passado por essas coisas te fortaleceu?
O problema da minha mãe teve uma importância grande porque meu pai falava: "Se tem alguém aqui que pode reclamar é a sua mãe, e ela não reclama. Então vocês não podem reclamar de nada". Isso me fez encarar a vida de uma maneira, assim, sem dramas. Não existem grandes dramas na vida! Agora, as outras perdas, como a do meu pai e a do meu irmão, são só um vazio. Não é uma coisa que te fortalece, mas que te fragiliza.
Você disse que seu pai é a pessoa mais importante da sua vida. Chegou a cair em depressão quando ele morreu?
Foi muito difícil. Quando ele estava doente, nem lembrava do trabalho.A Folha me dispensou várias vezes. Até que me afastei por cinco meses só para cuidar dele, que teve um câncer fulminante. Perdi peso, não conseguia comer direito. Ele e a mulher vieram morar comigo nesse tempo.
Você é muito próxima da sua família, não é?
Sou, embora não seja uma família nem um pouco tradicional. Há pouco tempo uma das minhas irmãs se casou na igreja de verdade, com véu e grinalda. E a gente falava: "Meu Deus, é o primeiro casamento da família!". Mas apesar disso é uma família, porque esse sentimento não tem que ser ligado a tradições, né?
A Mônica Bergamo ganha bem?
Mais do que eu preciso, menos do que gostaria. Não gasto o que ganho, nunca na minha vida fui assim. Claro que hoje eu gasto mais, inclusive porque eu tenho uma filha. Mas sou organizada com dinheiro.
Organizada a ponto de aplicar, fazer investimentos?
Não. Tudo é fundo de pensão básico, para mim e para a minha filha. Eu vou e aplico tudo naquele básico do básico. Os gerentes falam: "Você devia investir naquilo e naquilo outro". E eu nunca faço.
Você gosta de conforto? Por exemplo, que carro você dirige?
Dirijo sempre o carro que a Folha financia. Atualmente é um C3 [modelo da Citroën]. Antes era Clio. Não tenho relação com coisas luxuosas. O que eu acho é que a gente vai ficando mais velha e, assim, querendo um pouco mais de conforto. Quando eu era jovem, viajava pela Europa e ficava em albergue. Hoje não faria isso. Mas não tenho essa coisa de pensar: "Ai, preciso de um carro melhor". Este apartamento, por exemplo, moro aqui há sete anos e só agora estou mobiliando.
Por quê?
Tinha preguiça. Quem me ajudou na verdade foi a Danuza Leão. Ela veio aqui e falou que a minha casa era pior que a do [jornalista] Tarso de Castro. Isso foi traumático. Depois a filha de uma amiga veio aqui e começou a pular no sofá. Pedi para parar e ela disse: "Mas por quê? Esse sofá é tão velho!"[risos].Aí eu pensei: "Meu Deus, a minha filha vai começar a sofrer preconceito". Então comprei um sofá, essa mesa, essa poltrona e pronto. Só gosto de arrumar o quarto da minha filha, comprar a colcha rosa, fazer as coisas para ela.
Você é vaidosa?
Não muito. Faço uma escova às vezes, pinto o cabelo. As coisas básicas. Acho que sou bem menos vaidosa que a média. Raramente faço uma maquiagem, não uso brinco, não uso colar. Mas não gosto de engordar nem de ficar com cabelo branco.
Por causa da coluna, você é obrigada a se arrumar. Passou a gostar mais de moda e de ter essas coisas mais femininas presentes na sua vida?
Sim. Porque, por exemplo, não vou ao jantar da rainha Silvia [da Suécia], onde o traje é longo, com uma roupa que não seja adequada e que me faça chamar a atenção. Faz parte do meu trabalho ficar discreta. Em Brasília todo mundo usava terninho preto. Aí fui e comprei três. Agora, se você andar com aqueles terninhos em São Paulo, vão te achar brega e você vai acabar chamando a atenção.
Como você se prepara para grandes festas?
Tenho um vestido longo. E, se é um jantar, coloco uma calça preta e um casaco preto e pronto. Agora, se é um jantar mega black tie,vou a um cabeleireiro fazer maquiagem, porque não sei fazer sozinha.
Qual foi a última vez que você chorou?
Sei lá. Eu choro sempre. Acho que no casamento da minha irmã, pela ausência do meu pai.Um choro normal. Ainda bem que ultimamente não tenho chorado tanto. Mas choro bastante.
Está namorando agora?
Estou namorando médio.
Podemos saber quem é?
Prefiro deixar as pessoas envolvidas comigo quietas.
Você nunca casou. Sente vontade de casar?
Isso eu tenho certeza de que não. As pessoas que eu já namorei, que acabam ficando amigas, me convenceram de que ninguém nunca vai me agüentar.
Pessoas que dão clara prioridade ao trabalho, como você, conseguem manter um relacionamento?
Depende do modelo. Já cheguei a acreditar que trabalhar muito era só uma fase da minha vida. Uma vez falei isso para um namorado e ele disse: "Você sempre vai inventar coisas para fazer que te ocupem desse jeito". E é verdade. Vou levando a minha vida assim. E, quando tenho uma relação mais tradicional, fica difícil. Então, não dá. Tem que ser em outros moldes.
Você teria paciência, por exemplo, de ligar para casa e avisar que chegaria às quatro da manhã do trabalho?
Não. Já tive relacionamentos longuíssimos, mas que sempre me permitiram ter liberdade. Hoje tenho minha filha, mas criança não pede explicação. Vocês viram que no início da entrevista eu pedi para que ela descesse para brincar? Se fosse um marido, ele já iria falar: "Mas tenho que descer por quê? Ei, vê se não demora, né?" [risos].