Já imaginou um emo no Carnaval?
O que os jovens vestidos de preto fazem na época de samba, suor e cerveja? Será que eles conseguem cantar “quanto riso, oh, quanta alegria”? Tratamos de investigar
Nos anos 80 era comum os darks se trancarem em um quarto durante o Carnaval e ficarem escutando em uma vitrola – esse aparelho de som dinossáurico – todos os discos do Joy Division, sofrendo com toda a felicidade que acontecia na rua. Mas hoje, com o massacre midiático da folia, como os emos – uma versão mais lacrimosa dos antigos góticos – conseguem se livrar do reinado de Momo?
“Eu simplesmente não saio de casa nem vejo TV nessa época”, diz Polly, 15, estudante.
Mesmo assim, os emos são menos radicais que seus ancestrais e seguem o lema: se não pode com eles, junte-se a eles. Carlos Vinicius, 19, estudante, assume com moderação que gosta do Carnaval. “Na minha cidade, Santana do Parnaíba, tem muito bloco de rua e é impossível não saber as marchinhas”, diz.
E tem emo superintegrado com o samba, como o motoboy Leandro Prudente, 26, que assume com orgulho que sai na escola de samba Imperador do Ipiranga. “Carnaval é coisa de playboy, o mais alternativo é sair em escola de samba em São Paulo, que é superunderground”, defende a amiga de Leandro, Marcia Serpa, 20, estudante.
Leandro foi também o único dos entrevistados que admitiu saber sambar. Deu para perceber que as letras mais tristes são as preferidas do povo do emotional core. “Adoro aquela que diz: ‘Tomara que chova três dias sem parar’, porque esse sol todo me irrita”, diz Clarice Pontes, 18, estagiária. Joy, que recusou dizer o nome verdadeiro e a idade, disse que odeia todas as marchinhas, mas que, se pudesse, faria uma versão mais pesada “daquela que diz: ‘Ó jardineira porque estás tão triste...’, porque, apesar de a música ser uma chatice, a letra é linda”.
LEIA TAMBÉM: Fundadores de blocos de SP sugerem fantasias para o carnaval
É importante ressaltar que todos os entrevistados não se consideram emo. Mas são exatamente o estereótipo dos jovens que curtem um emocore. “Emo só existe como um estilo de música. Muitas músicas de pagode podem ser consideradas emo, pois muitas falam de dor”, ensina Carlos, debaixo de sua touca de lã em pleno verão. Alalaô, mas que calor!