Homem não chora, mulher não ri

Novo livro da antropóloga Mirian Goldenberg reúne 80 textos sobre diferenças entre sexos

por Camila Alam em

Há mais de 25 anos a antropóloga Mirian Goldenberg vem pesquisando as diferenças entre homens e mulheres e o

comportamento adotado por cada gênero quando se trata de amor, sexo, casamento e amizade. Em seu recém-lançado Homem não chora. Mulher não ri, Mirian reúne 80 textos curtos e bem humorados sobre estas diferenças, inclusive a que dá título ao livro. Em suas pesquisas, Mirian descobriu, por exemplo, que 60% das mulheres entrevistadas gostariam de rir mais. Muito da sisudez feminina se deve a mulher, ao contrário do homem, querer sempre mostrar que é séria, responsável e competente. “Querem passar uma imagem pessoal e profissional do equilíbrio, confiança e maturidade”, diz Mirian.

Autora de Toda mulher é meio Leila Diniz, a antropóloga diz buscar na leveza e humor o tom de suas reflexões. “No que eu escrevo, falo, entrevistas que dou e na própria vida, descobri a importância do bom humor, e acho que descobri tardiamente. Aliando a seriedade com humor, o impacto do que eu penso é muito maior, além de ser muito mais gostoso fazer assim. A Tpm faz isso bem, por isso que a gente combina tanto”, diz.

 

"Eu me levava muito a sério. Aprendi a dizer foda-se. Pode botar aí: foda-se, com todas as letras"

 

Dividido em oito partes, o livro aborda temas comuns ao universo da escritora, como a ditadura do prazer, o corpo como capital, o medo de envelhecer e os velhos clichês. Uma das técnicas de Mirian para promover a reflexão é quase sempre terminar seus textos com uma pergunta. Em um deles, ela questiona: “Depois de décadas de luta pela liberação feminina, o que nós, mulheres, fazemos com o que a vida fez de nós?”. Para a pesquisadora, é essencial pensar em pequenas mudanças diárias que podem melhorar a vida e as relações. “Em cada texto provoco os leitores a pensarem. É como se eu dissesse ao leitor: 'E na sua própria vida, o que acontece?'. Acabei de dar um curso onde uma aluna de 88 anos saiu dizendo: 'com seu curso aprendi a dizer não, muito obrigada'. Quer coisa mais linda do que não ter medo de mudar em todas as idades?”

Com 57 anos recém completados, Mirian conta à Tpm o que pessoalmente mudou em sua vida durante seus anos de pesquisa comportamental. “Eu me levava muito a sério. Aprendi a dizer foda-se. Pode botar aí: foda-se, com todas as letras. Foda-se o que os outros pensam, a opinião dos outros. O importante é viver bem, fazer as coisas com prazer, comprometimento e respeito pelas próprias vontades”.

Vai lá: Homem não chora. Mulher não ri – 80 ideias para entender melhor sexo, amor e felicidade
Ed. Nova Fronteira
R$ 24,90

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