Mentiras no divã
Editora convidada, Tai Castilho é terapeuta de casais e garante: Mulheres mentem bem
Mulher mente mais e melhor que homem”, sentencia a terapeuta familiar Tai Castilho. Em mais de 20 anos de profissão, ela já escutou muita mulher confessar que fingiu orgasmo a vida inteira e conhece os artifícios que casais usam para esconder traições de seus parceiros. Instigadas pela polêmica afirmação da fonoaudióloga pós-graduada em psicologia, resolvemos investigar a relação da mulher com a mentira – não apenas no campo sexual, mas também nas mentirinhas nossas de cada dia. Quem nunca disse que aquela bota nova estava com 50% de desconto? Ou nunca dissimulou o peso, a idade ou a real intenção? Mas isso é papo para a reportagem.
Lá, você encontra o ponto de vista da psicanalista Maria Marta Assolini e das antropólogas Mirian Goldenberg e Maria Filomena Gregori, amigas de Tai. Ela, que há 20 anos ouve dilemas de casais em seu consultório, é a Editora Convidada Especial da edição. Além de ser cúmplice da mentira que inventamos e publicamos na revista que você tem em mãos (atenção: se você for uma das dez primeiras leitoras a desvendá-la ganha uma assinatura da Tpm), Tai indicou sua filha caçula, a fotógrafa Paula Prandini, para a Amiga-da-Amiga.
A terapeuta também é mãe da designer Carla e do consultor em informática Luciano e já fez “de tudo” na vida. Foi corretora de imóveis, “riponga”, atriz do teatro Oficina, dona de restaurante e esposa do médico com quem viveu por dez anos. Mas, ainda sem psicologia para mediar conflitos amorosos, se divorciou aos 28 anos. Alugou, então, uma casinha de vila e “as crianças cresceram brincando peladas pelo quintal”, lembra ela. Nos anos 70, com US$ 3 mil no bolso, foi estudar em Roma, para onde levou a prole e ficou por quatro anos. Em 1990, fundou o Instituto de Terapia Familiar de São Paulo. Agora, finaliza o mestrado sobre “transmissão intergeracional”, em que estuda famílias pobres vindas da Bahia e suas memórias passadas (ou não) adiante.
Conhecemos os três filhos e sete netos de Tai por fotos espalhadas em estantes, paredes e na porta da cristaleira da sala, quando ela recebeu a reportagem da Tpm na casa em que mora sozinha no bairro do Jardim Paulistano. Noah, de 3 anos, filho de Paula, e Antonio, de 2, filho de Luciano, estavam lá, com seus brinquedos espalhados pelo chão, porque quiseram voltar com a vovó do Rio – onde mora Paula. Aos 66 anos, a terapeuta chega da edícula em que trabalha, no fundo da casa, cheia de disposição para cuidar deles. Nesse ritmo, ainda arrumou tempo para dar dicas e contar “causos” clínicos que deram o tom desta Tpm.