Força primitiva
Com a filha Chloe agora com quatro meses, a apresentadora Sarah Oliveira faz uma homenagem a todas as mulheres
Quando eu estava grávida, me incomodava (e, inclusive, compartilhei isso com as leitoras da Tpm) com a frase: “agora você vai conhecer o amor incondicional.” Por dois motivos: porque eu, por exemplo, sou cegamente apaixonada pelos meus irmãos (e quem me conhece sabe) e porque tenho amigas que optaram por não ter filhos ou foram impossibilitadas e isso não as deixa “menores” que ninguém. Ao contrário. Aliás, a sociedade tende a achar que “a mulher é mais mulher depois de ser mãe”, o que considero injusto afirmar uma vez que conheço mulheres que não foram mães e que são grandiosas. A verdade é que cada um ama de sua forma.
Mas, outro dia, ao ler o livro (que ganhei de minha querida mãe), A criança e seu mundo, do psicanalista inglês Donald Winnicott me deparei com uma frase dele muito óbvia mas que acabou explicando o que as pessoas querem dizer com o tal amor incondicional: “o amor de mãe é algo semelhante a uma força primitiva”. É isso.
Agora que sou mãe posso entender. Você ama uma pessoinha que saiu de dentro de você, que é uma parcela de seu próprio ser, um pedaço seu que vive uma vida independente mas depende de você ao mesmo tempo. Isso é muito animal, mesmo. Coisa de bicho. As mães que elegem e são eleitas por crianças que não vieram de seu ventre, sentem o mesmo pois o vinculo afetivo é tão (e muitas vezes mais) forte quanto o biológico. Tias, madrinhas, irmãs, amigas, vão por este mesmo caminho.
Resolvi escrever este texto pra deixar registrado aqui meus parabéns a todas a “fêmeas” que são mães (de alguma forma e no sentido mais amplo da palavra), as que um dia serão e aquelas que não. Pois como diria Caetano: “qualquer maneira de amor vale a pena. Qualquer maneira de amor vale amar” e também porque “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.”
(*) Sarah Oliveira é apresentadora e idealizadora de projetos audiovisuais. No ar atualmente com o #VivaVoz toda 6f, às 21h00 no GNT