Malas com alça
As tais calcinhas foram uma novela. Os modelos semi-invisíveis seriam achados na Victoria’s Secret. Minha amiga foi lá. Não, não tinha. Teve que pegar o metrô no meio da tarde para tentar numa outra filial, na pior esquina da cidade – na rua 34 com a Sexta Avenida – em plena semana de Natal. A lista continua com as tais loções da loja, um fenômeno que afeta certa parcela da mulherada brasileira – mas que são consideradas um tanto brega pela mulherada de cá. Sem falar que as calcinhas brasileiras são infinitamente melhores. Ou seja, se você ama o seu amigo de Nova York, não faça isso com ele.
O assunto “encomendas” invade todos os jantares de brasileiros que vivem aqui. Incluindo um de correspondentes, que aconteceu esta semana. Um tenta superar o outro no quesito “absurdo”. Um deles estirou um músculo da perna ao atravessar a rua para comprar um laptop alheio. Há os que passam vidas dentro da loja da Nike em busca de um modelo inexistente para o primo do cunhado que cisma que o raio do tênis é moda em alguma academia de Goiânia. Há produtos que são apenas vendidos on-line, mas a galera cisma que alguém em Nova York tem que largar a rotina para checar na loja.
Há os que enfrentam a fila da Apple, que supera a do Maracanã, para comprar um iPod para o filho do chefe do marido. Há os que compram tudo em dólar para o amigo do amigo (a essas alturas, inimigo), para receber em real e perder rios de dinheiro na conversão. E há o único inteligente, macaco velho, que proclama: “Não saio de casa. Quer que eu leve alguma coisa? Compre pela Internet e mande entregar na minha casa.” O engraçado é que, quando se chega ao Brasil, há sempre a galera de iPod, Nike e calcinha da Victoria Secret’s... falando mal dos Estados Unidos. Curioso.