Fernanda Paes Leme
A atriz que não faz pose de mulherzinha, fala palavrão, ri alto e gosta de futebol
A atriz Fernanda Paes Leme não faz pose de mulherzinha. Ri alto, é direta, fala palavrão e gosta de futebol. Sem frescura, conquistou seu espaço na TV, no cinema e no Twitter – onde alcançou a incrível marca de 1 milhão de seguidores.
Sabe que entre as minhas amigas tenho fama de grossa?” Difícil acreditar que a atriz Fernanda Paes Leme, 28 anos, esteja falando a verdade. Afinal, Fê (logo tenho vontade de chamá-la pelo apelido) é uma daquelas garotas que em dois minutos deixam você à vontade. E até livre para alugá-la com perguntas.
Pois bem. Na véspera do encontro, a seleção brasileira havia sido desclassificada da Copa América depois de perder quatro pênaltis na partida contra o Paraguai. Sei que Fernanda tem fama de entender do assunto. E abuso: “Como a seleção pode jogar tão mal se os jogadores são bons?”. “Cara, acho assim: temos, sim, os melhores jogadores, mas cada um joga num lugar. É que nem o Messi, por exemplo, ele não fez nada na seleção argentina porque não tinha o [brasileiro] Daniel Alves, parceiro no Barcelona, para dar o passe. Fora isso, acho que eles estão muito badalados. Se preocupam muito com o cabelo, com a meia”, alfineta, antes de completar. “E o Mano [Menezes, técnico da seleção brasileira] vai cair”. Eu falo: “Mas li no jornal que por enquanto ele fica”. “Não, ele vai cair. É questão de tempo”, ela responde, com a certeza dos especialistas.
A certeza com que Fernanda opina não é por acaso. Ela é filha e neta de comentaristas esportivos. Hoje, seu pai, Álvaro José, comenta esportes olímpicos, mas foi repórter de campo, o que fez a filha tomar gosto pelo futebol – é torcedora fanática do São Paulo. “Ninguém acredita que uma mulher possa entender de futebol”, diz a menina, que tem amigos na área como Ronaldo Fenômeno e Neymar. Essa amizade,
segundo ela, também é vista com preconceito. “As pessoas acham estranho que a gente seja amigo. Parece que significa que vou ter alguma coisa com um deles. Já falaram até que eu tive um caso com o Neymar, vê se pode.”
Sim, falam muita coisa sobre Fernanda. Mas o fato é que ela namora sério “há menos de um mês” o lutador de artes marciais Gregor Gracie, 25 anos, que mora em Nova York e dá aulas de jiu-jítsu na academia da família, pioneira do esporte no Brasil. Ela se preparava para ficar um mês inteiro com ele. “Você não tem receio de passar tanto tempo junto, namorando há pouco tempo?”, pergunto. “Ah, não, quando começamos a namorar ele ficou morando lá em casa”, conta.
“Sabe o que odeio? Aquelas entrevistas que perguntam qual é o seu ‘segredinho de beleza’. Imagina se vou ficar misturando babosa com açúcar pra passar no cabelo. Será que alguém tem paciência para isso?”
Fernanda não é moça de frescuras. É direta. O oposto da mulherzinha que fala no diminutivo e vive de dieta. E talvez venha daí a tal fama de grossa que garante ter entre as amigas. Diz tudo na lata e solta palavrões durante a conversa. “Fico puta com amiga que cobra. Acredita que tenho amigas que têm medo de mim? Elas dizem que sou muito direta. Onde já se viu uma amiga ter medo da outra, que frescura!”
Não temos tempo a perder
Frescura parece mesmo não ser com ela. Enquanto a maquiavam para as fotos, ela pegava uma pinça e começava a arrancar pelos da sobrancelha. Mas não se diz vaidosa. “Você passa cremes, vai à dermatologista?” “Não, só às vezes”, diz, despertando sorrisos do maquiador. “Sabe o que odeio? Aquelas entrevistas que perguntam qual é o seu ‘segredinho de beleza’. As mulheres respondem: ‘Ah, tenho uma receita especial de chá de babosa para o cabelo’. Imagina se vou ficar em casa misturando babosa com açúcar pra passar no cabelo. Será que alguém tem paciência pra isso? E tempo?”, indaga.
Fernanda não tem mesmo tempo sobrando. Anda às voltas com a divulgação de Cilada.com, longa que protagoniza com o ator Bruno Mazzeo, e vem gravando uma minissérie na Globo (As brasileiras, sem previsão de estreia). Além disso, não dá um passo sem desgrudar de seu BlackBerry. Motivo: o Twitter. “Comecei de brincadeira e virou uma coisa quase séria”, diz. A moça é uma celebridade na rede social, com mais de 1 milhão de seguidores. De acordo com o site www.tweetrank.com.br, que mede popularidade, influência e os mais acessados do Brasil, Fernanda é a terceira mulher mais popular da rede (atrás de Sabrina Sato e Ivete Sangalo) e seu Twitter está em sexto no geral (Marco Luque, Pânico na TV e Rede Globo completam a lista). E, ainda segundo o www.twitaholic.com, Fernanda Paes Leme ocupa a 382ª posição no ranking mundial dos mais seguidos (pouco acima de Rubens Barrichello e do golfista norte-americano Tiger Woods).
Fernanda escreve o que vem à cabeça. Fala, claro, de futebol e gosta de narrar os jogos. “É engraçado, não pensei que as pessoas fossem gostar. Não sou a atriz mais famosa nem a cantora mais famosa, mas sou a atriz que mais tem seguidores no Twitter”, constata. E conclui: “Acho que gostam porque sou espontânea, nunca dei brindes, presentes para alguém me seguir, por exemplo. Nunca paro para valorizar as coisas que faço, não costumo achar nada ‘incrível’”.
A @fepaesleme, como todo mundo que está no Twitter, também se mete em polêmica. A mais famosa envolve seus amigos Ronaldo e Neymar. Num almoço com o Fenômeno, comentou que ia ao ar naquela noite uma cena de sexo dela na novela Insensato coração: “Ele tuitou e o Neymar retuitou. Foi brincadeira de amigo. Respondi dando uma bronca neles, mas bronca de brincadeira!”, ri Fernanda.
Mas ela é, de fato, um sucesso danado entre os homens. “A Fernanda Paes Leme é a maior gostosa”, ouvi de muitos deles. E sua gostosice é confirmada em números. Em 2005, Fernanda foi capa da edição especial de fim de ano da Playboy, com venda de 314 mil exemplares. Até hoje, suas fotos provocam suspiros e a revista é disputada como item de colecionador em leilões da internet. Também já posou para a Vip, em 2007, e para o site Papparazzi. Mas não pensa em repetir a dose. “Foi legal, comprei meu apartamento”, fala, rindo. “Mas agora não sou a fim de fazer.” Ponto.
Fama e anonimato
Os sites de celebridades chegaram a anunciar que ela posaria de novo devido ao sucesso de Irene, de Insensato coração. A personagem, meio sem ética, se tornou querida pelo público. Para quem não assiste: ela era apaixonada pelo mocinho, Pedro, e morreu atropelada (grávida!) pelo irmão dele, o vilão Léo. “A morte dela foi incrível. Sabe o que senti com aquilo? A morte lhe cai bem”, ela diz, se referindo ao filme clássico de terror. Mas... como assim? “Todo mundo adorou a cena da morte. As pessoas que não gostavam da personagem, que achavam ela maléfica, ficaram com pena. A morte me caiu superbem!”, brinca.
E a personagem também. Tanto que ela já pensa em fazer novela de novo. Contrariando a ladainha comum aos atores da Globo, que sonham com uma minissérie de “autor”, Fernanda é sincera: “Quero fazer novela. Como a minha personagem saiu antes do fim, fiquei com gostinho de quero mais”. O lado negativo desse plano ela conhece bem: os paparazzi, que já a perseguem. E muito.
Dando um Google, é possível encontrar: “Fê Paes Leme fumando”, “Fê Paes Leme troca carícias com o novo namorado” e por aí vai. E ela se incomoda: “É muito chato. Teve um dia que fui em três lugares, sendo um deles para deixar um cheque de caridade. No dia seguinte, estava lá: ‘Fernanda Paes Leme cai na balada’. Chego a fazer contas. Se tem uma festa, penso: ‘Vou deixar para ir na outra porque não quero ser fotografada duas vezes seguidas’. Olha que coisa maluca”, desabafa.
“Acho que gostam porque sou espontânea. Não sou a atriz mais famosa nem a cantora mais famosa. Mas sou a atriz que mais tem seguidores no Twittter”
Mesmo assim, essa paulistana que mudou para o Rio de Janeiro sozinha, aos 18 anos, para fazer o seriado Sandy & Júnior, sua estreia na TV, se diz completamente adaptada ao Rio. “No começo odiava, meu namorado morava em São Paulo e eu vinha todo fim de semana para cá, mesmo que fosse de ônibus. Hoje adoro, tenho uma turma de amigas que todo mundo chama de “as garotas da Gávea”, conta. Essas melhores amigas não são atrizes, assim como as amigas de infância que mantém em São Paulo.
Essas conhecem a Fernanda que queria ser jogadora de vôlei, mas que não cresceu o suficiente (tem 1,62 metro de altura) para tal. Como não dava para ser a “nova Fernanda Venturini”, a filha de pais separados de classe média, aos 15 anos, pediu para ser atriz e entrou em Sandy & Júnior. “No início a gente gravava em Campinas [interior de São Paulo] e teve uma fase que todo mundo resolveu morar lá, no mesmo prédio, tinha o Paulinho Vilhena, era uma bagunça”, conta.
Temos nosso próprio tempo
Nessa época, Fê se vestia, segundo ela, “como maloqueira”. Leia-se: calça larga e gorros rastafári na cabeça. “A Sandy devia ficar até assustada”, brinca. Mas, quem diria, foi o seriado que fez com que ela tomasse gosto por “coisas de menina”. “A minha personagem era patricinha, então eu fazia chapinha, usava salto. E acabava indo para a balada desse jeito. Foi quando percebi que aí os meninos me davam bola”, lembra. Até então, Fernanda Paes Leme passava despercebida nas festinhas. E assim, mais uma vez, mostra que é humana, demasiadamente humana.
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Imagem principal: Murilo Meirelles