Fexaramine é nosso senhor e nada nos faltará!
Mal emagreceu os ratinhos e o remédio pra emagrecer da vez já faz fila na farmácia
Nem saiu do laboratório e Fexaramine, "a pílula da refeição imaginária", já é a segunda coisa mais buscada no Google – hoje pela manhã, numa segunda-feira de janeiro, pós atentado na França. Pleno 2015 e nós, seres humanos que adoramos um gulodice gourmet, ainda estamos na internet clicando atrás de milagres para perder os quilinhos a mais que a vida na terra insiste em nos dar.
Me perdoem, mas tá difícil de engolir. Encher a cara de cupcakes, paletas mexicanas e coxinha de ossobuco todo mundo quer. Botar as pernas para queimar tudo isso, hum... talvez amanhã?
Fexaramine, é nosso senhor e nada nos faltará! Foi assim com a dieta dos espíritos, com a dieta da lua, com as anfetaminas, com a dieta Dukan, com a dieta do índice glicêmico, com os sucos detox... Por que, meu Deus!? Por que somos tão vidrados na ideia de milagres? O remédio emagreceu três ratinhos (sim, porque ainda não foi testado em humanos) e pronto, já está alimentando a loucura de pessoas que desejam emagrecer sem esforço, sem exercício, sem tratar a paranoia que os faz comer sem parar e de preferência sem levantar do sofá – disque farmácia taí pra isso, né gente!
Alguém, algum dia, nos disse que milagres existem e nós, seguidores fervorosos, passamos a achar que os milagres não só existem como serão canalizados para o nosso bem pessoal e, por que não para o nosso bem corporal?
Somos não só extremamente egoístas como doidinhos da silva. Fala sério!? O milagre da multiplicação da moradia ninguém quer. O milagre da multiplicação da água ninguém procura, mas o milagre da perda peso, esse sim é buscado com afinco. Queremos ser magros e queremos ser magros sem deixar de comer churros e nem precisar se exercitar – e queremos isso há tanto tempo que chega a dar uma tristeza – e nem entro no mérito do por que queremos ser magros. Por que??
Mas continuemos orando, quem sabe um dia esse pedido coletivo seja atendido. Oxalá Fexaramine chegue às farmácias (e por que não aos postos de saúde?) a um preço popular e vejamos uma epidemia de magreza se espalhar pelo mundo.
E já que é pra sonhar, vamos sonhar direito: que ele não cause efeitos colaterais, possa ser usado durante a gestação e não cause impotência, claro! E depois que formos todos magros, quem sabe a busca do Google leve suas multidões a lugares mais instigantes.