Hiperativada

Estreia de Mara Gabrilli no site da Tpm como blogueira! Ela relembra momentos da infância e fala sobre sua hiperatividade inata

por Mara Gabrilli em

Desde criança o movimento me encanta. Passava horas no quintal de casa inventando acrobacias malucas com que pudesse fazer com o meu próprio corpo. Era uma autodidata de movimentos.  Quando aprendi fazer ‘mortal’ sozinha era como se tivesse conquistado uma medalha na ginástica olímpica. Amava ficar de ponta-cabeça plantando bananeira no sol ou subindo em árvores.

Minha mãe diz que minha hiperatividade é uterina. Eu chutei muito. Depois que nasci, troquei o chute pelas corridas. Minha mãe ficava maluca atrás de mim. Era patins, bicicleta, skate e motinho. Nos finais de semana,  jogava tênis, esquiava e nadava. Via água e me sentia peixe.

Na escola, era uma entusiasta da educação física. Ninguém me ultrapassava nos 100 metros de velocidade.  Aliás, entre todos os corredores, apenas um me batia: o João Paulo. Ele corria mais que eu e não tinha uma perna!  Usava uma prótese bege e pesada - e que já vinha com um pé.  Eu o olhava e ficava pensando se aquela perna dele já vinha com sapato... Ele me intrigava em vários sentidos.

Mais tarde, quando fui morar sozinha, aos 18 anos, essa energia inesgotável já estava incorporada em meu dia. Reformei meu apartamento inteiro sozinha. Lixei, passei massa fina, pintei paredes e teto.  Curtia movimentos braçais, do tipo lavar banheiro e fazer faxina na casa toda. 

Essa mania de não ficar parada me acompanhou quando fui morar fora do Brasil.  Morar em um prédio antigo, sem elevador, e para tudo que precisava fazer tinha de encarar 120 degraus.  Nada que me impedisse de sair diversas vezes do prédio por dia. Exercício que era potencializado andando de bicicleta, já que eu fazia tudo na cidade com bike. Feliz da vida, lavava roupa em uma banheira de banho e sambava à noite para passar o frio.

Pedalar, nadar, correr... Eu precisava me mexer para ser feliz. E descobri isso bem cedo.

Vocês já imaginaram como uma pessoa assim poderia ficar paralisada do pescoço para baixo?

 Mara ainda adolescente e agora: hiperativada como sempre - Crédito: Divulgação
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