Fernanda Torres, a normal
Sexo, cocaína, maternidade, casamento, hipocrisia, anos 80… ela não se esconde de nada
Fernanda embarcou num vôo do Rio para São Paulo. O dia estava nublado, e isso só piora as coisas. “Eu deteeeeesto avião!”, esclarece a atriz, num quarto de hotel em São Paulo. Fernanda não deixa dúvidas. Nunca. Enquanto ligo o gravador, ela sai em ziguezague para esquentar água na chaleira. Mas voltemos à história do avião. Ela entrou no airbus e foi até seu assento, no corredor. Logo depois da decolagem, veio a mensagem: “Estamos nos aproximando de uma tempestade”. E o avião começou a chacoalhar de forma bisonha. “Então refleti: ‘Se esse é o começo da tempestade, imagine o meio’.”Levantou o braço para chamar a aeromoça, que já estava devidamente afivelada a seu assento, entortou a cabecinha em direção ao corredor e começou a gritar: “Vamos voltar! Vamos voltar!”. A aeromoça, percebendo o descontrole, abriu novamente o sistema de som, alcançou o microfone e começou a entoar: “Senhores passageiros, permaneçam em seus assentos”. Como todos, à exceção de nossa protagonista, pareciam calmos, o recado era direto. “Não entendi por que não voltamos. Não fazia sentido.”
Essa é Fernanda Torres, que entrou em nossas vidas, definitivamente, na pele da divertida Vani, de Os Normais, extinta série da Rede Globo.Atualmente, vive uma libertina aposentada em A Casa dos Budas Ditosos,monólogo baseado na obra de João Ubaldo Ribeiro, com direção de Domingos Oliveira, em cartaz no teatro Cultura Artística, em São Paulo. Quando o assunto é fazer rir, ela reina absoluta. São raras as atrizes que têm o tempo de comédia dela.
Filha de atores da geração de 50 (Fernanda Montenegro e Fernando Torres), nunca imaginou ser outra coisa que não atriz. Criada na zona sul carioca por pais conservadores, sempre se sentiu estranha no ninho. Mas, aos 20 anos, ganhou as telas de cinema com uma interpretação densa e quase perturbadora no filme Eu Sei que Vou te Amar, de Arnaldo Jabor. Desde então, não saiu do radar: cinema, televisão e teatro. Há dez verões, casou com o diretor Andrucha Waddington, com quem vive até hoje. Da união, nasceu Joaquim, em 1997.
É fácil bater papo com Fernanda. Ela senta com os pés descalços no sofá, oferece chá, não faz cara feia para nenhum assunto, ri a fartar. E, embora queira deixar claro que tem pânico de avião, essa talvez seja, de todas as declarações, a única nada contundente. Então, apertem os cintos porque Fernanda vai decolar.
Tpm. A Casa dos Budas Ditosos faz um tremendo sucesso há quatro anos. Por quê?
Fernanda. O personagem do Ubaldo atinge o tal do Eros. Que não é mais esse negócio pontual, a crônica apenas: se você deu para o irmão, se perdeu a virgindade com o professor… não. É o que ela diz no final: “Viver é foder”. A vida é tesão, é pulsão sexual. Dizem que a morte é assim também, mas, se o sexo pode ser entendido como morrer em alguém, então talvez estejamos falando da mesma coisa. A peça atinge a questão do tesão na vida. E a vida é tesão.
Você concorda com o texto?
Concordo plenamente. Viver é foder [risos].
Seu filho, Joaquim, tem 10 anos. A maternidade mudou você?
Ter filho é apavorante e é maravilhoso. Você aprende enquanto faz. Por exemplo, quando diz: “Não tortura seu amiguinho na escola porque quando você é torturado não gosta”. Isso é Buda, é Cristo.
Quais as mudanças mais claras?
Ter filho diminui a vaidade. Acabou essa coisa: “Será que vão me dar o papel?”. Sua vida é muito mais importante que um filme. Descobri sentimentos que não sabia que existiam. Os valores caem na perspectiva que merecem ter. Quando você é novo, os valores são medidos por você: se você vai acontecer, se vão gostar de você. Quando você tem filho, a primeira coisa que quer é estar vivo. Estou com 41 anos, mas só amadureci mesmo depois que fui mãe.
Como sua mãe era com você? Minha mãe é da geração de 50, mais tradicional. Ela sempre foi categórica quanto aos valores dela. Nunca pôde-se fumar nem cheirar nada em casa. Não que fosse proibido, mas era claro que esses eram os valores da casa.
Vocês se dão bem?
Demais. Sempre nos respeitamos muito. Mas acho estranho esse excesso de intimidade entre filhos e pais. Acho bom uma certa distância. Sabe quando alguém fala: “Minha mãe é minha melhor amiga”? Não deixa de ser estranho. Claro, deve ser mesmo, por um lado. Mas não pode ser a única.
Você fala muito da sua mãe. Sempre. Mas fico curiosa para saber do seu pai. O que ele representa na sua vida?
Meu pai foi um supercompanheiro dos filhos. Deu a primeira câmera de filmar para o meu irmão, ainda crianças nos levou pelas ruínas de Machu Picchu, me ensinou a pescar, mergulhar, nadar. Era ele quem gostava de tirar a lição de casa. Operava sapos no sítio para a gente ver como era por dentro, cursou até o quarto ano de medicina, é um mistério para mim que ele tenha vindo para o teatro. Ele é dono de um humor atravessado, meio mineiro. Outro dia comentei com ele que achava a profissão de aeromoça muito sacrificada e perguntei: “Existe algo mais triste que aeromoça?”. Ele disse: “Aeromoço!”. Isso é bem meu pai.
Na entrevista que você deu para a Trip em 2001, conta que ele teve depressão e que aprendeu muito com isso. Como vocês se relacionam hoje?
O papai está bem, mas exige cuidados. Vou sempre visitá- lo, sou muito grata a ele pela paciência e carinho com que me criou. Ele ri muito comigo, sempre gostou do meu humor. Somos uma família pequena e unida, afinal, meus pais migraram para a vida artística e para a zona zul, deixaram as famílias no subúrbio... Acho que se casaram porque eram duas ovelhas desgarradas. Pra ele deve ter sido mais duro, pois vem de uma família bem classe média da Tijuca. Meu avô era político e médico, deve ter tido um desgosto muito grande ao ver o filho virar ator. Minha mãe já vinha do proletariado, mais liberais. Meu pai nunca abandonou o ar de médico e a calma durante as crises.
Você acredita que tem uma missão social como atriz?
A minha grande questão é como atingir a todos, sabe? Quando fiz a Vani [personagem de Os Normais] vi que o sexo e o comportamento moral eram de interesse do guardador de carros e da madame. Em seguida, o Domingos [Oliveira] me chamou para fazer A Casa dos Budas Ditosos, que também questiona a moral e o sexo. Quando a temporada acabou, pensei [faz pose de O Pensador]: “Que outro assunto poderei perseguir que vá interessar a todos? A morte?”. Certamente, mas disso não estava a fim.Tem as drogas.O Rio vive uma guerra, e isso interessa a todos.
Você quer refletir sobre o assunto ou só jogar uma luz e discuti-lo?
É um assunto infinitamente mais complexo do que o sexo. A droga é o verdadeiro tabu de hoje. Uma grande caretice ou uma enorme libertação? É nela que a gente se perde ou se encontra? Tenho pena de quem se droga, porque o vício é uma prisão.
Você nem bebe?
Não, mas por uma questão física: meu fígado não tolera.
Podia ter se perdido nas drogas?
Acho que não. Eu me controlo. O Andrucha diz que eu sou atleta biônica: eu me encontrei correndo, na ioga... A ioga me regula demais. Esse é um bom vício. Porque, se você vai ser compulsivo com alguma coisa, escolha uma coisa que faça bem. Eu sou obsessiva, e encontrei na ioga uma disciplina. Se não me cuidar, posso facilmente me viciar em nicotina. Ela combina comigo: é obsessiva, de repetição [risos].
Você diz que tem pena de quem se vicia, mas existem boatos de que o Andrucha tem seus flertes com as drogas. Se vocês são tão diferentes, como conseguem ter um casamento saudável?
Falo muito de drogas porque acabei de escrever uma peça sobre isso e porque, na minha geração, foi algo muito presente. Quando eu era muito jovem, drogas eram sinônimo de libertação, de você ser cool, fodão, corajoso, enturmado, depois foi ficando esquisito, a cocaína invadiu o Brasil, o mundo, sei lá, junto com o yuppismo e com as canetas Mont Blanc. Hoje, além do problema do vício, tem a tragédia social, tudo muito diferente da minha infância hippie. Sou a favor da revisão das leis sobre as drogas.
Você já tinha sido casada quatro vezes antes do Andrucha. E está com ele há dez anos. Será que, justamente por serem tão diferentes, se dão bem e conseguem ter um bom relacionamento?
Olha, casar mesmo, hoje em dia, fico achando que é com o pai dos filhos ou com alguém que você convive e agüenta depois de cruzar o cabo Horn do amor. Eu noivei muito, com o [jornalista Pedro] Bial, com o [ator] Lui Farias, com o [diretor] Toni Vanzolini e com o Gerald [Thomas], mas casar mesmo só com o Andrucha. Lembra do Tristão e Isolda? A poção durava de três a quatro anos, depois era com eles mesmo. Meus “casamentos” duravam no máximo quatro anos, bem o tempo de a surpresa amorosa acabar, começar a crise e a vontade de andar. Agora, depois de dez anos com o Andrucha, percebo que casamento é o que existe depois do entusiasmo.
Quem é a Fernanda que a gente não conhece, que faz coisas como alugar um vídeo na locadora, pipoca pro filho, levar na escola, ficar de bode e resolver não falar com ninguém? Existe?
Isso tudo que você descreveu é só, e somente só, o que eu sou. Me dedico totalmente ao ócio criativo e ao tempo com a minha família. Todo o resto vem a partir disso. Então não só levo meu filho à escola, levo pra escalar, pra caminhar. Fui surfar mal, na espuma, por conta dos dois deuses dos meus enteados, o João e o Pedro. Faço crochê, de vez em quando pinto, adoro cozinhar. E sou muito produtiva bestando: leio, escrevo, tenho uma preguiça infinita para a balada. Sou diurna, se deixar, durmo e acordo cada vez mais cedo, se deixar vou ficando em casa. Imagina se eu fosse casada com alguém igual a mim, metido em casa, casmurro, que gosta de ficar sozinho? Acho que daria um tiro na cabeça. O Andrucha me puxa para a vida. É um idiota onde eu sou gênia e um gênio onde eu não passo de uma energúmena. A gente se completa muito, embora, de vez em quando, um tenha vontade de atirar o outro pela janela.
E o que você faz quando bate a vontade de atirar?
Lembro da frase do Caetano, “de perto ninguém é normal”. Li, outro dia, que o bom relacionamento requer independência, uma boa distância, alguma irritação e nenhum papinho sobre a relação. O Andrucha cortou todo e qualquer papo de relação. Antes dele eu era cheia de querer ter esses papos, de estou me sentindo assim ou assado. Como ele simplesmente não tem paciência pra isso, me tirou de uma grande fonte de lamentação. Me ensinou a agir em vez de ficar remoendo. Me curou de muita coisa e acho que eu o ajudei no lado suicida.
Ele fuma muito, não? Como vocês convivem com as diferenças?
Meu casamento com o Andrucha, quando eu vejo, é igual a todos. Todo mundo quando casa tem a ilusão de que são almas gêmeas. A diferença é que o Andrucha e eu, quando casamos, a gente já sabia que não tinha nada a ver um com o outro. Hoje, acho o meu casamento muito parecido com todos, mas nós sabemos que não somos iguais e não necessariamente gostamos das mesmas coisas.
Mas ele não é nada caseiro, é?
Isso é engraçado. Quando a gente casou, eu tinha uma vida muito mais bandoleira do que ele. Ele tinha dois filhos, uma casa, cozinheira, era todo certinho. E eu estava pelo mundo há 15 anos. Então ele me deu família, uma coisa que um homem mais velho daria a uma mulher mais nova, e ele tinha só 26 anos. E eu, 31.
E quando ele acende um cigarro na sua frente?
Mando fumar na varanda, e ele vai. Você tem que reconhecer a diferença no outro. Hoje em dia, se você está casado, é porque gosta de verdade, porque todo mundo pode terminar a qualquer hora. É uma coisa estranhíssima, uma conta diária, saber se vale a pena ou não. As pessoas são livres para interromper.
Você fala com seu filho sobre isso?
Eu falo muito com ele sobre cigarro. Porque o Andrucha fuma, eu não fumo, então ele tem isso na cabeça. Eu disse a ele: “Olha, vão te oferecer, esse troço vicia, e o vício é uma escravidão. Você não vai conseguir se libertar”. Aí ele pergunta: “Mas quando vicia? É em uma vez? Duas?”. Eu digo: “É rápido. Quando eu fumo em cena, no dia seguinte já tenho vontade de chegar naquela cena. É uma coisa muito esquisita, Joaquim. Então, lembra dessa conversa e tenta não cair na onda”. É o máximo que você pode fazer por um filho. Porque você não vai viver a vida por ele.
A liberdade é uma ilusão?
A liberdade não existe. Hoje, tudo é como pode não ser. Mas olha que piração: Deus me livre da liberdade por um lado. E, por outro, quero poder exercê-la.
A gente é dessa geração anos 80, tão criticada por nunca ter feito muita coisa da vida, por não ter sido inquieta. Isso incomoda?
Olha, eu vivi com essa culpa por anos e anos. Cresci com o pessoal me dizendo que o bom tinha sido até 70, com o Lennon cantando que o sonho tinha acabado, foram muitos anos de complexos por isso. Aí eu me lembro que, de tanta raiva disso, quando vieram os yuppies, eu falei: “Graças a Deus que não tem mais hippie”. Fiquei com bode dos hippies, porque era uma catequese de que nada existiria depois da suprema revolução comportamental dos anos 60 e 70.
E aí você assumiu a sua geração com um certo orgulho?
Quando vieram os yuppies, negando esses valores violentamente, quando a gente passou a dar importância a esse tipo de coisa, veio junto uma revolução cultural e, com ela, o rock brasileiro: Paralamas, Cazuza, Legião, e a gente começou a ter cara. Os 80 foram incríveis: androginia, new wave. Talking Heads, Caetano fez discos simplesmente inacreditáveis...
O que você carrega dessa fase? Outro dia estava descendo a serra de Teresópolis com o Andrucha e a gente se tocou que não tinha levado nenhum CD. Aí eu disse: “Liga o rádio aí”. Entrou na Paradiso, uma rádio do Rio, e a programação era: uma hora de Legião Urbana. Nossa! Nós descemos a serra, dessa vez com meu filho no carro, cantando feito malucos: “Somos soldaaados!”. Era uma música atrás da outra, de uma qualidade incrível. O grau de poesia do Renato [Russo]... o Renato é barra-pesada, e ele nasceu junto com a gente.
Quando acabou o yuppismo de fato?
Caiu com as Torres Gêmeas. Antes disso era o Clinton, os EUA vencedores supremos, os mocinhos do filme. O grande problema era o dito-cujo e a Lewinski. Mas a queda foi genial, cruel e diabólica. Aí o Bush bombardeia Bagdá, e o filme acaba com o Saddam sendo enforcado via satélite. Aquela coisa primitiva: corda, enforcamento... e tudo transmitido por satélite e gravado por celular. Que piração. E eu que achei que iam matar ele com um chip...
Você vê um corte de gerações aí?
Muito claro. A gente comecou a ficar velho ali.
Que tipo de criança você foi?
Eu era sapeca, mas de um jeito diferente, porque a minha casa não era muito esportiva. Cresci com meus primos, no subúrbio do Rio. E tinha umas coisas estranhas... Eu era dois anos mais nova do que meus colegas de escola. Então, durante muito tempo, me senti ameaçada pela sociedade em volta de mim.
Como assim?
Toda a minha família era do subúrbio, e eu era a única prima que morava na zona sul. E convivia com meninas dois anos mais velhas, que eram da zona sul. Isso, com 7 anos. Hoje, vendo daqui, entendo por que me sentia estranha. A moral da zona sul era mais punk do que a moral da minha família. Eu vinha de uma sociedade mais tradicional e deparei com essa realidade de meninas de 13 anos que já transavam. E eu não era atlética, não tinha a turma do vôlei, essas coisas. Eu era uma pessoa em dúvida. Queria passar por aquilo rápido.
Por que você pulou um ano?
Eu me alfabetizei em casa, era essa época de colégio experimental. Quando entrei na escola, fui direto para o primeiro ano. O efeito que isso teve na minha vida foi incrível: todo mundo fazia tudo antes de mim: menstruava, transava, enlouquecia... Eu só me sentia bem com meus primos, na Tijuca e na Ilha do Governador. Essa coisa de zona sul me deixava amedrontada.
Você era uma estranha no ninho?
Era. Mas a fase mais difícil foi a do Centro Educacional da Lagoa, um trauma, um terror. Eram sete meninos e sete meninas na sala. Então, se você não se enquadrasse... Eu era amiga da Cuca, a líder suprema. Comecei ano como a melhor amiga, e fui caindo na cadeia alimentar de forma fenomenal. Foi tão violento que outro dia, saindo de uma apresentação, alguém me disse: “A Cuca, que estudou com você, ligou”. Fiquei com medo de retornar a ligação [risos].
Criança pode ser um bicho muito cruel, não?
Infância pode ser cruel. E, nessa época de colégio, esse negócio de crueldade era um pouco livre, sabe? Tipo: vamos deixar eles exercerem o que são livremente, que exercitem a própria crueldade.
Quando passou essa sensação de estranha no ninho?
Eu me lembro que na sétima série eu acordei pra vida, e aí ficou bom. Acho que a diferença de idade passou a não pegar tanto. Na oitava, comecei a fazer teatro, e aí me encontrei mesmo. Com 13 anos eu disse: “Vou ser atriz”.
Como você pode saber, aos 13, o que quer da vida?
Ah, é uma espécie de psicopatia, né? Mas por outro lado é libertador, porque é só ir em frente. Só com 30 anos eu tive uma luz e pensei que, na verdade, poderia ter feito outra coisa da vida.
Desde quando essa veia bateu?
Não sei, mas lembro que, bem pequena, a coisa que mais gostava de fazer era, em casa, sentar na mesa da sala para ver meus pais ensaiarem. Eles faziam aquilo com muita paixão, então fazer aquilo sempre me atraiu.
Você nem tentou entrar na faculdade?
Claro que sim. Eu fiz vestibular para a faculdade de escultura [risos].
E você já esculpiu alguma coisa na vida?
Nunca. Mas eu faço várias coisas: pinto, toco piano, desenho... Com um detalhe: faço tudo muito mal. Eu sempre tive essa vida interior farta [risos]. Mas nunca pisei na faculdade. Não tem melhor faculdade que a vida.