Garotas, uma vírgula

Prestes a lançar o primeiro disco, o dueto Comma não quer ser só mais uma banda de meninas

por Carol Nogueira em

Já conhecidas do público indie que frequenta casas de shows em São Paulo, como Inferno e Bar B, Mini Lamers e Didi Cunha formam o duo Comma (vírgula, em inglês) lançam seu primeiro álbum, Monkey. Com letras que falam sobre o cotidiano - inspiradas em filmes que assistem, músicas que ouvem e situações que vivem -, o disco foi completado depois de três anos de muito trabalho duro, cuidando de todos os seus detalhes pessoalmente. Mas as garotas garantem que querem muito mais do que o trabalho independente: "Não queremos ficar restritas a nenhum 'gueto'. A gente não descarta a possibilidade de assinar com uma gravadora", afirma a simpática Didi, ao site da Tpm, por telefone.

Durante o papo, Didi falou sobre o relacionamento com Mini, música, gravadoras, filmes, noite e todo tipo de inspirações.
 
As letras da banda são bem marcantes, falam de assuntos cotidianos que, às vezes, passam batidos. Como é isso?
Eu e a Mini escrevemos as letras juntas, com inspiração nos livros que lemos, filmes que assistimos e situações que vivemos. Qualquer coisa vale como inspiração, tudo vem do nosso dia a dia e da nossa cultura. E cada semana a gente se apaixona por uma letra. Nessa é "She’s Lost Her Keys", que é muito especial porque a chamamos uma garota pra tocar violoncelo no disco, que deu um toque sofisticado na música.
 
Quais são as influências da banda?

As pessoas costumam dizer que temos influências folk por causa do violão, que na verdade foi uma escolha da Mini. Mas eu, por exemplo, escutei muitas bandas dos anos 80, tipo Smiths e Cure, além de Bob Dylan e Janis Joplin, que não refletem muito nas nossas músicas.
 
Como é o seu relacionamento com a Mini?
Nos conhecemos nos tempos de faculdade. Eu tocava numa banda chamada Elevador, e precisávamos de alguém para dar uma força. Esse alguém acabou sendo a Mini, mas durou pouco tempo, porque logo percebemos uma sintonia musical e decidimos fundar a Comma. É claro que às vezes nós brigamos, batemos boca, mas depois tudo volta ao normal. Desde aquela época, passamos a nos dedicar muito à música. Eu sou formada em artes plásticas, então, continuo desenhando algumas coisas, e fiz também a arte da capa do nosso disco. A Mini é mais focada na banda, e só estuda (gastronomia).

Vocês estão lançando seu primeiro álbum, Monkey. Como foi a gravação do disco e por que demorou tanto?
Fomos mexendo no repertório e testando as músicas ao vivo, então, conseguimos perceber que algumas são boas no estúdio, mas ao vivo não pega. É um processo demorado. Não sei se é um pensamento muito old style você fazer as coisas de um jeito mais lento, mas pra gente está sendo mais legal. Agora o disco ainda está na fábrica, mas estamos fazendo pré-lançamento digital no MySpace, via streaming, e vamos comercializá-lo online também. O lado bom de não ter assinado com nenhuma gravadora é que ninguém manda no que a gente faz. Mas a banda é um empreendimento em que cada detalhe depende da gente, então, é meio difícil dar conta de tudo e arrumar grana pra fazer as coisas. A gente não descarta a possibilidade de assinar com alguma gravadora um dia.

Vocês fizeram algumas vinhetas para a MTV recentemente, com scripts bem malucos. Quem teve as ideias?
Foi um trabalho em conjunto. Fomos conversando com o pessoal da MTV e ajustando o que a gente pensava com o que eles achavam legal. Aí saíram todas as ideias de um jeito muito bom. O meu favorito é o da briga da noiva, que foi muito divertido de gravar. A que estamos fantasiadas de jacaré e macaco também foi divertida de gravar. Tem outra que estamos numa 'praia', que gravamos na minha antiga casa no bairro da Pompéia, em São Paulo.

Por algum tempo, vocês ficaram bastante restritas ao público gay. Ainda é isso mesmo ou vocês querem atingir um público maior?
Isso nem passa na nossa cabeça. O que aconteceu por muito tempo foi que, geralmente, as bandas de meninas vão se ajudando, então, onde chamavam a gente pra tocar, a gente ia. Só que a maioria dessas bandas é mais punk, e a gente tenta fazer um som mais pop, mais tranquilo. Mas podem chamar a gente pro que quiserem que a gente tá dentro, sem gueto.
 
O que andam ouvindo e quais shows viram recentemente e curtiram?
Hoje em dia, tenho ouvido muito Camera Obscura, Cat Power, Concretes, La Roux e Jens Lekman. Os últimos shows bons que vi foram da própria Cat Power e um dos últimos foi da sueca Britta Persson, no Invasão Sueca. O show parece bem limitado, porque é só ela e o baterista, mas ela canta muito bem, então é bem abrangente.
 
Vocês costumam tocar em várias baladas, mas pra onde saem quando querem se divertir?
Ultimamente estamos bem tranquilas e envolvidas com a banda, então, a balada acaba sendo sair pra tocar. Eu sou mais da rua, mas a Mini é mais caseira, do esporte, ela corre todos os dias. Eu gosto de sentar num bar e conversar com os amigos, tipo o Volt (R. Haddock Lobo, 40) e o Z Carniceria (R. Augusta, 934).

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