Minha primeira mamografia

O exame, que deveria ser rotineiro para muitas mulheres, para a mulher cadeirante não é tanto assim

por Redação em

 Fazendo o exame de mamografia - Crédito: Arquivo Pessoal

Depois de 21 anos de tetra, tive pela primeira vez a oportunidade de fazer uma mamografia. Isso porque ainda são poucos os locais no Brasil que oferecem aparelhos de mamógrafo com Desenho Universal. Ou seja, um equipamento que se ajusta a todos os tipos de mulher.

Recentemente, tive a oportunidade de acompanhar uma importante ação realizada no hospital municipal do Campo Limpo, bairro na zona sul de São Paulo. O lugar conta agora com um mamógrafo acessível para mulheres que, assim como eu, estão na cadeira de rodas.

Por conta da deficiência, muitas cadeirantes deixam de realizar o autoexame. No meu caso mesmo, que não mexo os braços, é impossível de reconhecer um nódulo no meu próprio seio. E olha que sou uma tetra que se conhece do avesso... 

É muito triste e indignante ver que ainda falta acesso para uma ação de prevenção que deveria ser recorrente e comum a todas as mulheres. Até porque o custo de um tratamento é muito superior ao de um simples exame. O câncer não escolhe classe, tampouco condição física. O seio de uma mulher com deficiência física é tão propenso a um tumor quanto ao de uma maratonista. E o prejuízo indelével que um câncer pode causar a vida de uma mulher e de toda sua família torna a dor ainda mais universal. 

Todo mundo já falou, mas sempre vale lembrar: quanto mais cedo se diagnostica o câncer de mama, melhor sucedido será o tratamento. A linda Flávia Flores é um exemplo de quem superou a doença e seguiu em frente. Após sentir no banho um carocinho na mama esquerda, correu para seu ginecologista. Fez exames, uma cirurgia para trocar a prótese que usava e depois o choque: aos 35 anos o diagnóstico do câncer de mama. 

Hoje, livre do câncer, Flávia mantem uma página onde dá dicas para resgatar a autoestima de mulheres que enfrentam a doença. Sua história é um exemplo de alerta para a prevenção. Aos 35 anos, Flávia não fazia parte da faixa etária em que há maior incidência da doença, mas ainda assim aconteceu. Por isso a importância do autoexame e de ampliar o acesso à mamografia.

Claro que, além do equipamento acessível, os espaços de saúde também devem contar com acessibilidade. E não só isso: os profissionais precisam de treinamento não só para manusear o mamógrafo, mas também conhecer as especificidades de cada mulher.

Conhecer nosso corpo e cuidar dele é uma forma de preservarmos o direito sublime de sermos mulher. Saudáveis e conscientes de que somos todas iguais e ao mesmo tempo únicas.

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