Estica e puxa

Milla Monteiro, 25 anos, começou na ioga aos 13 anos como atividade física. “Era uma diversão. Demorei para perceber que tinha uma filosofia por trás”, conta. “Eu dizia que tinha começado por acaso, mas depois de conhecer minha guru, Sindu V Navar, percebi que era coisa de outras vidas.” O encontro com sua mestra aconteceu quando ela pediu demissão do banco em que trabalhava e foi para Barcelona. De lá, partiu para a Índia e voltou ao Brasil certa de que queria dar aula. “Hoje, trabalho muito mais do que quando trabalhava no banco de investimento, mas o que recebo em troca é muito especial”, diz.

Vai Lá: Milla dá aulas no Una Yoga.

Andrea Palma, 44 anos, era estudante de cinema em Los Angeles em 1999 quando se acostumou a ver uma horda de pessoas com tapetinho embaixo do braço entrando por uma porta em Santa Monica. “Foi ali que comecei a praticar”, conta ela, que sempre gostou de trabalhar o corpo com balé e artes marciais. Alguns anos mais tarde ela decidiu largar o cinema e se mudar para uma comunidade de autoconhecimento no norte da Califórnia. “Quando voltei para o Brasil, aos 30, tentava entender qual era a minha missão”, lembra. Começou a empenhar seu tempo no aprendizado da ioga no Brasil e na Índia. “Ioga é um caminho, uma filosofia de vida. Engloba tudo: do que você come a como age com os outros.” Faz nove anos que Andrea se dedica a dar aulas em sua casa, “um lugar para acolher as pessoas”.

Vai Lá: Andrea dá aula na Casa Rosa.

Renata Mendes, 33 anos, começou a fazer ioga porque queria ter o corpo da Madonna. Depois de dois anos praticando, ela participou como voluntária de um projeto que dá aulas de ioga para as meninas internas da Fundação Casa. “Olhei para aquelas garotas e percebi que poderia ser eu ali. O que mudaria se elas tivessem oportunidades diferentes?”, questiona. Renata escolheu largar a vida dentro de um escritório fazendo apresentação em PowerPoint e adotou o projeto. As práticas duram em torno de 1 hora e as alunas, entre 12 e 19 anos, estão reclusas por tráfico de droga, roubo, homicídio e latrocínio. Depois de 13 anos de experiência como professora – ela também dá aulas particulares –, Renata está criando um instituto chamado Mundo Aflora para dar suporte a essas meninas quando deixam a instituição. “Elas querem ser advogadas, médicas, jornalistas e têm esse direito. Para mim, a ioga é isso, é uma ferramenta de transformação.”

Vai Lá: Renata é coordenadora do Projeto Aparigrahas.

Luli Guimarães, 34 anos, tinha 14 quando começou a praticar meditação. Cursou teatro e circo, e encontrou na ioga foco para conseguir fazer movimentos que ainda sentia dificuldade em sua modalidade, a corda. Com 26, praticava pra valer. “Cheguei na ioga para trabalhar a minha autoaceitação. Todos os dias na prática eu sento pra tomar um chazinho com meus monstros”, brinca. Sua prática pessoal rola seis dias por semana – ela descansa um e respeita os períodos menstruais, assim como o primeiro dia de lua cheia e da lua nova, quando fica em repouso. Em sua primeira visita à Índia em 2014, conheceu o mallakhamb, ginástica tradicional indiana que, na modalidade feminina, mistura posições de ioga com seu principal aparelho no circo, a corda. Encontrou seu caminho como artista e professora. “Eu precisava desse equilíbrio para me amar como eu sou.”

Vai Lá: Luli é professora no YogaLab.

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