Mezzo errata mezzo mozzarella
O escritor argentino não existe mas eu continuo sem internet em casa
Mas o pior ainda está por vir... Mariana Pereira, amiga e blogueira de Villa Crespo, acaba de me avisar que Washington Cucurto, o escritor ao qual eu me referia no post passado, na verdade não existe.
Quer dizer, ele é um personagem criado por Santiago Vega. “Assim como o Micky Vanilla do Peter Capusotto. Assim como a Odette Roitman”, disse a Mari. E que a linguagem chula é a verdadeira marca do personagem.
Foi aí que tudo fez sentido... Lembramos que ele foi diretor da Eloísa Cartonera, uma editora/cooperativa criada por artistas argentinos. É assim: os livros são feitos com papel reciclado pelos “cartoneros”, pessoas que recolhem lixo nas ruas de Buenos Aires. As capas são feitas a mão e as brochuras são xerocadas pela turma da cooperativa na sede da editora, em La Boca.
Digo mais: eu conheci o trabalho da Eloísa Cartonera na 27ª Bienal de São Paulo e, in loco, em janeiro de 2008 – neste dia uma amiga e eu passamos a tarde na editora pintando a capa dos livros que havíamos escolhido para levar.
A grande verdade é que eu pensei em apagar o post anterior para evitar mal entendidos. Mas resumi assumir a gafe, ou melhor, a ignorância – já que eu não sabia que o tal Washington Cucurto é um personagem do Santiago Vega etc.
De qualquer forma eu imagino que muitos leitores do jornal Crítica de la Argentina, assim como eu, não sabem/sabiam que tal escritor se trata de um personagem cuja marca é a linguagem chula etc. E, neste caso, qual é a impressão do leitor? Que determinado meio de comunicação está avalando um texto de caráter preconceituoso de determinado escritor.
Mezzo errata porque eu não sabia que Cucurto era um personagem.
Mezzo mozzarella porque continuo achando grave que um texto de cunho preconceituoso – de autor real ou não - saia publicado nas páginas de um jornal.
Fica aí a reflexão e o meu pedido de desculpas pela confusão!